Um pouco de Poção Mágica.
Encontro-me no 6º piso de um edifício de sete andares. À volta desse edifício existem mais blocos de cimento consideravelmente mais baixos e de uma arquitectura diferente, todos no interior de um recinto fechado pertencente à mesma instituição.
Foi por um triz que cheguei a tempo de retirar a senha para tratar de uns papéis. Mais pessoas estavam na minha frente e demorei algum tempo entre secretarias, preenchimento de formulários e tesourarias.
Por fim mandaram-me ao 6º piso, mais tarde iria até ao 7º. Quando começo por tratar de um assunto no primeiro andar e acabo no último lembro-me sempre de um livro que eu li algumas vezes, por volta dos quinze anos, intitulado “Os 12 trabalhos de Axtérix”, porque quando era mais nova, ou por não ser possível tanto consumo ou pela necessidade de gastar energia que a juventude nos proporciona, eu lia os mesmos livros várias vezes.
No referido livro, o pobre do Axtérix anda de um gabinete para outro para obter uma simples autorização num prédio parecido com aquele em que eu estava. E perante tanta burocracia nem a poção mágica o salva.
Já no final, quando coloquei o último carimbo, simpaticamente, perguntei à senhora que me atendia por uma casa de banho. Era mesmo ali ao lado. Entrei. Três lavatórios e três portas azuis fechadas. Esperei pela minha vez. Mas como não ouvia barulhos femininos característicos do uso de casa de banho experimentei abrir uma porta, à cautela, não fosse apanhar alguém com as calças na mão. Não estava ninguém. Entrei e fechei a porta. O trinco de segurança não funcionava. Algum tempo depois verifiquei que não era só o trinco que não funcionava. A porta fechava mas não abria por dentro.
Taurina de gema tento sempre o impossível: primeiro giro o puxador em várias direcções devagar, com jeito, depois abano a porta com toda a força, dou-lhe encontrões à Van Damme, sabendo perfeitamente que aquele não é o método mais indicado, arriscando-me a um ombro deslocado.
Convencida que ia ficar ali para sempre comecei a ganhar reservas para os primeiros dias. Comi uma pêra. Comi uma maçã. Bebi um pacote de leite. Fiquei sem provisões. Finalmente senti que alguém entrava na casa de banho. Gritei.
- Já está aí há muito tempo?- perguntou-me a minha salvadora.
Num relance, olhei para o espelho em frente e vi que ainda não estava coberta pelas pintas azuis do desespero.
- Eu ? Não. Só telefonei para os bombeiros, para a PSP e o 112. – respondi.
- A sério?
- Não. Estou a brincar.
Foi por um triz que cheguei a tempo de retirar a senha para tratar de uns papéis. Mais pessoas estavam na minha frente e demorei algum tempo entre secretarias, preenchimento de formulários e tesourarias.
Por fim mandaram-me ao 6º piso, mais tarde iria até ao 7º. Quando começo por tratar de um assunto no primeiro andar e acabo no último lembro-me sempre de um livro que eu li algumas vezes, por volta dos quinze anos, intitulado “Os 12 trabalhos de Axtérix”, porque quando era mais nova, ou por não ser possível tanto consumo ou pela necessidade de gastar energia que a juventude nos proporciona, eu lia os mesmos livros várias vezes.
No referido livro, o pobre do Axtérix anda de um gabinete para outro para obter uma simples autorização num prédio parecido com aquele em que eu estava. E perante tanta burocracia nem a poção mágica o salva.
Já no final, quando coloquei o último carimbo, simpaticamente, perguntei à senhora que me atendia por uma casa de banho. Era mesmo ali ao lado. Entrei. Três lavatórios e três portas azuis fechadas. Esperei pela minha vez. Mas como não ouvia barulhos femininos característicos do uso de casa de banho experimentei abrir uma porta, à cautela, não fosse apanhar alguém com as calças na mão. Não estava ninguém. Entrei e fechei a porta. O trinco de segurança não funcionava. Algum tempo depois verifiquei que não era só o trinco que não funcionava. A porta fechava mas não abria por dentro.
Taurina de gema tento sempre o impossível: primeiro giro o puxador em várias direcções devagar, com jeito, depois abano a porta com toda a força, dou-lhe encontrões à Van Damme, sabendo perfeitamente que aquele não é o método mais indicado, arriscando-me a um ombro deslocado.
Convencida que ia ficar ali para sempre comecei a ganhar reservas para os primeiros dias. Comi uma pêra. Comi uma maçã. Bebi um pacote de leite. Fiquei sem provisões. Finalmente senti que alguém entrava na casa de banho. Gritei.
- Já está aí há muito tempo?- perguntou-me a minha salvadora.
Num relance, olhei para o espelho em frente e vi que ainda não estava coberta pelas pintas azuis do desespero.
- Eu ? Não. Só telefonei para os bombeiros, para a PSP e o 112. – respondi.
- A sério?
- Não. Estou a brincar.
da Leonor
24 Comments:
Querida e pobre Leonor!
Com que então trancada num "Water closed"!!!!!
Mas que coisa mais desagradável.
ah ah ah
Belo texto!
Este é mesmo no teu estilo de que tanto gosto.
Obrigado pela visita à casa das Antas.
Devo dizer-te que aparecem algumas personagens relevantes e outras sem interesse.
Mas ainda vão aparecer mais...das importantes.
Este meu trabalho tem, à partida, a intenção de ter mais personagens que os anteriores e contar várias histórias.
É um teste a mim próprio.
Colocar várias caracterizações logo no início tem como objectivo permitir que os leitores mais atentos possam reler essas características, se assim o entenderem, encontrando-as mais facilmente no início.
Tens de me explicar melhor, muito melhor e com desenhos, o que é isso de analepses e prolepses.
A coisa também me saiu assim...sou engenheiro e não letrado...eh eh.
Lá te espero, brevemente.
Beijinhos
Pois penso, que para alguns papeis, que são necessários tratar no nosso país, só mesmo com um milagre, é possivel trata-los em devido tempo.
E para que não fique triste por só a si, se ver envolvida nessa peripecias, Eu outro dia tinha a intenção de, de repente conseguir tratar da papelada referente a uma viatura que pretendia vender, vai de consultar na internet, fazer uns telefonemas, até acertar no local onde me deveria dirigir.
Depois das informações e compra do respectivo formulário aguardava-me a espera de qualquer coisa como 122 pessoas (pessoas não, neste caso somos Utentes), lá entreguei o dito, e uma semana depois lá estaria pronto, perguntei se não podia já tratar da segunda fase??, negativo, a segunda fase não era nem sequer nesse edificio, mas num outro em Lisboa, passada a tal semana, lá vou eu para mais uma saga de espera e desespera, mas por fim lá ficou tudo tratado, não sem antes ter feito alguns comentário, se calhar pouco abonatórios em relação aos serviços que eram prestados e dos quais estava a pagar.
É quando então um prestimável colaborador, me diz, mas isso podia tratar tudo de uma vez na Loja do Cidadão.
Então não é que nem os serviços informativos funcionam bem.
Bom fim de semana.
JMC
Mais um texto que me levou a dar umas gargalhadas empolgantes! Que acontecimento tão hilarante e, na verdade, pode suceder com qualquer pessoa. Eu já estive presa na wc, uma vez, quando era uma criança... Talvez conte este episodio no meu blog. Querida Leonoretta, adoro ler os teus textos, conhecer os teus pequenos momentos e tudo o que sentes, e tens um humor incrivel que me deixa encantada! ;-)
Bom fim de semana!
Um abraço enorme
Não acreditas em mim... eheheh
Mas como vez esta sempre aí um dedinho a dar-te situações onde tens dedesenvolver a paciência,eu sei que não é facil, foi dose demais só para um dia,mas minha querida, tambem ninguem disse que a vida era facil.
beijokas grandes
Isto só em portugal, é preciso acontecer para se arranjar as coisas ou não!!!
Grande e divertida Leonorix!
Como sempre, ri às tabelas. Sabe que já me aconteceu de ficar presa igual? Só que não mantive a sua calma, pois sou claustrofóbica. desde então, não me tranco mais em nenhum.
Beijão, querida.
PARA JMC
meu deus! e queixo-me eu.
mas é como diz, também penso que o pessoal que trabalha nos gabinetes anda mal informado e cada um dá a informação como quer e a que não sabe.
depois é como o povo costuma dizer, quando o mar bate na rocha...
os anos ensinaram-me a fazer o maximo de perguntas possiveis e impossiveis, martirizo, moo a cabeça, mas preciso de certezas e só nao obrigo o outro a assinar em papel azul porque este ja acabou,
abraço da leonoreta
Pequenos contratempos que esporádicamente acontecem...felizmente!
Bjs
Chamaste essa gente toda e só veio uma senhora salvar-te? :P
Estou a brincar, também...
BEijinhos
Querida Leonor
Eu tenho algumas histórias parecidas com a tua.
Só que eu começo logo a gritar FOGO!! e se isso não resultar lá vai - BOMBA!!!
Com alguns "descaminhos", mas sempre com a boa-disposição que te caracteriza
Beijinhos
Eu só gostava de ter estado por perto. Telefonaste para tantos locais e esqueceste o Parlamento, bem podiam dar uma mãozinha, para ver fazem alguma coisa de jeito.
Um beijo. Augusto
Quando era criança também fiquei presa na casa de banho, minutos antes da minha audição de violino. Mas fiquei muito quietinha, na esperança que se esquecessem de mim e não ter de desafinar perante a plateia.
Grande aventura,
Agora vista tem alguma piada, mas na altura não deve ter tido piada nenhuma.
Em relação aos pisos, essa cena do Asterix está melhor representada até no filme animado os "Os 12 Trabalhos de Asterix", deveras hilariante.
Beijinhos
Kafka não faria melhor.Excelente retrato deste Portugal, coremos que nem loucos para acabarmos encurralados numa pia. Boa semana
...só acontece aos outros..é melhor assim...Bjs
A tua sorte foi teres cumprido o eterno ritual de colocar o possível dentro da mala; matou-te a fome, ao menos.
Situação caricata, diga-se. Podes ser agradecida ao facto de já teres os carimbos todos...
diz-me onde é esse cárcere, para o caso de ser obrigado a lá ir, poder acautelar as inconvinientes necessidades e assim poder sair do edifício quando queira.
Beijinhos
Se tiver tempo e vontade, leia o castelo do Kafka, a propósito! Comer numa casa de banho pública à espera da possível Salvadora é de sobrevivente à séria:-D
Até sempre!
...e tiveste sorte de isso ser só um " sonho" .Imagina que te acontecìa mesmo?
Querida Leonor
Sabei, Senhora, que tal burocracia só existe para que possais rejubilar depois de ter passado todas as provas! É um sistema ancestral de distribuição de alegria, mas é preciso cumprir todos os níveis, tal como num jogo electrónico.
:)
Um beijo
Daniel
Ainda bem que a "water" tava "closed" [António], ou, para além de aprisionada, voltavas a ficar encharcada, e isso já foi chão que deu uvas, ou melhor, post que deu chuva!
Curioso o comentário da Aldina, já que me ocorrera logo O Processo, do mesmíssimo K.
Um ou outro, no fundo tanto faz, se é para te perderes numa busca incessante e surreal que te esgota.
Assim foi contigo e, no fim, o prémio: fechada dentro de uns lavabos!!!...
Olha que com K. foi pior: morreu à porta do tribunal, sem ter conseguido saber sequer aquilo de que era acusado.
Um abraço! :-)
Fantástica!! Essa aventura...eh eh eh Beijinhos, bom fim de semana.
Tiveste muita sorte ter entrado alguém...
Mas tenho a certeza que sairias rapidamente da prisão, mas só depois do lanche...
Como é que tiveste estado de espírito para te alimentares em tal local e nessas condições?
Perdoa-me, mas não deixei de sorrir com a tua história...
Bom fim-de-semana.
Um beijo.
ai que coisa!! eu não consigo comentar aqui porquê????!!!!
Outra vez erro!!!!!não acredito!!! desisto!!! vou sanear o blogger!!! ai vou vou!!!
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