Ex Improviso

Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Thursday, April 28, 2005

Reminiscências



"...Lisboa, Santarém, Porto, Leiria..."
(eu sabia de cor toda a geografia)
O Senhor Inspector
deu-me a nota mais alta em geografia
e disse gravemente:
- "Continua. Hás-de ser gente..."
"Ângulo recto, agudo,
cateto, hipotenusa...
(já manchara de giz a minha blusa
mas respondia a tudo
e a professora sorria
enquanto eu papagueava a geometria)
"...D.Sancho, o Povoador...
D.Dinis, o Lavrador...
(Tinha então boa memória,
sabia as datas da história...)
1580
1640
1143
em Arcos de Valdevez...
(Muito bem, sim senhor!
A pequena é simpática)
E depois, em voz alta, o senhor Inspector:
- Vamos à gramática." -
"...E, nem, não só, mas também...
conjunções copulativas"
(Eu pensava na alegria
que ia dar a minha mãe,
nas frases admirativas
da velha D.Maria,
a minha primeira mestra:
- Tão novinha e ficou "bem"!" -
e esta suavíssima orquestra
acompanhava em surdina
o meu primeiro exame de menina
aplicada, orgulhosa e inteligente...)
- "Vá ao quadro, menina! Docilmente
fiz os problemas, dividi fracções,
disse as regras das quatro operações
e finalmente
O Senhor Inspector felicitou-me,
quis saber o meu nome
e declarou-me
que ficara "distinta" sem favor.
Ah! que esplendor!
Que alegria total e sem mistura,
que orgulho, que vaidade!
Olhei de frente o sol e a claridade
não me cegou, julguei-a quase escura...
As estrelas, fitei-as como iguais.
Melhor: como rivais...
E a Humanidade
pareceu-me um rebanho sem vontade,
uma vasta colónia de formigas...
(As minhas pobres, tímidas amigas!)
Pouco depois, em casa, a testa em fogo, o olhar em brasa,
gritei num desafio
à terra, ao céu, ao mar, ao rio:
- "O mãe, eu já sei tudo!"
No seu olhar tranquilo de veludo,
no seu olhar profundo,
que era todo o meu mundo,
passou uma ironia tão velada,
uma ironia
tão funda, tão calada,
que ainda hoje murmuro cada dia:
"-O mãe, eu não sei nada!..."


de Fernanda de Castro in Trinta e nove poemas (1941)

Monday, April 25, 2005

O Governo do Povo



Já são passados 30 anos sobre a Revolução de 25 de Abril de 1974.
Muita coisa mudou para melhor no nosso país. Sem Dúvida. Ainda assim, muitos direitos e muitos deveres ficam por cumprir na democracia portuguesa.
Quando muda um governo, espero que algo mude para melhor. No entanto, verifico que só mudaram as moscas e tudo continua , praticamente na mesma.

Leonor

Friday, April 22, 2005

Choraquelogobebes

"É proibída a entrada a quem não andar espantado de existir"


Quem começa nos meandros da literatura portuguesa logo se depara com a poesia e a prosa de José Gomes Ferreira, acompanhando-as para sempre. Nascido no Porto, conhecido como O Poeta Militante ou O Operário das Palavras, José Gomes Ferreira publicou em 1963 “as Aventuras de João Sem Medo”, o que, segundo o próprio autor, são um “divertimento escrito por quem sempre sonhou conservar a criança bem viva no homem”.


A poesia do romance começa logo na dedicatória aos seus dois filhos, grande louvor ao Homem:
“Para ti Raul José, homem há muito e homem autêntico que aprendeste à tua custa que a verdadeira coragem é a força do coração (…) para ti , Alexandre, ainda criança, mas já com todas as tendências para não te tornares num desses falsos adultos que sujam o mundo e odeiam a imaginação.”


Este “panfleto mágico em forma de romance” foi escrito, portanto para a juventude. Mas o que à primeira vista é apenas uma recreação literária serve também de folheto escrito em estilo satírico ao Portugal do fascismo com o seu atraso em relação ao resto do mundo europeu.
João vive em Chora que logo bebes e farto da humidade e bolor provocados pela choradeira dos seus vizinhos decide saltar o Muro que lhe dá entrada a um mundo diferente que o espanta. É sempre irónico, única forma de que dispõe para sobreviver às mentalidades lamurientas da sua aldeia. E nunca tem medo. Finge que nunca tem medo. Na sua aventura, João descobre a verdade e no fim pretende regressar, capaz de todas as revoluções, não conseguindo, todavia, ser mais do que um combatente.


Voltando à leitura dirigida para a infância, João é o herói ideal que mostra à criança que o medo é um sentimento presente em todos nós mas que pode ser ludibriado. João ultrapassa todos os obstáculos que lhe surgem na frente da maneira que ele acha adequada e não da maneira que os outros lhe sugerem, lembrando um pouco “Eu não vou por aí” in O Cântico Negro de José Régio.
Prestes a abandonar a sua aventura e a regressar à sua aldeia João pergunta ao guarda do Muro – Posso voltar sempre que quiser?



Como é que não poderias voltar João? - pergunto eu - Agora que conheces o mundo dos sonhos vais e voltas sempre que quiseres.

Leonor


Wednesday, April 20, 2005

Respondendo à Cadeia



Nesta altura do campeonato já quase todos os blogs foram apanhados nesta corrente. Quem se lembrou de a fazer teve uma ideia interessante, movimentando uma série de gente e dando um momento divertido.
Um beijinho para a Manuela do Blog da Pimentinha que me passou o testemunho.
Aqui vão as perguntas com as respectivas respostas.


1- Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro querias ser?

Uiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii! Tantos!
Sou um depósito de histórias, tanto dos outros como minhas. Mas se eu tenho de escolher só um… decididamente, O guardador de rebanhos de Alberto Caeiro.


2- Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por uma personagem de ficção?

Muitas vezes. Tanto pelos heróis como pelos adversários (acho o capitão Hook do Peter Pan, o máximo. Mau como as cobras).

Mas, decididamente… Miss Marple de Agatha Christie.


3- Qual o último livro que compraste?

Alice nos país das maravilhas da Gailivro. Eu explico: abrimos o livro e página a página erguem-se florestas frondosas,coelhos que correm, meninas que se afundam em poços… adorável.


4- Qual o último livro que leste?

Jesus na fogueira de Catherine Clément. Uma visão mais terrena da vida de Jesus, simultaneamente lúdica e séria.


5- Que livro estás a ler?

Código Davinci, pois claro.
Contudo… todavia… ainda assim… há três meses que abro o livro, leio uma linha e fecho-o logo de seguida. Portanto há três meses que vagueio pelo museu à volta do cadáver.


6- Que livros (cinco) levarias para uma ilha deserta?

Nãooooooooooooooooo! Só cinco?????????????????????
Vá láaaaaaaaaaaaaa…

Bom! Mas se tem de ser! Cinco! Ok!

Decididamente…

Aventuras de João sem medo de José gomes ferreira
Em busca de um mundo melhor de Karl Popper
Graças e desgraças de el rei tadinho de Alice vieira
Os livros de poemas de António Gedeão
Um dicionário para não me esquecer dos vários sinónimos das palavras e cair na pasmaceira de dizer sempre a mesma.
Um manual de instruções que me ligasse o computador à energia solar.

e….e….e…

resmas de papel e dúzias de canetas para eu passar o tempo, escrevendo a mais linda história de amor tipo… sei lá… qualquer coisa como… “Um segredo só nosso como a nossa música”.


7- A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e porquê?


Passo o testemunho a

(todos linkados no meu blog. É só olharem para o vosso lado esquerdo)

Betty Branco Martins do Fragmentos

Isa Xana do Lápis e Papel

Daniel do Humores

Porque os três têm um pé na terra e outro no sonho e têm valorizado o Ex Improviso com a sua presença assídua.

Olhem, parece fácil, mas quando chegarem à escolha dos livros... vão ver o que é bom para a tosse.

Leonor

Monday, April 18, 2005

Escolaridade obrigatória




É difícil para um professor desligar-se da escola quando toca para a saída. Já tentei arrumá-la na gaveta depois do horário lectivo mas não consigo. Trago-a para casa, para a casa dos meus amigos e quando menos conto lá estou a falar dos meus alunos.


A escola é o caderno com as pontas viradas para cima, é o pó de giz nos dedos, a corrida constante de grupinhos para afiar o lápis, a borracha perdida no chão a querer marchar porta fora para o recreio… é o convívio na sala de professores, os colegas novos que chegam naquele ano e depois partem para outras paragens e nunca mais são vistos, são os conselhos escolares feitos todos os meses, as actas de várias páginas sobre as avaliações... é a relação de amizade entre professor e aluno estabelecida pela partilha de cinco horas cinco dias por semana… a apreensão de diferentes temperamentos, tanto do lado que ensina como do lado que aprende.

Todavia, a escola não é um mar de rosas de pétalas aveludadas e odor inebriante. É também a incompatibilidade do professor com alguns alunos emocionalmente instáveis, tão instáveis que nunca sabemos a sua reacção no momento seguinte.

Sou professora do 1º ciclo numa escola situada numa zona estigmatizada pelo nome e pela paisagem árida de recursos económicos e de afectos, rodeada de caixotes habitacionais de cores desmaiadas manchadas pelo bolor que enegrecem a alma de quem lá mora e de quem lá passa.

A minha turma é constituída por alunos cujas idades vão dos quinze aos sete anos de idade. Os mais velhos têm dificuldades de aprendizagem graves e estão há vários anos no 2º ano. Os mais novos entraram para a escola o ano passado. Controlar o fascínio dos pequenos pela falta de regras dos colegas repetentes de modo a não repeti-las é um exercício de estratégia tendo em vista a utilização adequada dos meios de coacção psicológica traduzida quase sempre no grande murro em cima da secretária. O barulho inesperado assusta-lhes os insultos que proferem uns aos outros, ficando entupidos nos ouvidos e nas gargantas. Só a minha mão chia por várias horas.

Não sou uma professora exemplar na acepção que os sucessivos ministérios da educação querem que eu adopte. Fui formada nas pedagogias e não nas psicologias. Eu passo o saber académico do aeiou e o saber empírico do meu ser e estar no mundo. Não consigo realizar-me no meu trabalho se passo o dia na sala de aula a conter comportamentos desviantes.

O governo de José Sócrates pretende alargar a escolaridade obrigatória para os dezoito anos de idade. Isso quer dizer que vamos ter na mesma sala miúdos no seu projecto adolescente de hormonas desequilibradas juntamente com miúdos em idade infantil?

Termino abruptamente com a pergunta que espero não ser retórica. Sem mais assunto, assumo a minha incompetência de lidar com tal situação para a qual não me sinto minimamente vocacionada.

Leonor

Friday, April 15, 2005

Viver cada momento

Wednesday, April 13, 2005

Quando eu for grande


Logo no primeiro dia de aulas pergunto aos miúdos sobre a sua identidade, sobre a composição da sua família e, o mais importante, o que querem ser quando forem grandes. O que é uma forma de questioná-los sobre as grandes incógnitas da nossa existência, quem sou eu, de onde vim e para onde vou, numa forma menos filosófica.

Certo dia, conheci um miúdo com uma capacidade oratória, um saber estar e um saber ser fabulosos. Não resisti e perguntei-lhe: o que queres ser quando fores grande?
Não se precipitou na resposta. Por fim respondeu: quando for grande quero praticar o bem.

Estremeci. Fui apanhada nas redes de uma argumentação Kantiana.
E o que é o bem? ( já agora…. queria saber qual era a sua ideia).
O Bem é a justiça, respondeu, algo confuso por eu querer saber uma coisa tão óbvia.

Claro! Como é que eu ainda não sabia uma coisa daquelas? A conversa terminou por ali. O seu enfado era mais que evidente. Comigo, a conversa não passaria do “chove mas não molha”.

Entretanto, ano e mais ano, ele mudou-se com a família para outras paragens, curtas no espaço mas longe das minhas trajectórias, e deixei de o ver. Anos mais tarde encontrei a avó. E perguntei: O seu neto?
O meu neto é juiz, respondeu a senhora.
Lembrei-me "Quando for grande quero praticar o bem".

Leonor

Monday, April 11, 2005

Receita para fazer uma cidade


A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra no século XVIII introduziu no mundo a máquina a vapor, revolucionando todo o sistema de produção a nível mundial.Foi uma revolução tecnológica, sócio-económica e cultural.
O consumismo excessivo de matérias primas consequente da Revolução alterou para sempre a vida económica das nações. Alterou para sempre o equilíbrio do nosso planeta.Na América, no inicio do século IXX havia uma ou duas clareiras no meio de florestas densas. No inicio do século XX havia uma ou duas árvores no meio de clareiras extensas.
Deram-se grandes avanços nas comunicações. Mas...
Apareceram os bairros da lata…Apareceram fábricas enormes…Apareceram mares poluídos…Apareceram buracos no céu…



Receita Para Fazer Uma Cidade


Tomem-se alguns caixotes de cimento com pequenas aberturas e coloquem-se lado a lado, formando pequenos conjuntos onde caibam pequenas famílias (mas não os sonhos respectivos).

Sobreponham-se então muitos conjuntos de caixotes sempre iguais até atingir alturas reservadas às aves.

Para cada quinhentos conjuntos de caixotes, tenha-se o cuidado de abrir uma pequena clareira de relva, habitada de alguns arbustos, insectos e pouco mais.

Preencham-se os conjuntos inferiores com locais de venda de coisas enlatadas. Enfeitem-se exteriormente os conjuntos dos caixotes com mosaicos de cor viva, a gosto;

dispersos pelos andares, alguns vasos de flores, talvez uma gaiola com um canário. Por dentro, bibelots e uma funda agonia devem bastar. Sirva-se gelada.

Se se pretender uma versão muito mais em conta, substituem-se os caixotes de cimento por outros de velhas tábuas ou latas, reduzam-se as dimensões, omitam-se os elementos, acrescente-se quanto baste de ratos, pulgas e miséria.

A servir, podendo ser, ainda mais gelada.


de José do Carmo

Friday, April 08, 2005

Cigarras e Formigas


Todos nós conhecemos a fábula da Cigarra e da Formiga.
A cigarra é um insecto nocivo à agricultura e produtor de sons estridentes, na opinião de muitos mas não na minha, que me delicia ouvir aquele cri cri, principalmente ao fim de tarde, começo de noite morninha. A formiga é um insecto de curiosos instintos sociais, pertencente a um grande número de espécies, algumas das quais nocivas também.

Seja como for, se estes insectos são nocivos ou não, o planeta lá sabe e, na devida altura, se isso for necessário, saberá dar-lhes o desbaste. Não é isso que está agora em causa.

A fábula diz-nos – eu já sei que vocês sabem, mas deixem-me lá escrever um bocadinho que eu gosto – que a formiguinha, coitadinha, trabalhou o Verão todo para ter de comer no Inverno. Nada de cinemas, praias, e outros lazeres afins. Foi só o dever, o dever, o dever…
A cigarra, pelo contrário, trabalhar está quieto, porque que tinha de pôr as cantorias em dia. Afinar a voz e a viola dá trabalho. Escolher as músicas e as letras também. Não pensem que ser artista é só prazer, prazer, prazer…
Quando o Inverno se aproxima a cigarra não tem o que comer e lembra-se da formiga que como trabalhou tanto deve ter a despensa recheada de miolo de pão. A formiga, decisiva, terminante, peremptória, diz: NÃO.

Conto esta fábula, não propriamente na Hora do Conto, mas, particularmente, na Hora da Formação Cívica exigida pelo programa educativo do 1º ciclo, se bem que formação cívica dou eu a toda a hora sem precisar de a mencionar na planificação da aula.

Pergunto aos alunos o que fariam no lugar da formiga. Negavam a comida à cigarra? Pensem que em vez da cigarra é um amigo vosso…
- Ajudávamos.
- Yah!

Pergunto aos alunos se a atitude da cigarra é justa. Não se prevenir para os momentos de aflição, contando com o auxílio dos outros…
- Olhaaaaaa!
- Trabalhasse!

A turma nunca se dividiu em facções nas respostas. Os mesmos que eram contra a formiga também eram a favor dela. Assim como tinham pena da cigarra e, ao mesmo tempo, vontade lhe dar uma tareia.

Ah! La Fontaine, do que te foste lembrar…
- Vamos dar uma oportunidade à cigarra? – pergunto.
- Simmmmmmmmmmmm.
- E se ela voltar a falhar?
- (…)!!!!!!!!!!!???????????

Moral da história:
Que moral? Não consigo falar em moral.! Cada qual tem a sua moral.
Lançei o barro à parede. O resto é com eles.


A Cigarra e a Formiga (de João de Barros)


Cantiga das Formigas

1,2,3 sacos de farinha
4,5,6 sacos de feijão
Trabalhando, Dona Formiguinha
Vai enchendo aos poucos seu porão


Cantiga da Cigarra

Sou feliz,
Cigarra cantadeira
Canto a vida,
canto a luz
Pois quem canta,
canta a vida inteira
Torna os sonhos mais azuis
De que vale um tesouro
Junto às flores do arrebol?
Quem quiser que junte todo o ouro
Eu prefiro a luz do sol



"Eu acho que tem razão,
Minha Cigarra querida.
Vivo juntando mil coisas
E desperdiçando a vida.
Quem trabalha como nós
Dia e noite, noite e dia
Precisa de vez em quando
De quem lhe traga alegria! " - dizem as formigas, hoje em dia.

Tuesday, April 05, 2005

Noite Estrelada

Noite Estrelada de Van Gogh



Olhando as Estrelas

E quando olho no céu arder as estrelas
Digo pensando para mim:
Para quê tantas candeias?
Que faz o ar infinito
E aquele profundo infinito sereno?
Que quer dizer esta solidão imensa?
E eu que sou?


de G. Leopardi in Canto nottuno di un pastore errante dell’ Ásia

Sunday, April 03, 2005

Na Capela Sistina


Não lamento a perda do representante da Igreja Católica.

Lamento sim, imenso, a perda de uma grande pessoa humana capaz do amor sublime, equivalente à redentora ascensão do espírito através do corpo. Até ao último momento da sua grave doença Karol Wojtyla, nunca desistiu de amar quem se propôs amar nesta vida.

Á semelhança dos últimos dias, também há vinte e poucos anos, quando João Paulo II assumiu o pontificado, passou na TV a biografia dele até então.

Lembro-me, particularmente de um pormenor dessa biografia que nunca mais esqueci.

Um dia, João Paulo II, ainda cardeal em Cracóvia, precisou de visitar um bispo, do qual não me lembro o nome.
Logo à entrada da residência do bispo encontra um homem, vestido de camisa e calças um pouco sujas, a tratar dos canteiros de flores e pergunta:
- Procuro o bispo de….
- Sou eu - respondeu o homem agachado com o sacho na mão.
Wojtyla riu-se e respondeu.
- Se você é o bispo eu sou o Papa.
E sem querer, supostamente sem querer, acertou no seu destino.

Leonor