Todos os caminhos
No seu escritório, Leonor fita os dossiers abertos ao longo de todo o armário. Tinham chegado ao fim. Ana vira as folhas pondo tudo de principio novamente para começar um novo ano que começará em Setembro.
- Por onde tens andado Ana?
- Eu tenho andado sempre por aqui. Sou uma pessoa de rotinas duras. Faço sempre tudo da mesma maneira sempre as mesmas horas.
- Nunca mais te vi.
-Tu és assim, rsss. Easy come easy go.
Ana tinha aberto uma gaveta. Tinha começado a terapia das gavetas. Era bom descobrir coisas das quais já não se lembrava mais.
- Há quanto tempo não te sentas à janela, descansando os olhos no verde? – perguntou a Ana.
- Dois anos. Parece que foi ontem. As coisas mudam à velocidade da luz. Em dez anos as coisas mudaram tanto…
- Arrependida?
- Não é arrependimento… é … é pensar que não deviam ter acontecido…
- Mas aconteceram.
- Que algumas coisas aconteceram sem eu esperar.
- A maior parte das vezes é assim.
- Que se não tivessem acontecido…
- Nada teria sido diferente.
- Porquê?
- Existem vários caminhos para chegares ao teu destino mas todos vão lá dar.
Ana coloca um cd no gravador. A música começa a tocar.
“Lord of the Ages came one night…”
- Há quanto tempo não ouves Magna Carta?
- Imenso.
Leonor abriu a janela e olhou para o jardim em frente. Estavam alguns galhos da velha árvore caídos no chão derrubados pelo vento.
- Não te preocupes. Estão outros a crescer..- disse a Ana
- Por onde tens andado Ana?
- Eu tenho andado sempre por aqui. Sou uma pessoa de rotinas duras. Faço sempre tudo da mesma maneira sempre as mesmas horas.
- Nunca mais te vi.
-Tu és assim, rsss. Easy come easy go.
Ana tinha aberto uma gaveta. Tinha começado a terapia das gavetas. Era bom descobrir coisas das quais já não se lembrava mais.
- Há quanto tempo não te sentas à janela, descansando os olhos no verde? – perguntou a Ana.
- Dois anos. Parece que foi ontem. As coisas mudam à velocidade da luz. Em dez anos as coisas mudaram tanto…
- Arrependida?
- Não é arrependimento… é … é pensar que não deviam ter acontecido…
- Mas aconteceram.
- Que algumas coisas aconteceram sem eu esperar.
- A maior parte das vezes é assim.
- Que se não tivessem acontecido…
- Nada teria sido diferente.
- Porquê?
- Existem vários caminhos para chegares ao teu destino mas todos vão lá dar.
Ana coloca um cd no gravador. A música começa a tocar.
“Lord of the Ages came one night…”
- Há quanto tempo não ouves Magna Carta?
- Imenso.
Leonor abriu a janela e olhou para o jardim em frente. Estavam alguns galhos da velha árvore caídos no chão derrubados pelo vento.
- Não te preocupes. Estão outros a crescer..- disse a Ana
Leonoreta
11 Comments:
Por muito que sejamos rotineiros, ou tenhamos já algumas rotinas pré definidas e das quais já não abdicamos, porque o ritmo de vida assim o requer, temos talvez de dar mais atenção a certas coisas que nos rodeiam e, está tambem no texto uma boa chamada de atenção para isso.
Quando algo está a terminar, se tivermos suficiente espirito de observação, havemos de notar que alguma coisa de novo está a começar.
Bom fim de semana.
JMC
Por vezes só me apetecia fazer uma loucura, isto é, sair da rotina e sei lá fazer o que passar pela cabeça...enfim! Nesses anos todos deves ter saido da rotina, não!? :D
PARA JMC
ou seja, José, dentro da constância há sempre aquela inconstância e é pela constância que vamos aguentando a surpresa da inconstãncia. tive um professor de filosofia que me explicou isto mas muito melhor do que eu agora digo aqui.
abraço da leonoreta
...e posts?!!..aguardamos..
Um post muito interessante e agradavelmente escrito, como os anteriores posts! Continuas a ser ADMIRÁVEL!
Um grande beijinho para ti
O virar da página, o fechar do livro e, está consumada a despedida.
Vou-te contar um segredo. Será mesmo segredo? Com tantos a ler, duvido.
Deixa-me mais saudades o passado que está para vir do que o passado actual.
Saber que não poderei ver esse passado vindouro, é uma espécie de saudosismo da angústia, a impossibilidade de saber a continuação do filme da nossa existência. Como eu gostaria de saber como o protagonista desta aventura humana se vai desenrascar no futuro. Como irá vestir-se? O que será considerado cultura? Acabaremos com a fome ou ela acabará connosco? Que longevidade teremos? 150 ou 200 anos, não quero pensar que retomemos os 50. Que meio de locomoção substituirá o automóvel? Fins de semana noutro planeta? Casamentos intergaláticos? As crianças já serão adultas aos 10 anos de idade? Computadores accionados só pelo pensamento? Que espécie de governos iremos ter para substituir a democracia, que como sabemos está um bocado caduca? E o bem e o mal? Continua o mesmo critério de definição, ou teremos outra forma de ajuizar o nosso comportamento? Em fim, deixa-me sonhar com aquilo que nunca verei.
Um beijo. Augusto
Querida Leonor
Diálogos de férias... quando parece que queremos arrumar o mundo.
Tens mesmo que usar óculos de ver ao perto :) Os painéis são pequenos, mas consegue-se ler. Desculpa, mas não consigo pô-los maiores, já tentei mas não dá, nem sei porquê.
Um beijo
Daniel
Leonoreta,
Continuas a ser maravilhosa na tua maneira de escrever.
Aguardo a tua visita ao meu sinestesia-crepuscular. Obrigado
Beijinhos
do Pepe.
Amiga,
às vezes confundes-me com essa "Ana"... parece-me que muitas vezes vives em mundos paralelos!
Dou por mim, muitas vezes, a ler o que tens escrito ao longo dos tempos... muitas vezes vejo que existe dois seres diferentes, com uma filosofia e uma maneira de enfrentar os desafios da vida muito peculiar. Mas é esta Ana que mais me confunde e que procuro sempre nas linhas que escreves.
Muitas vezes pergunto-me "Por onde tens andado Ana?"...
"Poetas Andaluces de Ahora"... ai que saudades eu tenho desses tempos de luta.
Um abraço
José Gomes
acaso ou designio?
escolhe as gavetas
repete os passos
pé ante pé
repõe o porqué?
[invo][evo]lução
certezas,sorte,acaso...
escolha, imposição...
liberdade??
se o mar fosse apenas água e sal...que seria da maré?
gosto de olhar a janela do porqué, de espreitar pelas frestas da fé...e tanta vez responder apenas :
"tu és assim...."
um abraço
* nunca havia ouvido Magna Carta ...obrigado
É uma das coisas que me assusta nestas sociedades apressadas e cheias de compromissos, é a perda da capacidade de olhar à volta e amar as coisas simples.
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