Ex Improviso

Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

My Photo
Name:
Location: Lisboa, Portugal

Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Friday, June 29, 2007

Pela trigéssima sexta vez

Aconteceu mais uma vez. Pela trigésima sexta vez aconteceu outra vez. Juro que não sei como acontece e amedronta-me pensar quantas mais vezes poderá acontecer. É uma sensação horrível de abandono que eu não desejo a ninguém. Fico revoltada comigo mesma. Odeio-me. Felizmente nunca entro em pânico. Acontecer-me logo a mim! A mim que tenho um sítio para cada coisa e cada coisa nunca sai desse sítio.

Penso naquela forma do tempo, Kronos malvado, que passa impiedosamente por mim, no seu tic tac, sem querer saber. Lentamente, o meu estado de desespero conduz-me a outro estado, o da resignação. É Kayros que toma conta de mim agora. Perdi a noção da passagem do outro tempo, e vivo o momento presente que se estende por horas. Saltei para a criatividade do meu íntimo e sou alma.

Busco palavras para músicas, para contos, para respostas.
- Porque deixo ficar as chaves em casa? - grito desesperada.

Leonoreta

18 Comments:

Blogger Zé-Viajante said...

É de adolescente mas já vi em pessoas respeitáveis: as chaves ao pescoço numa espécie de colar...
Boa semana, Leonor.

7:58 AM  
Anonymous Anonymous said...

Olá Leonoreta,

Perguntas porque deixas as chaves em casa, eventualmente será porque não queres abrir a porta!

Beijinhos e bom fim de semana

Ana Joana

8:53 AM  
Blogger Leonor said...

PARA ANA JOANA

tal hipótese seria uma boa argumentação para FReud.
todavia, as coisas são bem mais simples do que isso.
distracção, pura e simples.

beijinhos da leonoreta

9:15 AM  
Anonymous Anonymous said...

Não sei quanto tempo vive uma daquelas bactérias que vivem a dezenas de km de profundidade nas paredes das chaminés das fontes termais que existem nos mais profundos recantos dos oceanos. Não sei o tempo da luz primeira que se expande para além dos confins da compreensão. Sei do Kronos , que a profundidade e a amplitude do sentir, fez sumir como a névoa ao sol nas manhãs de verão. Depois, tudo é Kaíros, porque tudo se vive, tudo se faz, tudo se sente, tudo se diz. E então o tempo, é só uma ilimitada almofada de conforto, e não a implacável espada Dâmocles, suspensa ao sabor de qualquer urgência. Porque a inevitabilidade está na alma, e é acima de tudo, a expressão do desejo.

Desculpe Leonor. Creio que me distrai, e acabei por falar sozinho.
Infelizmente também me acontece muitas vezes deixar a chave dentro de casa. Mas sabe, se treinar muito, talvez um velho cartão de crédito enfiado na ranhura da porta, ajude. A mim resulta sempre. Aprendi com uma empregada de uma loja de fechaduras, que estava zangada com o patrão, numa das vezes que foi lá a casa para me abrir a porta. Continuo a deixar a chave dentro, mas nunca mais lhe telefonei. (ao patrão).
Tenha um bom fim-de-semana, e aproveite para fazer uma cópia, e esconde-la debaixo do vaso que tem à porta.È a garantia de que entra sempre e não se presta a leituras bazarocas.

10:43 AM  
Blogger António said...

Querida Leonor!
Um texto arrebatado, pleno de fulgor e de elucubrações que me estava a deixar meditando sobre o que te teria causado tanta perturbação e...deixaste as chaves em casa!
ah ah ah
Mas tu julgas que isso não acontece aos outros? Que os outros também não deixam chaves dentro dos carros?
Claro que sim!
Mas com os problemas dos outros podes tu bem!
ah ah ah

Beijinhos

1:31 PM  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Leonor
Mas não te esqueces do número de vezes que tal aconteceu... :) Pode ser algo primordial, quem sabe... se fizesses uma regressão talvez descobrisses a razão não gostares de transportar chaves... terias sido guarda de calabouço? :)
Um beijo
Daniel

11:45 PM  
Blogger Sr. Jeremias said...

Aceita uma sugestão. Faz uma lista mental e percorre-a todos os dias antes de saires de casa. Tipo chaves, telemovel, carteira...

3:38 PM  
Blogger augustoM said...

Era tão bom as palavras obedecerem aos nossos desejos, paciência, ficamos pendentes da sua boa vontade.
Um beijo. Augusto

1:19 PM  
Blogger Cusco said...

Olá! Passo para deixar um abraço e agradecer a sempre simpática visita pela “Aldeia”.
Por aqui o Julho vai ser longo e já ferve nos montes!
Quanto a ser a trigésima sexta vez.. não tem problema: À dúzia é mais barato…
Até breve!

5:49 PM  
Blogger Pepe Luigi said...

Leonoreta,
Não reparei se és do mesmo signo que eu (eu sou aquário. E se há objecto que eu me esqueço, perca ou me roubam são as chaves.
Porque será, se não acontece com outros objectos?

Um beijinho
do Pepe.

7:35 PM  
Blogger Isamar said...

Olá, Leonor!

Voltarei para te comentar. Agora só te quero dizer que o bom Dia Isabel, morreu. Acho que andava espalhando vírus assim como o email.
Logo que tomei conhecimento disso, limpei o pc, mudei o nome do blog,ficou uma homenagem a Sophia de Mello Breyner, que muito admiro, e mudei o email. Mandar-te-ei o novo, em breve.
Beijinhos.

5:28 PM  
Blogger lena said...

Leonor, amiguinha doce e querida

vim com palavras, apesar de não me ter ausentado, pois estive sempre, porque só sei estar!

desculpa nada te dizer, essa falta dói-me mais que as palavras que não deixei

foi preciso parar um pouco, não me deixar conduzir pelas emoções, pensar que não queria ser cinza, navegar mesmo sem água, foi necessário parar...

quero ser a última letra
de todas as palavras por terminar

voar entre silêncios e rasgar as nuvens escuras

pois caminhei sobre as palavras, tropecei nas pedras, mergulhei o olhar na saudade e a alma quase que deixava o corpo de tão pesada estar

volto lentamente, apanhei as tuas chaves e para não te esqueceres delas silenciosamente vou dizendo ao teu ouvido que elas são precisas.

as minhas “chaves” diferentes das que te esqueces em casa, vão ter que abrir de novo vários caminhos

estar atenta ao que escreves, alimentou-me muitos dos meus momentos

abraço-te com ternura, com amizade, com muito carinho

abraço-te porque preciso!

beijinhos meu amiguinha doce

lena

1:18 PM  
Blogger Mocho Falante said...

olha a mim volta e meia é arroz queimado...mas mais uma vez temos um texto que relata deliciosamente os episódios que nos causa uma angustia tremenda lool

beijocas doces

PS: vai uma fitinha porta chaves para pores ao pescoço?????

8:33 PM  
Blogger . said...

No futuro as chaves irao deixar de existir e ai nao vais ter mais preocupações!! :D

10:01 PM  
Blogger Espaços abertos.. said...

Por vezes os actos mais rotineiros cem no esquecimento...

Bonito texto muito bem arguentado.
Bjs Zita

10:26 PM  
Blogger deep said...

..já li isto algures, será???

um abraço e um doce e feliz fim de semana

1:30 PM  
Blogger mixtu said...

as chaves em casa, lugar delas... na verdade nunca as deviamos de lá tirar...

abrazo europeu

10:09 PM  
Anonymous Anonymous said...

Querida filósofa dos mares, poso esse com o intuíde de resguardar a mais preciosa de nossas vidas, chaves que abrem nossos horizontes..
Quem sabe por ser aquariana (ou não..) um belo chaveiro que a anime a não esquecer mais as chaves..
Um abraço

4:11 AM  

Post a Comment

<< Home