Ex Improviso

Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

My Photo
Name:
Location: Lisboa, Portugal

Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Friday, August 25, 2006

O Desafio de APC

Mais um desafio que me lançaram, desta vez foi a APC do Camuflagens, e ao qual respondo com muito agrado porque gosto de desafios, principalmente quando são difíceis como este onde o assunto se mostra complexo: falar de sete questões aleatórias sobre mim.

Em primeiro lugar, tal como a Paula também gosto do número 7. e do 3, e do 5 e do 11. acho-os todos mágicos. Ah! Mas as capicuas… as capicuas levam-me a um estado de segurança plena numa fé incontrolável no inexplicável estapafúrdio, em tudo o que faço. Se a matrícula do carro for uma capicua mando logo embrulhar mesmo se ele for verde alface.

Em segundo lugar, não estou a responder aleatoriamente às questões: quando falamos sobre nós elas são sempre pensadas. E assim estou a ser racional (3) embora, paradoxalmente eu viva à tona das emoções, (4) de tal modo que já rotularam o meu temperamento de espontaneidade excêntrica quando, extemporaneamente (5), tenho a reacção ou faço surtir o efeito da causa, tarde demais.

Faltam mais duas questões.
Eu conheço-me mas pedi ajuda cá em casa na enumeração dos meus defeitos e qualidades para evitar aquela coisa desagradável que se forma entre a imagem real e a imagem virtual, ou seja, evitar aquela mania que temos de julgar que somos um exemplar para a humanidade.

Os defeitos saíram de rajada. Quanto às qualidades, embasbacavam, hesitavam, demoravam… o que me deixou intrigada e, principalmente, algo furiosa, quase a explodir. Então eu não tinha qualidades? Ora esta!!!

Defeitos:

Forreta
(que mentira! Vingança deles porque não os deixo colocar mais que uma fatia de queijo no pão)

Picuinhas, porque se é é, e se não é, não é, mas uma vez sendo tem que ser.

Qualidades:

Brincalhona e inteligente. Ok! Gostei. Mais!... Generosa. Empenhada.
Esperem lá! Como é que eu sou generosa quando sou forreta?
Pois! Havia aqui uma contradição.

De modo que quando afirmaram que eu era empenhada no que fazia não sabiam se qualificar o meu empenhamento como defeito ou qualidade na medida em que ele tocava os píncaros do fanatismo.

Bom! Como faltam duas questões eu arrisco por mim própria.

Sou despassarada, e nos voos que faço lá pelo alto, tão alto, quase sempre caio a pique, perdendo penas na queda livre e estatelando-me no asfalto, para depois, na minha natureza despassarada, levantar-me, sacudir as penas que restam e levantar voo novamente.

Sou desenrascada, e no meu querer quase lunático de querer ultrapassar obstáculos tenho atitudes completamente líricas como enveredar por vias de sentido proibido ou meter-me à frente da camioneta para o motorista me abrir a porta. Claro que meter-me na frente do metro está fora de questão.

da Leonor
E agora porque é da praxe passo o desafio à
- Salta Pocinhas
- Letícia Gabian
- Silence Box
- Menina Marota
- Jota do Chat Blog
- Mocho Falante
- Rachelinha

Friday, August 18, 2006

Repórter X em Belém (Introdução)

Desta vez a repórter visitou Belém e aproveitou-se do talento fotográfico do VP, como sempre, o que lhe confere um estilo muito próprio de se aproveitar dos meios dos outros pelo que ela não se rala nada.
Esta introdução justifica um problema quanto à reportagem. Esta teve que ser publicada em três partes devido ao espaço concedido pelo blogger não comportar mais de sete fotos em tamanho reduzido em cada post.
De modo que a verão, à reportagem, em três vezes, contando com este da Introdução.
Atentamente e esperando que gostem do passeio.
da Leonor

Repórter X em Belém (Primeira parte)

Partimos da Trafaria para Belém no Marvila. Este barco fez imensas travessias de Cacilhas para o Terreiro do Paço até ser substituído por outros barcos maiores e mais importantes que vieram em terceira mão da Alemanha mas onde se ouve FM durante os dez minutos que duram a viagem.

Belém já se avistava. Vou subir lá acima (olha o pleonasmo) para ver melhor a paisagem.


Do cimo da Caravela vi o CCB...
... e o Mosteiro dos Jerónimos.


Aquela lá em baixo no Estreito de Gibraltar sou eu.


O Infante Dom Henrique já a querer expandir o Império de escravos e marfim.


Aquela sentada na ponta da caravela sou eu também a querer dominar qualquer coisa mas não sei o quê.

Continua no post mais abaixo.

Repórter X em Belém (Segunda parte)

Continuação do Post de cima.
"Será que aquele ninho tem ovinhos para eu envernizar?"


AH! Os pastéis de Belém. Comi dois de seguida. Com canela. Estavam quentinhos. Deliciosos. Caríssimos. Durante os oito dias seguintes não comi mais doces. Afinal não vou todos os dias a Belém.


O VP ía caindo quando quis saltar o gradeamento. rssss. Mas não caíu. Esta foto fui eu que tirei.


Na volta para casa vi os Optimistas e matei saudades dos meus tempos de Vela. Nunca soube entender o vento.


O cais de Belém. A espera do barco.


No sentido oposto, o Cristo Rei. Há uma piada quanto ao final da construção do Cristo Rei mas eu não conto. Os mais católicos excomungavam-me. Não. Não conto.


Finalmente chegámos.

da Leonor

Saturday, August 12, 2006

Repórter X na Gulbenkian em Lisboa



Fui visitar a Gulbenkian. É um espaço cultural bonito. Tem sempre exposições interessantes e o seu jardim é formidável.
Fui lá para ver a exposição de pintura de Dominguez Alvarez, filho de pais galegos radicados na cidade do Porto, nascido em 1906 mas, logo à entrada do Museu de Arte Moderna surpreendi-me com a visão de uma casa de forma hexagonal feita de livros que, pelo que vim a observar - a minha veia detectivesca de Repórter X - eram todos edições antigas da Gulbenkian e, dando uma volta cuidadosa a toda a construção pude ver que o livro que menos se vendeu foi o Manual de Química: largos calhamaços que asseguravam - seguramente - o equilíbrio daquela casa.
Como havia muitos e como até gosto de química... ainda me lembro de duas cábulas: "bico de pato" que queria dizer que um sulfúrico sob determinadas circunstâncias passava a sulfato e "Frederico no espeto" que queria dizer que o tal mesmo sulfúrico passava a sulfeto, segundo outras circunstâncias, (ainda bem que eu segui letras)... mas como dizia, como havia muitos tentei retirar um para mim mas avisaram-me logo que não podia fazer aquilo.

O chão da casa estava coberto por um vidro espelhado que dava a ilusão de, simultaneamente, uma grande profundidade e de uma grande altura, provocando vertigens nalgumas pessoas. Uma passadeira no meio ajudava os mais corajosos a atravessarem os cinco metros de corredor. Confesso que o atravessei com alguma sensação de desequilibrio mas não resisti a olhar para baixo, esquecendo-me de olhar para cima. Tem uma certa lógica e não estou a defender-me: é que para cima sei que não caio e não corro riscos. Para baixo, o caso muda de figura e além disso é a tentação do precipicio.

Aqui é a vista para baixo, dando a sensação de profundidade.


Aqui é a vista para cima, dando a sensação de altura. A mão com a máquina fotográfica pertence ao VP, pois claro.


Depois fui ver as pinturas do já referido pintor, Dominguez Alvarez. Gostei de muitos dos seus desenhos e ainda pensei que um deles ficava bem na minha sala mas o segurança disse logo que não. Mas de onde é que aparece esta gente? Palavra de honra.

da Leonor

Faço aqui uma nota:

À medida que ia recebendo os comentários achei um de um visitante anónimo, que me dizia assim - que eu vou transcrever na íntegra.

Os ácidos terminados em "ico" dão sais terminados em "ato".BICO DE PATO

Ex: ácido sulfúrico dá sulfato de...(sódio)

Os ácidos terminados em "oso" dão sais terminados em "ito"OSSO DE CABRITO

Ex: ácido sulfuroso dá sulfito de...(sódio) Os ácidos terminados em "ico" mas sem átomos de O2 na sua moléculadão sais terminados em "eto"FREDERICO NO ESPETO não conhecia.

Ex.: ácido clorídrico dá cloreto de...(sódio)

E não há SULFETOS!!!!

rsssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssssss, desculpe. Só mostrou que leu o meu texto com atenção, que afinal era o que eu queria e, também, às tantas se o meu amigo reparou, a meio do discurso eu disse que tinha seguido letras. Ora porque seria?!

Seja como for... agradeço-lhe a rectificação.

Saturday, August 05, 2006

O Logos


Guilherme toca à porta. Como sempre, chega atrasado para jantar. Mesmo assim, Leonor senta-se na sua frente para pôr cinco minutos de conversa em dia.

- Guilherme… há uma coisa que eu não percebo… e tenho a certeza que tu… sempre ligado ao futebol… me poderás explicar.

- Futebol? É comigo mesmo. – disse ele entusiasmado e pronto para explicar fosse o que fosse. E mesmo que não fosse a explicação correcta, ele seria suficientemente convincente para torná-la na única explicação possível.

Há cerca de quinze anos, mais ou menos, estava na moda fazerem-se nas escolas testes psicotécnicos aos miúdos que largavam o 2º ciclo para melhor saberem as suas vocações e áreas a escolher nos anos lectivos seguintes. Leonor, na altura, quis falar dos resultados pessoalmente com a psicóloga que, para sua surpresa, tinham andado juntas na escola primária. O Guilherme era extremamente persuasivo e a profissão técnico de vendas assentava-lhe que nem uma luva. Quanto à sua capacidade de persuasão nunca houve dúvidas. Contudo, a sua grande vocação estava em jogar à bola.

- Porque é que quase toda a gente que eu conheço é do Benfica? – perguntei então.

- Em primeiro lugar tens de ver uma coisa: em Portugal há três grandes clubes de futebol: o Porto, o Sporting e o Benfica. O Benfica hoje em dia pode estar com alguns problemas mas já foi o grande campeão.

- O Benfica do Eusébio. Lembro-me. – Leonor interfere.

- É cultural. Os putos são do Benfica desde pequenos. O pai já é do Benfica e incute no filho que o clube é campeão e que só se deve gostar de quem vence. Em Portugal e lá fora o Benfica já venceu uma série de campeonatos.

- E quando o pai é do Benfica e o filho é do Sporting? Acontece! – disse Leonor.

- Ou os dois são do contra… ou…

- Os dois são do contra. Então queres dizer que os putos quando imitam os pais são Mariazinhas vão com as outras? Queres dizer que a maior parte dos benfiquistas são Mariazinhas vão com as outras?

Guilherme vê-se apanhado no seu discurso. A boca cheia de salada russa esgueira-se num sorriso, tentando não explodir no riso da palavra perdida. Depois de engolir a comida, remata: eu não sou do Benfica.

Logo, segundo a lógica Aristotélica,

Todos os benfiquistas são Mariazinhas
Guilherme não é benfiquista
Guilherme não é Mariazinha.
da Leonor