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Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Friday, July 06, 2007

Inato ou adquirido ?

Toda a gente me diz que me preocupo demasiado com as coisas e que preciso de aprender a relaxar na vida. “as coisas valem o que valem”, dizem-me.
Pois realmente eu vejo as pessoas à minha volta muito relaxadas e para falar a verdade verdadinha eu até queria um temperamento desses para mim.

Como é que se atinge esse estado de perfeição?

Questiono-me se já nasceram assim com esse dom ou se o adquiriram por aprendizagem… a ver outros que tais. Contudo, as pessoas que eu conheço e que conseguiram o desejado relax não me querem dizer como é que lá chegaram. E eu, sozinha não consigo atingi-lo.

De vez em quando, perante alguma insistência da minha parte, há um que me diz, para me despachar, “não te preocupes com coisas mesquinhas”.

Longe de me relaxar mergulho ainda mais fundo na tensão.

- E o que é uma coisa mesquinha? – quero saber.
- Uma coisa mesquinha é uma coisa que vale o que vale.

Sinto que o pensamento se me escapou. Que a voz se foi e entro num repetido imbróglio existencial.

- Uma coisa que vale o que vale quer dizer que... - Ingenuamente tento sacar nabos da púcara.
- Uma coisa que vale o que vale é uma coisa que tem um valor diferente para mim diferente daquele que é para ti. O amor por exemplo, para mim pode ser importante e para ti não.
- Hum...
- Leonor... o que tens andado a fazer?
- A dormir, acho eu.
- Relaxa.
- Ah, sim. acerca do relaxar... como é que se faz?
- Mas tu estás a brincar?
- Quem? Eu? Eu não.
- Já te disse para não ligares a coisas mesquinhas. É esse o truque.

Ainda não foi desta vez que consegui que me dissessem. Se não for inato deve haver uma maneira de lá chegar. Mas como? Sim! Como?

Leonoreta

17 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Cara Leonor
Essa coisa, está-nos na massa do sangue. Relaxe. Vc sabe, olhe as coisas como elas são, isto é, vc entende... , e no fundo, as coisas valem mesmo o que valem. Sabe Leonor, cada um é como cada qual, e realmente, nenhum é como evidentemente. Por isso, seja assim mesmo, tranquilidad.
(em caso de dúvida, o prefácio de qualquer manual de bolso freudiano resolve o problema...ou então, há sempre o conselho amigo de gente desinteressada...(mesmo que leitores de literatura ( freudiana claro...)* de loja de 300)
Peço desculpa. Sigmund Freud foi um grande homem, e não tem culpa das rescenções de meia tigela.

1:59 AM  
Blogger Zé-Viajante said...

Relaxa,Leonor, relaxa.
Como ? Não sei, mas também não é importante.
É só deixar correr. Atentos, mas sem stress.
A Vida são dois dias, ambos bons, e hoje tens as Sete Maravilhas.
De cá e da Humanidade (Será ?)
Bom fim de semana.

8:02 AM  
Blogger Paula Raposo said...

Para mim, é uma aprendizagem. Demora tempo e há quem não chegue lá. Beijos.

2:56 PM  
Blogger A.S. said...

Querida Leonor,

Este teu texto lembra-me Virgilio Ferreira que diz numa das suas obras:

"Há duas formas de reagir ao desastre do nosso tempo. Uma é denunciá-lo e sofrer com isso. Outra é colaborar e levá-lo até às últimas consequências.
O primeiro lamenta-se e a tragédia é tudo quanto exprime. O outro, se ainda é possivel, faz disso a sua palhaçada. E há ainda o que, no intervalo dos dois, nem sofre nem ri e sente-se muito bem no meio dos destroços!"

Pensa nisso....

Um terno beijo e um bom fim de semana!

7:48 PM  
Blogger lena said...

Leonor minha amiga

é o que tenho tentado fazer durante tanto tempo

se umas vezes consigo. outras quase rastejo

ainda há pouco estava na cama, sem forças, sem me conseguir erguer, uma injecção, uns comprimidos a mais e aqui estou eu a ler-te e a tentar não pensar

inato ou adquirido?

o poeta diz e deve ser assim

no meio dos destroços

abraço-te com muita ternura, com o meu carinho e com muita amizade, doce amiguinha

beijinhos muitos

lena

9:01 PM  
Blogger augustoM said...

Um tema difícil de consenso. Sem dúvida é o valor subjectivo das coisas que faz despertar o interesse. O que seria do mundo se todos gostássemos da amarelo?
Mas vamos ao que interessa, o relaxar. Depende do que entendemos por relaxar. Se o relaxar for a desculpa do desinteresse, como acontece na maior parte das vezes, onde o nosso egoismozinho tem um papel importante, então quem quiser que fique relaxado, porque eu fico cada vez mais tenso com a intensidade que o assunto me merece, e se tudo o que me rodeia merecer a minha atenção, o meu estado normal é tenso, e tenso será o meu carácter.
Não há coisas mesquinhas, a valerem o que valem, é um tremendo erro em que incorre a nossa avaliação. Quem sou eu para avaliar a importância das coisas? A importância do meu semelhante não conta? Continua tensa Leonor, é a prova de que o mundo não se circunscreve ao teu.
Um beijo. Augusto

9:37 AM  
Blogger happiness...moreorless said...

é uma pergunta difícil sem duvida mas a verdade é que é muito importante relaxar, no entanto, também é bastante perigoso.

Boa semana =)
***

4:51 PM  
Blogger Isamar said...

Minha querida Leonor!

Como sempre, li o post com atenção e,por alto, os comentários. Gostei. De tudo.Do que te dizem e do teu desabafo, da forma como encaras a vida e como te angustias com os problemas que, segundo te dizem, alguns ,são mesquinhos. Isso tem a ver connosco. Com o "tecido de que somos feitos" e com os outros que vamos vestindo à medida que vamos crescendo.
Sabes que mais? Vive como sabes viver, como o teu "eu" te dita e deixa lá o que os outros pensam ou dizem. Cada um tem a sua matriz. Obedeçamos à nossa.
Beijinhos. Muitosssssssssss

6:28 AM  
Blogger . said...

Pois é dificil obter essse estado em relação á vida, mas normalmente as pessoas que se preocupam por tudo e até pelas coisas mais pequenas, costumam mudar a vida das pessoas em seu redor e apesar de as outras pessoas nada dizerem, sentem a falta de alguem como tu! ;-)

12:38 PM  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Leonor
Também tenho treinado essa característica do "deixa andar" porque não tem a importância que lhe atribuímos. Julgo que o problema está em nós acharmos que tudo deve ser levado a sério, com profissionalismo, com atenção. Mas o que é facto é que a maioria das pessoas está-se nas tintas para esta forma de ser, querem é sobreviver da melhor maneira, mesmo que isso implique desleixo e injustiças. Claro que ganham algum descanso e, até, ficam mais anestesiadas a cada situação semelhante, mas é algo que custa a engolir... por isso, há que fazer um esforço consciente para pensar: "não vale mesmo a pena que eu me preocupe". Com algumas tentativas, a coisa funciona mesmo. Podemos ter mais "paz" de espírito (talvez aparente), mas isso implica que não nos impliquemos, passo a redundância. Ui, que falador.
Um beijo
Daniel

2:53 PM  
Blogger deep said...

..se deixo sou desleixado, se agarro sou teimoso...se não olho sou indiferente...se observo sou curioso...se é natural é porque tive sorte...se defendo é porque sou mesquinho...
já agora inato é o ovo ou a galinha???

irra...mais uma para me preocupar...

um abraço

2:09 PM  
Blogger Barão da Tróia II said...

Já deixei de me preocupar, faz demasiado mal, boa semana.

4:03 PM  
Blogger Zé Costa said...

há realmente muitas coisas inatas, mas na minha opinião essa, não é uma delas, assim como a inépcia o lascismo, que requerem isso sim muito tempo de apredizagem, o passar o problema para os outros e quando isso sucede, é o atinguir de um objectivo, o descansar de seguida, é menos uma preocupação, posso então enfim relaxar despreocupadamente.

JMC

4:32 PM  
Blogger Leonor said...

PARA JMC

ola Jose
ja sentia a sua falta aqui nesta loja de tertulias.
e mais uma vez obrigada pelo seu comentario sempre tao a proposito.
abraço da leonoreta

4:35 PM  
Blogger Mocho Falante said...

pois é...a melhor forma é relaxar e desvalorizar o que não interessa...como se faz? não se faz...vai-se fazendo...

beijocas

Ps: Já respondi ao desafio dos livros

10:53 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olá, leonor!
Esta é uma realidade que deve ser encontrada pelo próprio, uma busca que incessante que cada um deve efectuar.
Todos nós temos uma personalidade com determinadas características, o importante é saber conviver com elas.
As coisas valem o que valem, tudo depende da visão que nós colocamos sobre as mesmas.

Um beijo

11:43 PM  
Blogger Unknown said...

Olha, pra começar, pára de pensar no tens de fazer pra semana, no dia seguinte, o que vai ser o jantar esta noite. Deixa a tua mente no presente. Cada dia é um dia e vive-o tranquila.
Tenta fazer com que as chatices no dia-a-dia não sejam por tua causa.

Tens de cultivar uma politica de deixa andar.

Queres uma dica? Observa um rio a correr por um momento mais ou menos longo e através da inspiração que vai surgindo na mente, tentas fazer com que a tua vida se assemelhe ao próprio curso do rio. É um processo complicado, mas é possível.

Agraço de um estoicista/epicurista convicto, 8)

7:33 PM  

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