Ex Improviso

Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Thursday, January 31, 2008

Gato Preto e Passarinhos Azuis

3 horas da tarde. O telemóvel treme no bolso esquerdo traseiro das minhas calças. Ai como eu detesto que me telefonem enquanto estou a dar a aula. Mas porque é que as pessoas insistem?
Por motivos de consciência ainda vejo o número de quem me telefona no visor do telefone. Não conheço. Não atendo. O telefone continua a tremer. Por motivos de consciência atendo. Uma voz de homem desconhecida pergunta a confirmação do meu nome. Desconfio de uma daquelas propagandas bancárias que me querem oferecer a reforma num hotel de cinco estrelas na ilha da Madeira.
- Sim, sou eu. Mas despache-se porque estou a dar aulas e os miúdos começam já aos pulos.
- Estou a telefonar do Fórum de Almada e é para lhe dar uma boa notícia.

Ah! Querem ver?! Mudei o tom da voz. De repente fiquei simpática e afável.

- Dr. Augusto? Vai dizer-me que ganhei o 1º Prémio?
- Desta vez não foi menção honrosa, foi mesmo o 1º prémio.

Quando soube do Concurso Literário que a cidade de Almada promove de vez em quando nas modalidades de conto infantil, ficção e poesia foi, como sempre, em cima da hora, e só tive tempo de, entre a ida num pé e a vinda no outro de fazer várias cópias do trabalho escrito para o respectivo júri e entregá-las no último dia, ofegante, de mãos estendidas, à funcionária da recepção.

Por ironia e por excesso de confiança porque a conheço há vários anos de tanto entrar e sair daquele edifício, disse-lhe:

- Venho entregar o 1º prémio para o concurso literário.
- Deus queira que sim. – disse ela.

Caros amigos, penso que é a minha primeira trégua deste ano que começa. “Gato Preto e Passarinhos Azuis” é a história de uma menina que quer ser escritora e tem uma experiência directa e pessoal com as personagens da história.
Foi o vencedor. Não consigo esconder o meu contentamento e a minha imodéstia.


Leonoreta

Thursday, January 10, 2008

Jesse James

A primeira vez que ouvi falar de Jesse James teria mais ou menos uns vinte anos. Na procura de novidades musicais (em vinil) houve um que me chamou a atenção pela sua capa que me fazia lembrar um pôr do sol por causa das suas cores quentes, amarelo e vermelho. Quatro cabeças famosas da country music interpretavam a história de um dos mais famosos bandidos americanos.

Fui ver o filme “O assassino de Jesse James”. O momento dos dois disparos que se ouvem no disco que avisa o ouvinte da morte anunciada é prolongado para duas horas num jogo de prolepses e analepses que justificam as motivações do assassino, ele próprio tão bandido como o assassinado.

Gostei do filme pelo trabalho de prolongamento que se dá a um breve período de tempo, a um esmiuçar de pormenores de uma circunstãncia: como um encontrão que se dá na rua a meio de uma passadeira atravessada à pressa. O impacto foi tão rápido que os transeuntes não perceberam que já se conheciam de anos antes cuja amizade foi estragada porque a mãe de um deles não suportava que o amigo do filho se abancasse lá em casa à pala do jantar.

Lembro-me com saudade de uma cadeira de literatura em que a professora nos sugeria a descrição de um objecto à nossa escolha e falássemos dele durante cinco minutos. Perdulária a professora. Dava-nos também uma semana para pensarmos na lógica discurso.

Gostei do filme. Não pelo nome mais sonante do cartaz que nos chama às bilheteiras, Brad Pitt, mas por outra personagem que dá andamento à acção. Não liguei ao nome e tive pena. Poderia resolver o assunto agora numa pesquisa da net mas tenho preguiça. E fico por aqui.
Leonoreta