Lá no alto com as estrelas
Gosto de entrar cedo na escola. De fazer café e encher a sala dos professores com aquele aroma delicioso. Gota a gota , o líquido escuro cai no jarro de vidro, antecipando o prazer de uma bebida quentinha, a primeira de muitas que aquecerão mais um dia frio de Inverno. Encho duas chávenas de café. Uma para mim e outra para a Amélia.
-Será que a Isabel já chegou? – pergunto-lhe.
-Não sei. Ainda não a vi passar para cima. – responde a minha colega.
Bebo o café e dirijo-me ao primeiro andar. A porta da sala está aberta e espreito para dentro. Isabel ainda não chegou.
Toca a campainha para a entrada e sou apanhada na avalanche dos miúdos dela a subirem as escadas. Páro. Sofro alguns encontrões. Apanho uma aberta e arrisco o avanço. O meu pé falha um degrau e vrummmmmmm, aí vou eu pela escada abaixo. O meu telemóvel, pensou que era uma nova brincadeira e, afoito, saltou do meu bolso e desceu mais escadas do que eu. A parede travou o meu voo na parte superior do meu crânio.
Estendida no chão tive a visão de mais dois planetas na nossa galáxia. E contei à vontade, num ápice de segundos, mais de trezentas estrelas. Azuis. Todas novas. Vendo-me prostrada no chão, rapidamente os miúdos foram procurar ajuda.
Entrei na sala quase de rastos. Percebi Freinet. Quando, ferido por estilhaços de guerra, não consegue exercer a profissão de professor como antes, e descobre o método do aprender, fazendo, ou seja, põe os miúdos a fazerem eles próprios o trabalho que ele não consegue fazer sem se cansar.
Lembrando o grande pedagogo… fiz o mesmo. Joana é a mais expedita. Ela dá a aula. Já me viu muitas vezes a ler o texto, a mandar ler o texto, a orientar a resposta completa. Mais a mais, quer ser professora. Imita-me nos pequenos pormenores, lembrando-me que tenho de corrigir alguns tiques.
No almoço com as minhas colegas, a Teresa conta-me que os pequeninos dela de três anos disseram-lhe que uma professora caiu nas escadas. Que professora? A professora de cima, disseram alguns. Não. Foi a professora cá debaixo, disseram outros, porque vinha a descer as escadas e ficou virada para baixo.
Pequenos na altura mas grandes na lógica.
da Leonor
-Será que a Isabel já chegou? – pergunto-lhe.
-Não sei. Ainda não a vi passar para cima. – responde a minha colega.
Bebo o café e dirijo-me ao primeiro andar. A porta da sala está aberta e espreito para dentro. Isabel ainda não chegou.
Toca a campainha para a entrada e sou apanhada na avalanche dos miúdos dela a subirem as escadas. Páro. Sofro alguns encontrões. Apanho uma aberta e arrisco o avanço. O meu pé falha um degrau e vrummmmmmm, aí vou eu pela escada abaixo. O meu telemóvel, pensou que era uma nova brincadeira e, afoito, saltou do meu bolso e desceu mais escadas do que eu. A parede travou o meu voo na parte superior do meu crânio.
Estendida no chão tive a visão de mais dois planetas na nossa galáxia. E contei à vontade, num ápice de segundos, mais de trezentas estrelas. Azuis. Todas novas. Vendo-me prostrada no chão, rapidamente os miúdos foram procurar ajuda.
Entrei na sala quase de rastos. Percebi Freinet. Quando, ferido por estilhaços de guerra, não consegue exercer a profissão de professor como antes, e descobre o método do aprender, fazendo, ou seja, põe os miúdos a fazerem eles próprios o trabalho que ele não consegue fazer sem se cansar.
Lembrando o grande pedagogo… fiz o mesmo. Joana é a mais expedita. Ela dá a aula. Já me viu muitas vezes a ler o texto, a mandar ler o texto, a orientar a resposta completa. Mais a mais, quer ser professora. Imita-me nos pequenos pormenores, lembrando-me que tenho de corrigir alguns tiques.
No almoço com as minhas colegas, a Teresa conta-me que os pequeninos dela de três anos disseram-lhe que uma professora caiu nas escadas. Que professora? A professora de cima, disseram alguns. Não. Foi a professora cá debaixo, disseram outros, porque vinha a descer as escadas e ficou virada para baixo.
Pequenos na altura mas grandes na lógica.
da Leonor