Intempéries
Nunca falo muito e à medida que o tempo passa inclino-me a falar ainda menos. Porque me distraio e perco o motivo da conversa, porque as pessoas esperam que só, e tão somente, que eu as oiça, aguardando que eu concorde, o que se faz sem dificuldade se eu disser sim-sim de vez em quando.
Coloco nos lábios um esgar sorridente , a fim de aquietar o meu suposto interlocutor e quando ele pensa que eu fiquei a par de todas as perturbações atmosféricas que proferiu andei a vaguear pelas emoções já vividas e agora arrumadas nos cantos da minha memória.
É assim que eu me esquivo das tagarelices sobre chuva miudinha ou do sol que adoece quando bate de chapa – a nossa língua materna tem destas expressões. Às vezes há silêncios e nesses silêncios sou apanhada por uma pergunta desconfiada feita à queima roupa que me deixa o coração aos pulos porque estou perdida do assunto, já não sei se se falava da trovoada ou do relâmpago… estás a ouvir? Sim-sim, tranquilizo.
Ah! Como eu detesto contradizer com argumentos, sustentar com conjecturas o mau ou o bom tempo do ar que se respira tão simplesmente.
Por vezes substituo o sim-sim pronunciado pelo aceno afirmativo da cabeça. Poderia substituir o sim-sim por outras palavras condizentes mas não arrisco. O sim-sim tem-se mostrado infalível, garantindo-me a fuga para as outras paragens da estratosfera. E é assim que eu resisto às intempéries.
da Leonor
Coloco nos lábios um esgar sorridente , a fim de aquietar o meu suposto interlocutor e quando ele pensa que eu fiquei a par de todas as perturbações atmosféricas que proferiu andei a vaguear pelas emoções já vividas e agora arrumadas nos cantos da minha memória.
É assim que eu me esquivo das tagarelices sobre chuva miudinha ou do sol que adoece quando bate de chapa – a nossa língua materna tem destas expressões. Às vezes há silêncios e nesses silêncios sou apanhada por uma pergunta desconfiada feita à queima roupa que me deixa o coração aos pulos porque estou perdida do assunto, já não sei se se falava da trovoada ou do relâmpago… estás a ouvir? Sim-sim, tranquilizo.
Ah! Como eu detesto contradizer com argumentos, sustentar com conjecturas o mau ou o bom tempo do ar que se respira tão simplesmente.
Por vezes substituo o sim-sim pronunciado pelo aceno afirmativo da cabeça. Poderia substituir o sim-sim por outras palavras condizentes mas não arrisco. O sim-sim tem-se mostrado infalível, garantindo-me a fuga para as outras paragens da estratosfera. E é assim que eu resisto às intempéries.
da Leonor
36 Comments:
Quando te fartares do sim, sim, podes sempre tentar o pois, pois...
Sim... sim. Sem som,
sem falar, digo:
isso, tá bom.
E viajo, só comigo.
Beijinhos, minha pequena silvestre vitória.
VP
É célebre a frase, atribuída a não sei quem, estrangeiro com certeza:
-O português quando não tem tema de conversa fala do tempo.
Mais um texto belo e singelo.
Bj
E não é só o português, todo o mundo faz isso...da próxima vez que nos encontrarmos prometo ser erudita, falar, por ex., da influência da cibernética na escrita bloguista e não só...lol.
Beijinho, th
Querida Leonor
Para mim as conversas, é dialogo, se passa a ser um monologo, eu simplesmente puxo da tesoura e lá vai o corte certeiro. Concordo contigo, não existe nada mais maçador e irritante, que recorrermos ao tal: sim, sim, pois, pois!
E por amor de Deus, que ninguém fale comigo sobre o tempo, está tudo estragado! :)
Agora outro assunto: compra o livro "As Lágrimas da Girafa" vais adorar, confia em mim!
Beijinhos
Querida Leonor
Diria que é óbvia a falta de estímulo que essas conversas te dão e, se as referes, é porque se transformaram em algo demasiado frequente. Sei o que é esse alheamento, essa falta de continuidade no outro, que permita que a vida seja mais do que um sorriso de circunstância.
Um beijo
Daniel
hehehehe.... Leonor...
parece que estás a falar de mim... pois faço precisamente o mesmo...
beijokita amiga
mmm Bela Leonor e Isabel e vai mais uma (muitas vezes)...
Um beijo e uma óptima quarta feira
Vanessa
... ai, o sol faz tanta falta...
Leonor,
Estava a ficar preocupado pois, tão certinha no "blogar" estás quase uma semana sem actualizares o blog;
Em situações como as que descreves normalmente escuto... e se a conversa não agrada, adormeço que nem justo;
Mas olha que falar de chuva é uma benção... especialmente agora que começou a cair!
Continuas a nada dizes como estás a passar nestas terras do Norte...
Um abraço
Querida Bela Leonoretta,
Somos animais sociais cuja necessidade de comunicar é inevitável. Ainda que não queiramos, nunca podemos não comunicar, porque esse não comunicar é já por si uma comunicação. Tramada esta inevitabilidade!!!! Trai a nossa liberdade de opção. Para alguns ou para todos em algum momento, o silencio é insuportável e o tempo um argumento universal para ser servido de panaceia. Deste lado está o emissor. O receptor - lugar em que te colocaste neste texto - esse sim, terá a liberdade de receptar ou não. Valha-nos isso!
Beijinho grande para ti
Ana Joana
Leonor, é como dizes, a conversa, muitas vezes, não passa de um monólogo do nosso interluctor. As pessoas não sabem ouvir, só falar, quando no ouvir é que está a virtude. Normalmente é mais sábio quem ouve do que quem fala.
E eles falam tanto, tanto, e não conseguem dizer nada, nada que nos interesse, e nós para os ouvirmos, ou fingirmos, soltamos os nossos pensamentos, ficamos fisicamente, mas a mente vai para longe.
Um beijo. Augusto
Olá Leonor,
Essa coisa de ler os comentários já me está a atormentar. Será que estou a tornar-me um cusco? Vou ver se trato disso com urgência. Sabes, deve ser porque também sou de poucas palavras. Então leio. Às vezes nem o sim sim ou o pois pois me arrancam.
Isto vinha a propósito de quê? Ah! Aqui chove, e aí, o tempo tá bom?
(brincadeirinha)
Beijoooo
Eu te escuto sempre, com atenção. As tuas palavras falam sempre com ponderação e calmia- Intempéries, que é isso? Mas a força delas, tenta-me desmentir... "então e aquele assunto? e aquela história? e depois aquela conclusão? Bom, em que ficamos?" Sim, às vezes até se geram umas intempériezitas, ahahahah que são uma benção dum discurso, que progressivamente nos leva ao raciocínio contemplativo. As tuas palavras falam alto, porque se ouvem bem... não pela força dos decibeis...
Quem tiver "ouvidos" que entenda...
Ricky, bjinhos
para o VP
além de nos termos conhecido muito jovens também já nos conhecemos há muito tempo.
como te esconder as minhas viagens interiores?
impossível!
para a Van
sei que passas por aqui porque já mo disseste. mas fico muito contente quando passas e dizes olá.
o sol é lindo mas a chuva também.
para Ana Joana
claro que tudo é comunicação. e ainda bem que temos esta necessidade de falar o que pensamos e o que julgamos pensar.
beijinhos da leonoreta
É quase sempre assim quando os ouvidos estão com a cabeça noutra qualquer coisa que nos abstrai da conversa desinteressante. Todos possuímos essa habilidade de ouvir com os olhos somente, salvando-nos o sim, sim, alternado com o pois, pois. Gostei por ser muito real…
Beijos
Olá, Leonor!
Para falar a verdade, verdadinha, acho que certas pessoas (não todas, felizmente) gostam muito de se ouvir falar e não se interessam que o interlocutor esteja ou não interessado na conversa.
São pessoas que se repetem constantemente e fazem derivações com pouca oportunidade.
Enfim: falam mas não comunicam.
Uma das soluções que adopto é dizer que tenho de ir fazer um xixi e desaparecer...eh eh
As pessoas que só dizem "sim,sim" ou "pois,pois" também são irritantes (menos tu, claro! eh eh )
E quanto às conversas sobre o tempo são aceitáveis se não ultrapassarem os 30 segundos.
Ah..obrigado pela visita ao meu post de abertura de mais uma blogonovela pimba...eh eh
Jinhos
(é a 1ª vez que vejo o VP a comentar-te...muito bem!)
Ah...uma coisa muito importante.
Achas que uma mulher com 1,58 m e 52 kg de peso é elegante, magra ou gorducha?
Jokas
Verdade! tudo aconteceu em fevereiro... parece um nome de uma canção :)
Qualquer dia tens uma surpresa!!! o quê? será que estou a ouvir bem! estás a perguntar-me qual é a surpresa?
Minha querida, não te posso dizer, se não - deixava de ser surpresa!
Ora diz lá, que não estás cheia de curiosidade!!! :))
Beijocas
ai como eu te percebo, acontece-me milhares de vezes ser apanhado na curva e morrer de vergonha de cor esclarlate quando o outro percebe que eu já não estava ali fazia tempo...sim sim abelha
sim, pois, hã, hã...acenar com a cabeça...faço isso tantas vezes! mas sei que também me fazem a mim porque falo pelos cotovelos...
Lol, estou tão treinada em dar o mote e a dizer sim sim, pois pois, claro, é verdade ehehehehe.
Bem cá estou de novo para continuar a comentar, não a postar.
V~e lá se das noticias.
Beijos
Pois é... parece que estou a ver-me...até tenho fama de muito calada... e, de ter a capacidade de "desligar" quando a conversa não me agrada!
Mas gosto de conversar e, quando a conversa me agrada, por vezes falo de mais... ;)
Mas sabes, há silêncios de ouro, que dizem muito mais que as palavras...
Eu gosto ser boa ouvinte... isso por vezes dá-nos uma melhor maturidade para ouvirmos para lá das palavras...
Um abraço terno e um sorriso do tamanho do mundo ;)
sempre fui boa ouvinte. mas também diga-se que muitas são as vezes em que me perco nas audições, e a mente segue outros caminhos...e falar se me deixarem falo pelos cotovelos, mas também tenho dias...
bjs
e mais uma vez que belo texto...
O sim sim resulta sempre :P
faça sol ou chuva :P
beijinhos*
Não estás a exigir por demais de ti mesma?!
Olá, Leonor!
Por vezes, começamos num diálogo e terminamos num monologo, o que deixa por vezes o interlocutor a navegar em aguas menos cativantes.
Gosto muito de ler os teus post, pela qualidade e simplicidade com que comunicas através das palavras!É sempre bom vir aqui!
Beijinho grande,
Muito obrigado pelo esclarecimento sobre a magreza e eventual elegância da mulher.
Eu sei apreciar as mulheres, de facto, mas usando os sentidos.
Avaliá-las por números não é o meu forte!
ah ah ah
Jinhos
Ja viste o nosso leilão on-line???
O Natal está quase aí!!!
Beijinhos
Andei para aqui a vasculhar os teus posts!
Escreves muito bem... Foi uma agradavel descoberta!
Continua a sorrir!
Olá Leonor,
Outra vez, eu a cuscar.
Na verdade, da última vez que por cá passei, o que já e um vício, (sou incondicionalmente fã da tua escrita), quando me referi à minha cusquice por ter lido os comentários dos teus leitores, a idéia era referenciar a maneira carinhosa da dedicatória do teu VP(minha pequena silvestre vitória) tão somente porque achei lindo, e é (!), mas sabes, depois achei que era uma intromissão ou um abuso e resolvi ficar na minha.
Daí ter começado o meu comentário a chamar-me cusco, mas interrompi a linha de raciocínio e deu naquela falta de sentido do meu comentário. Foi isso!
Obrigado por passares lá.
Um abraço
PS: Só venho responder porque nunca pensei que o meu comentário merecesse uma resposta.
O que comprova que és uma simpatia
Para além de te agradecer profundamente as palavras que deixaste na minha toca, venho-te confessar que eu também, e amiúde, "perco o motivo da conversa". Por isso mesmo achei deliciosas as "perturbações atmosféricas", a "chuva miudinha", e outras ocorrências climatéricas. Se nós já lá não estamos, como saber se é de "trovoada ou relâmpago" que falam? Por vezes também estou convencido de que me estarão a falar da crise ou do desemprego, mas é melhor não correr riscos como, por exemplo, dizer: pois, está cada vez pior!...É que mesmo que a conversa tenha começado aí, é bem possível que agora se esteja a falar em idas à esteticista. O melhor mesmo será um "sim-sim" ou um "pois-pois", sempre constitui um mal menor...
Bjs
Zé
Vais ao "Fragmentos" e clicas no link "Betty Martins Gallery" tive que mudar (problemas técnicos)
Agora quanto à surpresa! É SURPRESA!!!
Beijihos
de certeza que há quem te queira ouvir, ler, ou até te escrever....pois..se calhartb andas um nadita distraída
e aquelas pessoas que tentam adivinhar o que vamos dizer a seguir...ehehehe
deixo-te um grande beijinho
e um bom fim de semana
**** ;)
Olá, Leonor!
Só passei por aqui, para desejar-te um bom fim de semana!
Um beijinho,
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