Ex Improviso

Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Wednesday, May 09, 2007

Cinco fases de uma perda

Podem pensar que sou uma vaidosa. E pensam muito bem. Longe de mim, esconder-me em denegações freudianas, dizendo que não sou o que sou.

Assim sendo, não posso deixar de (ainda na continuação do Thinking Award Blog) dizer que além

do António do blog Eu sou Louco
da Lena do blog Cabana de Palavras
do Al do Poliedro
do Mocho do blog Mocho Falante

também a Isabel do blog Bom dia Isabel me deu mais uma honra ao nomear-me. Obrigado Isabel.

Fico contente de saber que o Ex Improviso se tornou querido.
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O seguinte texto surgiu de um trabalho que tive de fazer num seminário de psicologia para explicar as cinco fases de um luto segundo Kubler Ross (negação; revolta; barganha; depressão e aceitação. Então era assim:


Depois de duas décadas de uma relaçao que ela julgava perfeita a vida dava-lhe aquela surpresa que, ainda por cima, ela julgava não merecê-la. Aquilo não podia estar a acontecer. Não. Decididamente não. Não com ela.

Aos poucos instalou-se a revolta. Nada do que ela tinha sido, nada do que ela tinha feito tinha merecido o menor valor. Houve momentos maus. Mas toda a gente tem momentos maus. E os bons? Para onde tinham ido? Era com esses que ela contava que pesassem na velhice dos dois, na construção de uma afinidade entre os dois.

Não aceitando a traição, tentou negociar a sua presença, saber até que ponto ainda era importante. Insistia nos momentos bons. Lembras-te quando……..? ele não cedia. Aos poucos ela perdia argumentos, entregava-se ao desalento. Aos poucos nem ela se lembrava já dos bons momentos. Era a mágoa dos maus momentos que ganhava o seu consciente e lhe tirava o sorriso.

Como aceitou? O tempo ajudou. Dias passando. Dias a passar. O tempo curou.
Um dia cortou o cabelo. Mudou-lhe a cor. Comprou outras roupas. Foi jantar fora. Numa mesa de dois lugares, enquanto o jantar pedido não vinha, entretinha-se a olhar, pela janela do restaurante as pessoas que passavam na rua. De tão absorta que estava não reparou num olhar da mesa mesmo ao lado da sua que, em vão, buscava o seu.

Ela tinha mudado de aspecto. De vida. Levaria tempo…… o tempo….. a mudar o resto.
da Leonor

23 Comments:

Blogger António said...

Querida Leonor!
Parabéns pela tua nomeação pela Isabel Maria.
Li com interesse o teu texto sobre as cinco fases do "luto".
Penso que já lera ou ouvira qualquer coisa sobre o asunto mas nem me lembrava.
Agora fiquei mais esclarecido.
Estás a ver como é justo que o teu blog seja considerado como um dos que faz pensar?

Obrigado pelo teu comentário ao meu conto "Herança".

Beijinhos

9:42 PM  
Anonymous Anonymous said...

Realmente o tempo é o grande remédio para tudo. Parabéns pela nomeação que bem mereces.

3:19 PM  
Anonymous Anonymous said...

Nunca é tarde para se ficar surpreendida.
Agora quanto ao tema das cinco fases, a Psicologia tem dessas coisas, isto é: a capacidade de estarmos ao mesmo tempo dos dois lados, pormo-nos no lugar de alguem e sem nunca misturar sentimentos, sermos tambem nós próprios.

Bom fim de semana

JMC

3:40 PM  
Anonymous Anonymous said...

Cara
Há uma rotina que se faz de gestos repetidos, Um conforto. Que estrutura a consciência do estar vivo no melhor do que seja que isso quer dizer. O seu blog, é a rotina que se faz motivo estruturante da tal felicidade (prazer) adivinhado. Não é nenhum suporte de uma indisfarçável sublimação. É muito mais o companheiro merecido, que se faz complemento de um ou mais copos de tinto numa madrugada de noite de sexta. POR isso lhe peço desculpa, mas o seu escrito, terá dois comentários meus esta semana. Esta que se faz cumprimento, e outro que se fará reflexão, Tenha um bom fim de semana.
Contudo, e à laia de entretanto, lhe digo que...deus do céu, quanto difícil é a cada um, saber que vida...só há uma, e ...minuto passado , é minuto perdido...

12:32 AM  
Anonymous Anonymous said...

O tempo é um bom remédio para a cura.Olhar em frente e apreciar os prazeres que vida nos fornece é também uma boa forma de esquecer os maus momentos.Bjs

12:36 AM  
Anonymous Anonymous said...

Olá Leonoretta,

A importancia de se fazer o luto sempre que uma perda significativa ocorre, é determinante para a qualidade do recomeço.

E ao longo da nossa vida, temos sempre alguns lutos a fazer.

Mas "por morrer uma andorinha não acaba a primavera" e por "ela" (andorinha) bater asas e voar, tambem não rssss!


Beijinhos e bom fim de semana
Ana Joana

2:33 AM  
Blogger Isamar said...

Não tenhas quaisquer dúvidas , Leonor! Este Ex improviso é um espaço por onde se tornou imprescindível passar. Muito querido, mesmo! De todos nós, afirmo-o, pelas palavras que leio. Vaidosa? Quem o não é, desde que emocionalmente "sadio"?
Bem,quanto ao post de hoje,não é excepção, gostei muito. E não me alongando mais, faço minhas as palavras da Ana Joana.Um comentário que diz tudo quanto eu gostaria de dizer.
E continua a escrever estes fragmentos que sendo pequenos se tornam nos maiores que a blogosfera tem.
Beijinhos e bom fim de semana.

9:19 AM  
Blogger Paula Raposo said...

Sempre ouvi dizer que o luto tem de ser feito para se poder renascer sem a dor. Gostei de te ler. Beijos.

1:31 PM  
Blogger augustoM said...

Olá Leonor
Não foste só tu a cultivar a vaidade, também tive uma colheita razoável de nomeações, o que é no mínimo simpático.
Quanto ao texto desta semana. Há uma expressão, muito portuguesa, para esse processo que ocorre a seguir à perda. É preciso fazer o luto. Parece duro, mas não é, se pensarmos que o luto, nada tem a haver com terceiros, mas com o esvaziamento da nossa dependência sentimental de terceiros. É uma espécie de rejuvenescimento, que o vento do tempo, sopra nas nossas vidas. Tudo fica circunscrito a uma doce ou má lembrança, que tanto num caso como no outro, não nos impedem de rejuvenescer.
Um beijo. Augusto

11:27 AM  
Blogger mac said...

Hello, venho retribuir a visita, e fiquei encantada com este post. Retrata muito bem essas tais fases por que se passa. Tal e qual como a metamorfose duma borboleta...

9:35 PM  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Leonor
A aceitação é muitas vezes o mais difícil. Aplaudo e sua consecução!
Um beijo
Daniel

9:52 PM  
Blogger Leonor said...

PARA JMC

é verdade Jmc. a ciencia dos comportamentos mostrou-nos que o nosso cérebro é uma maquina fantastica.
abraço da leonoreta

12:18 PM  
Blogger Leonor said...

PARA ANONIMO

de facto, anonimo, ha rotinas boas. podemdurar a eternidade que serao sempre boas.

leonoreta

12:19 PM  
Blogger Leonor said...

PARA ANA JOANA

o povo fala e ás vezes tem razao. as vezes.
porque por exemplo, por vezes é preferivel dois passaros a voar que ter um na mao.
mas neste caso da andorinha morrer ou emigrar e da privamera continuar é verdade. terei de dize-lo á autora das cinco fases, kubler ross.

beijinhos da leonoreta

12:23 PM  
Blogger migalha said...

pois, não sei, não, como se faz o luto......

1:46 PM  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Querida Leonor

Mais uma vez PARABÉNS se existe um blog que merece é o "Ex Improviso"

O tempo______ o melhor e maior aliado para tudo

Beijinhos com muito carinho
Bsemana

4:57 PM  
Blogger A.S. said...

Depois de uns diazitos de férias cá estou junto das tuas palavras, umas vezes reflexivas, outras engraçadas, outras ainda rebeldes e não raras vezes contundentes, desalinhadas do convencionnal afrontando rotinas a padrões tidos como intocáveis! É assim que eu gosto!!!

Quanto a este texto vou dizer-te apenas uma coisa para que medites uns segundos sobre ela...

É demasiado ténue a linha entre a pose e a perda! Tão frágil como a fronteira que separa a vida da morte!...


Um terno BeijO!

4:58 PM  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Querida Leonor

Foste nomeada___pasas pelo "Fragmentos"

Beijinhos com carinho

4:38 PM  
Anonymous Anonymous said...

E para as 5 fases de um luto do Kubler Ross contraponho o Modelo dos 5 factores: Extroversão, Agradabilidade, Conscienciosidade, Estabilidade Emocional e Abertura para a experiência, que ao definirem os traços de uma personalidade, iriam, porventura, determinar o tempo necessário para superar a perda, que sendo provocada pelo amor, pela morte seria catastrófico, demoraria muito menos a superar.
Deixas-me sempre resignado…
Abraço.

6:03 PM  
Blogger lena said...

Leonor, minha doce amiga

um dia péssimo para te comentar...

apesar de já ter lido um cem número de vezes, hoje tinha que ser, tinha que te dizer como senti cada passagem. faltam-me os momentos bons, não os sei encontrar...
não consigo chegar à aceitação, a revolta ainda existe

e repito para mim o que o Poeta aqui escreveu para ti: "É demasiado ténue a linha entre a pose e a perda! Tão frágil como a fronteira que separa a vida da morte!..."

como eu sei o quanto é frágil. basta querer...

abraço-te, abraço-te muito, com muita força, abraço-te até te conseguir sentir

deixo-te um terno beijo, minha doce amiga, minha querida Leonor

lena

5:50 PM  
Blogger Mocho Falante said...

olha de facto é sempre assim, quando menos esperamos há sempre alguém que nos olha...nos quer e nem sempre damos por isso tal é a forma como estamos absorvidos na nossa esfera

beijocas

7:53 PM  
Blogger ... said...

Nossa! que texto mais lindo! encontrei por acaso pesquisando as fases do luto no google e acabei por encontrar uma ilustração perfeita do que é isso no dia-a-dia... Meus parabéns!

5:36 PM  
Blogger Unknown said...

Minha perda pulou para fase da depressão, tive um grande amor platônico, não pensei que existisse mas existe sim eu comprovei, tive essa infelicidade ainda mais pq a pouco tempo ela se casou levando qualquer sentimento de esperança que pudesse existir. Agora espero pular para faseda supareção.

9:19 PM  

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