A Intrusa
Foto tirada por mim num dos muros de Setúbal
No início, quando chegou àquelas paragens, experimentou todos lugares, até que, finalmente, encontrou aquele canto soberbo, abrigado do vento e dos casalinhos que vinham para ali namorar e que só o incomodavam com risinhos idiotas.
Daquele canto via todas as ruas da cidade e todos os cantos do cais onde sempre havia grande azáfama de barcos, homens, mulheres e caixas de peixe. Porém, de há um tempo para cá, ele encontrava o seu lugar, seu de há tantos anos, ocupado por outrem.
Farto do seu meio pequeno, infestado por tantos iguais a ele, procurou novos rumos, até que, parou por ali, onde não conhecia ninguém e nem queria conhecer. Só o miradouro e o cais lhe bastavam para encher-lhe a alma e os dias.
Estava assim absorto nos seus pensamentos a olhar para o vazio, quando sentiu uma presença ao seu lado a exigir-lhe um lugar que era julgava seu. Assustou-se! Os seus olhos verdes enfrentaram outros olhos verdes. Encurvou o lombo e o seu pêlo eriçou-se e, disposto a lutar por aquilo que era seu, respondeu-lhe:
- Miau!
da Leonor
Pois é! De vez em quando quando não é a imaginação que falta para escrever é o tempo que não chega. E então lá vamos nós à gaveta... e descobri este texto singelo, naif... ora Leonoreta, põe esse mesmo)