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Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Monday, October 03, 2005

Quatro dias num cruzeiro (O regresso)


Quatro dias a navegar e mal vi o mar da amurada do barco. A vida a bordo de um cruzeiro é muito agitada. O programa de actividades oferecido aos participantes é muito variado e permanente. Pode não ser muito convidativo mas com mar por todos os lados que nos limita os pontos de fuga temos de achar piada ao “cardápio”.



Levantava-me cedo. Mas não tão cedo como o VP. Como a bordo não havia rede de transmissões os telemóveis não funcionavam. Daí que, eu a vaguear pela proa e o VP pela popa, quando nos encontrávamos à Meia Nau era uma festa e logo aproveitávamos para trocar impressões da fauna marítima que era só o que havia para ver: viste aquele albatroz? Não, mas vi três alforrecas.



Depois de passar uma hora ao sol na piscina participei numa aula de fitness. Lenta para o meu gosto e talvez por isso não consegui acompanhar os exercícios nos tempos devidos. O meu pai, ao ouvir semelhante explicação diria que o mau dançarino diz que o chão da sala está torto. Pai, não estava torto mas entortava que fartava.


Eu sou a que estou ao contrário de todos. Como sempre.


A Cris, linda, na sua expressão Zen. Por trás dela a sua filhota Mónica.

Assisti a uma aula de salsa e fiquei a saber que existem quatro passos base que podem ser aplicados a quase todas as danças, inserindo ou retirando o ritmo. Apreciei as provas prestadas por alguns participantes a fim de ganharem um concurso de misses e misters do Atena. Mas por ai pouco demorei a minha atenção virando os meus devaneios para a linha do horizonte.

Mar! Mar azul escuro. Mar azul marítimo. Na falta de um sextante tento localizar-me a olho nu nos paralelos e nos meridianos, adivinhando latitudes e longitudes. Acompanhamos a costa alentejana (alvíssaras meu capitão, não vejo terras de Espanha mas já vejo terras de Portugal).



Na foz do Tejo a ventania era forte. O vento é assim. Às vezes há. Outras não. Oscilante na sua vontade acaricia e fustiga. Escondo-me quando, uivando longamente, se insinua pelas frestas das janelas. Insulto-o quando, brincalhão, me enrola em nuvens de poeira.

Eu voltei Sebastião. Tu não. “D. Sebastião, eras um belo pedante, foste mandar vir para uma terra distante…” Intrépido e inconsequente garoto que ficaste envolto no nevoeiro, levando para a morte, sob o teu comando, que é o mesmo que dizer sob comando algum, mais de metade da juventude nobre portuguesa e deixando-nos à mercê dos Filipes.



Gaivotas em terra. Avisto o Cristo Rei. Estou a chegar a casa. Desembarcamos. Despedimo-nos uns dos outros, satisfeitos por não termos sido apanhados lá pelo Levante de Gibraltar, e contudo, já um pouco saudosos do bom convívio durante a viagem.

Quatro dias num cruzeiro chegaram ao fim. No próximo ano… quem sabe onde irei. A Elsa diz para eu não me preocupar, que apanhou uma frase minha no ar e que está a tratar do assunto.

E eu confio plenamente.


Da Leonor
Todas as fotos foram tiradas pelo VP

29 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Leonor!
É sempre bom quando gostamos das voltas que damos!
Espero que para o ano haja mais, e que fiques super feliz, tal como aconteceu este ano.
Beijinho Grande,

11:49 PM  
Blogger Menina Marota said...

Olá, Leonor!
Estive a ler os textos da tua viagem. Maravilhosa! E, umas belas fotografias, para recordar...

Este tipo de férias em cruzeiro, é simplesmente maravilhoso.

Em tempos (muitos) fiz um, de que guardo maravilhosas recordações...e, fico-te grata porque me avivaste a memória de momentos, que julgava esquecidos.

Um abraço e boa semana para todos ;)

12:51 AM  
Blogger Astri* said...

:D Olá minha linda Leonor :D

E sempre bom quando voltamos com saudades da nossa casinha.. :D

As fotos estão espectularmente bem tiradas :D adorei adorei mm :D

beijinho ****

1:20 AM  
Blogger Henrique Santos said...

This comment has been removed by a blog administrator.

9:51 AM  
Blogger Henrique Santos said...

Pois, tenho andado por aí, preocupado com o blog e com as minhas férias permanentes, que quase te não ligo. Mas isto pode lá ser? Claro que não. Posso não ter pontos de fuga, mas não são água. Tenho que me reencontrar à meia nau, porque deve ser bastante sugestivo... Com a sala cujo piso entortava que fartava, como poderias salsar... ainda por cima a quatro passos... Da amurada da nau (não a catrineta... a tua) soltaste o grito, que se celebrizou: Alvíssaras meu capitão, não vejo terras de Espanha, mas já vejo terras de Portugal. E assim se concretizou a tua profecia. "Eu voltei Sebastião, tu NÃO!" Quem te manda ir até uma terra distante mandar vir, oh reizito pedante... Pois, por causa disso ainda cá temos um Filipe, Filipão para os amigos que, disfarçado de brasuca, dirige os destinos da... selecção.
Acho que fiz p'ráqui uma confusão qualquer... mas lá que gostei de tudo, gostei! E, viva o Blog, da Camoniana, que de tantas vezes ir á fonte, agora já vai direitinha, e é o consolo da gente, N'é?
Ricky

9:51 AM

9:54 AM  
Blogger Al said...

Olá Leonoretta,
Que a tua escrita nos transporta para além da imaginação já não surpreende ninguém. Daí que os teus relatos já são o meu livro de cabeceira.
Mas, desta vez, o que eu gostei mesmo foi da foto do fitness.
Não sei porquê, mas é a tua "cara".
Para não falar do chão que vai entortando.
1 beijo

10:09 AM  
Anonymous Anonymous said...

"... com mar por todos os lados que nos limita os pontos de fuga..."
"... viste aquele albatroz? Não, mas vi três alforrecas..."
"... minha atenção virando os meus devaneios para a linha do horizonte...
"Mar! Mar azul escuro." "... não vejo terras de Espanha mas já vejo terras de Portugal..."

Eu também, Leonor: também vejo o "mar: mar azul escuro", graças ao teu vívido relato e às fotos do VP. Grato, a ambos. Abraço-os, fraternalmente.

11:23 AM  
Blogger José Gomes said...

Olá Leonor,
Leitura completa da tua saga por Marrocos. Já tinha comentado no post anterior a riqueza da tua linguagem e a maneira como cativas o pessoal, que dá a volta contigo no engodo das tuas palavras.
DEliciei-me com a tua narrativa.
Já para não falar das fotos do VP, sempre oportunas e que marcavam o compasso certo na tua história.
Gostei muito de voltar ao teu convívio.
UM abraço,

11:34 AM  
Anonymous Anonymous said...

"O Regresso"
O regresso, é sempre um regresso e naturalmente ao ponto de partida, o bom destas situações é que fique sempre aquele 'soube a pouco' o 'amargo doce', 'vou repetir'.
O convivio com quem nos acompanha e com outros companheiros de viagem que ocasionalmente conhecemos.
Acho que não se deve preocupar, com o sincronismo dos exercicios, ou com uma postura standard, temos que ser nós próprios e não aquilo que outros querem que sejamos.
Agora que este relato de viagem chegou ao seu termo, venham então outras novidades.
JMC

11:42 AM  
Blogger António said...

Ó minha marotinha!
Afinal ainda tinhas mais um post a exibir sobre a viagem.
Ainda bem!
E se tiveres mais, ainda melhor!
Gosto muito da forma alegre e informal como escreves.
E com tantas e tão boas fotografias, a leitura fica superleve, a voar como gaivota no ar.
Este blog cada vez está melhor. O que não é para admirar pois, com uma autora como tu, o aperfeiçoamento é uma constante.
Beijinhos, muitos

2:13 PM  
Anonymous Anonymous said...

regressei desse cruzeiro, envolta nas tuas palavras e nas belas fotos do VP. Beijo e bom feriado

2:59 PM  
Blogger c.r. said...

adoro as descrições dos teus textos...

é bom ir, mas é sempre bom voltar :)

bjs

3:20 PM  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Leonor
Narrativa pontilhada de humor e pensamentos, como é apanágio teu e deleite meu.
Um beijo
Daniel

3:43 PM  
Blogger Menina Marota said...

Passei para deixar um abraço (tenho estado tão ausente...) e, lembrei-me de te perguntar (acho que não li no relato: por acaso o barco não era o Melody?
Deixo-te duas imagens daquele que conheço...

http://i3.photobucket.com/albums/y66/Marota/DSCF0077.jpg
(vista do exterior)

http://i3.photobucket.com/albums/y66/Marota/DSCF0084.jpg
(vista do interior)

Um abraço e boa semana :)

3:44 PM  
Anonymous Anonymous said...

Com alforrecas ou aquela albatroz...
Com mar rodeando os teus pensamentos e palavras...
O mais delicioso pormenor da tua narrativa é que é escrito apensar nestes teus amigos que ficaram nesta praia lusitana.....
Obrigada por cada letra tua, por cada trocadilho, por cada pedaço de ti que nos forneces...

4:40 PM  
Blogger Isabel Filipe said...

Oi Quida...

Linda reportagem...
gostei de te sentir....

melhor não podia ser....
viste o filme
"melhor é impossível"?????????
com o Jack Nickolsons... (é assim dque se escreve???..)..........
assim classifico as tuas reportagens...

beijokitas

como no próximo encontro eu tb vou estar...com todos os outros e contigo tb.... espero ter direito a uma reportagem tão boa como esta.......

rsssss

4:58 PM  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Querida Leonor

Que hei-de dizer deste regresso, que está contado de uma forma deliciosa! É ler ... e ficar encantada :)

Mais uma vez parabéns também pelas fotos.

Um beijo grande

10:12 PM  
Blogger M.P. said...

Definitavamente aventuras para recordar, Leonor! Pelas tuas palvras "vivi" todos esses momentos de excitação numa viagem de memórias. Que estejas já em planos para outra na saudade destes momentos. Bom feriado... **

10:48 PM  
Anonymous Anonymous said...

Bem, foram só quatro dias, olha se fosse um mes? Terias muito a contar! Já contas o teu passeio à mais tempo do que o tempo que navegaste, e recordar é viver, lá dizia o poeta... Já sentes saudades das saudades que sentias em estar aqui!

Um beijo grande

2:26 AM  
Blogger th said...

Agora gostava de saber as tuas impressões aí do Norte, vai escrevendo umas coisas e depois conta a nós. Beijinhos, th

11:02 AM  
Blogger Mocho Falante said...

aiiiii as saudades que tenho das férias...mas mais oportunidades estarão de volta...

Foram óptimos relatos, estes que aqui deixastes

1:45 PM  
Blogger augustoM said...

Leonor, navegar na proa de olhos fechados, sentindo a brisa fresca do mar, é uma sensação que não desaparece com o dembarque. Em Roma sê romano, num barco há que fazer a vida de bordo.
O teu relato da vigem fez-me lembrar os meus tempos de marinheiro, não a motor, mas à vela, que saudades desse tempo do navegar à bolina.
Um beijo. Augusto

1:48 PM  
Anonymous Anonymous said...

Uma narrativa maravilhosa. E um belo cruzeiro. Quando repetires ( para outras mandas ) faz o mesmo. Assim, quem não pode viajar " in loco " pode fazê-lo aqui. Saudaçóes.

1:08 PM  
Anonymous Anonymous said...

P.S
" Para outras bandas... "" . Dá para emendar ?

1:10 PM  
Anonymous Anonymous said...

Assim é que dá gosto viver!Os prazeres da vida devem ser disfrutados enquanto se pode.Para quê deixar para mais tarde! Bjs

5:30 PM  
Blogger SilenceBox said...

Gostei muito de ler "Quatro dias no Cruzeiro" e de ver as maravilhosas fotos. Estás fabulosa! Descontraída! Renovada! Bem mereceste umas férias lindas!

Um grande beijinho =)*

5:59 PM  
Blogger Luisa Hingá said...

E eu que já fui também a Marrocos, revivi tudo...mas não percas a ida a Marraquexe, Ourzazarte, por exemplo...e Atlas...
Beijinhos

11:30 PM  
Blogger saisminerais said...

mas que belas ferias, quem me dera... mas deixa que brevemente tb vou viajar! num cruzeiro diferente, mas mais tristonho.
beijos do Alexandre

10:09 PM  
Anonymous Anonymous said...

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10:13 AM  

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