Lugar Cativo
De um modo geral, as minhas primeiras vezes caracterizam-se pela experiência do pensado “se calhar é por aqui”. Contudo, nunca calha por ali. É sempre pelo outro lado.
E eu sabendo, pela experiência repetida, poderia enganar o jogo: se eu penso que é por aqui e sabendo sempre que me engano então vou por ali. No entanto, quando assim faço, o caminho certo continua sempre a ser o outro. Decididamente, encontro-me num beco sem saída onde forças poderosas se divertem comigo.
Sou fiel ao lugar quando o encontro. Ao lugar no barco, no comboio, na camioneta, no cinema, no restaurante. Toda a gente é. Depois de uma vez ocupado ele torna-se um direito consuetudinário.
Entro no comboio. Por norma, nunca na primeira ou na última carruagem. São as que amassam mais quando chocam com algo estranho na linha, outro comboio por exemplo. Escolho um banco ao canto da carruagem ainda vazia, sentando-me no canto do banco, à janela. Fecho os olhos para aproveitar o resto de sono arrancado da cama por um despertador de toque cruel há três quartos de hora.
Subitamente, uma onda de energia invade a pequena carruagem, ficando quase cheia. Teenagers de ambos os sexos fazem a sua aparição. Riem, cantam… oito horas da manhã… eu também fui assim?
Alguns lêem o jornal, o Destak ou o Metro, distribuído gratuitamente à saída do barco. Prendem-se nalgumas leituras. Comentam-nas em alto e bom som. Afinal os jovens lêem os jornais. Quando são dados. O horóscopo nunca falha. A leitura do horóscopo significa que todo o resto impresso naquelas folhas fedorentas já não tem interesse. E depois do horóscopo dos Capricórnios, caranguejos e virgens surge a brincadeira do jornal voador. O canudo de papel transforma-se numa bola de ténis entre várias raquetes. Bate em mim. Silêncio. O altifalante anuncia a minha estação. Levanto-me e coloco o jornal debaixo do braço. A porta abre-se e num relance atiro o jornal para o meio dos miúdos. Palmas e gritos de satisfação.
No outro dia vejo a carruagem ocupada. Vêem-me a passar. Batem na janela. Sorrio e sigo para outra carruagem já meio cheia. Há um banco por ocupar lá ao canto. Sento-me ao canto do banco, á janela.
E eu sabendo, pela experiência repetida, poderia enganar o jogo: se eu penso que é por aqui e sabendo sempre que me engano então vou por ali. No entanto, quando assim faço, o caminho certo continua sempre a ser o outro. Decididamente, encontro-me num beco sem saída onde forças poderosas se divertem comigo.
Sou fiel ao lugar quando o encontro. Ao lugar no barco, no comboio, na camioneta, no cinema, no restaurante. Toda a gente é. Depois de uma vez ocupado ele torna-se um direito consuetudinário.
Entro no comboio. Por norma, nunca na primeira ou na última carruagem. São as que amassam mais quando chocam com algo estranho na linha, outro comboio por exemplo. Escolho um banco ao canto da carruagem ainda vazia, sentando-me no canto do banco, à janela. Fecho os olhos para aproveitar o resto de sono arrancado da cama por um despertador de toque cruel há três quartos de hora.
Subitamente, uma onda de energia invade a pequena carruagem, ficando quase cheia. Teenagers de ambos os sexos fazem a sua aparição. Riem, cantam… oito horas da manhã… eu também fui assim?
Alguns lêem o jornal, o Destak ou o Metro, distribuído gratuitamente à saída do barco. Prendem-se nalgumas leituras. Comentam-nas em alto e bom som. Afinal os jovens lêem os jornais. Quando são dados. O horóscopo nunca falha. A leitura do horóscopo significa que todo o resto impresso naquelas folhas fedorentas já não tem interesse. E depois do horóscopo dos Capricórnios, caranguejos e virgens surge a brincadeira do jornal voador. O canudo de papel transforma-se numa bola de ténis entre várias raquetes. Bate em mim. Silêncio. O altifalante anuncia a minha estação. Levanto-me e coloco o jornal debaixo do braço. A porta abre-se e num relance atiro o jornal para o meio dos miúdos. Palmas e gritos de satisfação.
No outro dia vejo a carruagem ocupada. Vêem-me a passar. Batem na janela. Sorrio e sigo para outra carruagem já meio cheia. Há um banco por ocupar lá ao canto. Sento-me ao canto do banco, á janela.
da Leonor