Fragmentos dela, dele e às vezes dos outros (7)
A meio das suas vidas tropeçaram um no outro. Pensaram que foi sem querer mas já tinham combinado o encontro noutra dimensão.
Há pessoas que conhecemos desde crianças e que nos acompanham durante quase toda a nossa vida. Existem outras que só aparecem em determinados momentos por determinados períodos. Algumas nunca mais as vimos. Outras, vamos encontrando por ai. São as fadas e as bruxas que nos influenciam nos avanços e nos recuos da nossa espiritualidade.
Eles pensavam que se tinham cruzado por acaso porque a alma, no dizer de Platão, quando cai no corpo, esquece-se, para pensar que pode viver a sua livre iniciativa.
Ele era o senhor do vento, que às vezes há, outras vezes não. Ela era a dona das nuvens sempre envolta numa névoa que lhe tapava os sentidos e não a deixavam ver a realidade.
Não tinham tempo um para o outro porque não faziam parte do espaço quotidiano de cada um. Ou não tinham espaço porque não tinham tempo.
Tropeçaram um dia e continuavam a tropeçar de vez em quando com segundos de partilha em séculos. Mas só quando havia vento. Mas só quando havia nuvens.
Há pessoas que conhecemos desde crianças e que nos acompanham durante quase toda a nossa vida. Existem outras que só aparecem em determinados momentos por determinados períodos. Algumas nunca mais as vimos. Outras, vamos encontrando por ai. São as fadas e as bruxas que nos influenciam nos avanços e nos recuos da nossa espiritualidade.
Eles pensavam que se tinham cruzado por acaso porque a alma, no dizer de Platão, quando cai no corpo, esquece-se, para pensar que pode viver a sua livre iniciativa.
Ele era o senhor do vento, que às vezes há, outras vezes não. Ela era a dona das nuvens sempre envolta numa névoa que lhe tapava os sentidos e não a deixavam ver a realidade.
Não tinham tempo um para o outro porque não faziam parte do espaço quotidiano de cada um. Ou não tinham espaço porque não tinham tempo.
Tropeçaram um dia e continuavam a tropeçar de vez em quando com segundos de partilha em séculos. Mas só quando havia vento. Mas só quando havia nuvens.
da Leonor
22 Comments:
Tropeçaram um no outro a meio das suas vidas. Seria bom que, juntos, tivessem prosseguido o caminho. Estariam talhados um para o outro? Parece-me que sim. O segredo está na complementaridade e, neste caso, vento e nuvem podem manter um equilíbrio harmonioso para sempre.
Gostei Leonor. Voltarei para reler e, quiçá, para comentar.
Beijinhos
Fico desconcertado com a forma serena, cristalina, de como descreves estes desencontros.
Sem duvida já passei por muitos. Nunca teria a capacidade de os sentir assim, quase conformado, como se a minha incapacidade para alterar o destino fosse um dado adquirido.
Ao ler os teus fragmentos fico com uma tentação enorme de os alterar…
Um abraço.
O destino marca a hora? (Como a distância se faz tempo, e o tempo se faz cura).
Grande Tony de Matos, que foi um grande cantor…
Mas…
Maio maduro Maio / Quem te pintou /
Quem te quebrou o encanto / Nunca te amou
Raiava o Sol já no Sul / E uma falua vinha/ Lá de Istambul
(como o vento).
É em Maio que o vento é mais quente. Trás cheiro a rosmaninho e às flores amarelas de trevo que inundam os campos.
E às papoilas vermelhas no meio do cereal, à terra ainda húmida e ao alcatrão molhado.
Também.
Num território que não tem latitudes, (porque o tempo não lhe dá espaço), o Suão faz-se Levante como filho dum Siroco perfumado dos cantos de Sherazade. E as nuvens que saltitam, são os brancos olhares que deambulam no horizonte.
Afinal, o horizonte faz-se de tropeções. Dela, dele, sempre (e para ).
E às vezes (também) dos outros.
Nota: Cara Leonor, já reparou que com o acentuar da mudança de clima, verifica-se nos dias de hoje, que está praticamente sempre nortada? Notável é que se tal se revela deveras desastroso para a utilização da praia, é contudo uma bênção nestes tempos de energias limpas.
Querida Leonor
Realmente, a história das nossas (múltiplas) vidas. Nem sempre nos encontramos na mesma posição social, mas se procurarmos, sentimos que já passamos por aqui.
Um beijo
Daniel
Querida Leonor,
Quantas vezes é no silêncio que nos abrigamos das nossas ausências, que o tempo vai consumindo em noites cada vez mais longas...
Um silêncio que não tem voz, mas não se cala!
Depois, acabamos sempre por adormecer num só corpo e acordar em destinos diferentes!...
Um terno abraço!
linnndo Leonor, fiquei deveras arrepiado como brincaste com as palavras...é de uma sensibilidade fantástica, PARABÉNS
beijocas
Um texto que daria 'pano para mangas'. Digo eu. Beijos.
PARA ANONIMO
ao tempo que já comenta os meus textos ja lhe conheço (penso conhecer) o seu estilo metaforicamente bi direccional.
desculpe, mas hoje não tinha palavras mais adequadas para me expressar.
isto para lhe dizer que gosto do que escreve: uma realidade nua e crua para quem a entende e simultaneamente muito poetica.
leonoreta
Querida Leonor!
Desta vez os fragmentos parece estarem fragmentados.
Gostei da forma literariamente superior como abordaste a questão dos altos e baixos da relação dele e dela.
Beijinhos meus
As almas gémeas que nem sempre se encontram no mesmo espaço, mas que partilham a mesma temporalidade.
São "partidas" da vida que provocam os encontros e os desencontros.
Um beijo. Augusto
A Primavera tarda embora os campos já comecem a estar em flor.O frio do Inverno perdura. Desejo-te uma bos semana.
Beijinhos
abençoado vento
Leonor, minha doce amiga,
tropecei na vida.
abraço-te com muito carinho
beijos, muitos
lena
Já agora:há uma Ministra que consegue vencer um duelo com jovens estudantes.
É de gritos!
Pode ser visto e ouvido no Peciscas.
Leonor doce e querida amiguinha
tropeçamos muitas vezes, precisamos de saber como nos levantar
conhecer é partilha, é contacto mesmo por palavras escritas, é diálogo, é ser …
tropeçamos, sonhamos, sentimos, abrigamo-nos, ficamos ausentes, silenciamo-nos no tempo, tudo de costas voltadas
o sr do vento e a sra dona das nuvem como os conheço bem...
tropeço sim muito
abraço-te com todo o carinho, este teu texto diz tanto e está muito bem escrito, pegas sempre em temas que nos dizem tanto e eu acabei envolvida na neblina, valeu-me as tuas palavras que são como o sol, aquecem a alma!
beijinhos para ti, muitos
lena
Olá! Aproveito para deixar os votos de uma Santa e Feliz Páscoa!
O texto que acabei de escrever tem por objectivo homenagear todos os meus familiares: Os vivos, os mortos e os que estão por nascer ainda. O mundo é muito, muito pequeno.. … quem sabe se esse cheiro a flores não te persegue e protege a ti também….Para Sempre!!!
Até breve
SE DEUS QUISER
Olá, Leonor!
A vida por vezes é um conjunto de realidades que se cruzam, nem que seja ocasionalmente.
Bom post!
Um grande beijinho!
Cada vez que tenho tempo para aqui passar, gosto sempre de ler os teus textos...
;)
Só tropeçavam um no outro quando as condições o permitiam. De resto, sonhavam. Uma boa Páscoa.
Beijinhos
Leonor,
Muitos parabéns pela encantadora forma da tua escrita.
Esta fábula natural embora numa figura de estilo narrativa, fez-me voar pelos espaços do meu recheado passado infantil.
Desejo-te uma boa e tranquila Páscoa.
Um beijinho
do Pepe.
Tão bonito... Vou ler para trás! :-)
Que blog...Mais um que me encantou pelos textos e por incrível q pareça consegui obter algumas respostas para algumas situaçoes pelas quais ja passei e q estao aqui descritas quase ao pormenor!
Virei mais vezes decerteza!;)
cpts
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