Leonor no Inverno do seu descontentamento
De vez em quando tenho a Leonor a pedir-me para escrever qualquer coisa para manter a porta do blog aberta semanalmente. E cada vez que ela o faz instala-se-me crises de sintaxe. A mulher das palavras é ela. A mulher que vive em dimensões paralelas e simultâneas através de sensações transmitidas pelas metáforas é ela.
Não precisas de ficar assim, diz-me. Faz o que todos fazem quando escrevem: encosta a caneta ao papel que ela desliza sozinha. Mas ela mente. Escrever não e assim tão fácil. Escrever nunca é fácil. Eu vejo-a quando ela escreve. Ela começa, ela pára, recomeça, apaga, não fala, lê o texto, morde os lábios, emenda uma frase, entrelaça os dedos…
Os seus textos de improviso começam a ser pensados com antecedência. Paradoxalmente, brinca com o sentido da língua por respeito a quem a lê.
Penso como começar.
“Leonor pediu-me que fosse eu, esta semana a escrever para os seus amigos do blog”
Uma dúvida assalta-me.
Eles conhecem-me? Pergunto-lhe.
Conhecem-te de gingeira, responde-me.
Tens a certeza? Insisto.
Oh! Se tenho. Descansa-me.
Continuo.
“Paradoxalmente, no inicio da Primavera, Leonor vive sempre o “Inverno do seu descontentamento”.
Continuo.
“Paradoxalmente, no inicio da Primavera, Leonor vive sempre o “Inverno do seu descontentamento”.
da Leonor
21 Comments:
Nunca descobri, se as duvidas são maiores nos amanheceres gélidos e ventosos de Novembro, ou sob as trovoadas de céus rasgados nas tardes sufocantes de Maio, quando o cheiro a alcatrão molhado, soa a grito libertário num arco de qualquer triunfo não especificado.
A autora conhece-se? Não acredito. A resposta é uma mentira piedosa, um incentivo inocente e bem intencionado. O que ela aqui procura em cada sábado, é a sua descoberta, na descoberta do reflexo em cada um dos outros que a lêem. É a busca de si, a busca dela mesma. É o tramitar de um caminho infinito, de quem tem uma sede insaciável.
Eu cá não a conheço, Por isso, venho sempre. Mesmo que faça o papel, do espectador que pacientemente revia pela undécima vez o filme onde a passagem pontual do comboio, tapava a beldade que á janela se despia. Era a eterna esperança de que um dia o comboio chegasse atrasado.
Li o post mas o tempo para comentar é curto. Deixo-te um beijo grande e o desejo de um bom fim de semana. Voltarei para encostar a caneta ao papel e deixar fluir as palavras para a amiga Leonor.
Beijinhos
O paradoxo e a dualidade sempre existentes no ser pensante! Digo eu. As palavras continuam, mesmo assim, a deslizar no papel...beijos.
Querida Leonor!
Querida Ana!
Mais um dos vossos textos a duas mãos que ecoa com a sonoridade de uma sonata do Ludwig.
Adoro as vossas conversas e elucubrações e a vossa escrita.
Adoro as duas!
E vos digo que a Primavera vai chegar até vós, também, e sem ironia!
Beijinhos meus
Acho que nada do que se quer fazer bem feito na vida, é fácil!.
Tenho também a sensação, que as alterações de estação teem uma forte influencia sobre nós os terrestres, alteram-nos o estado de espirito se calhar tambem alguma ansiedade a mistura, enfim um sem numero de alterações que vão fazendo com que cada vez sejamos melhores, na tentativa de nos aproximar-mos da perfeição naquilo que gostamos de fazer.
Bom fim de semana.
JMC
E agora venho só agradecer à Leonor (ou à Ana?) o comentário ao meu texto "Adoramos o papá!".
Beijinhos
Olá Leonoretta,
É interessante: já pensaste que a primavera anuncia o renovar. Renovar pressupõe mudança, introdução de novas variáveis ou de novos elementos, em oposição ao outono que parece que "apaga"/limpa" e o inverno que introduz a pausa para preparar o novo ciclo.
A mudança afecta, insecuriza (verbo novinho em folha, acabadinho de ser inventado para este blog rssss). E a insegurança é uma das tuas melhores inimigas. (O "melhores" tambem é de propósito: depois do caos nada fica igual! rsss e normalmente melhora!).
Beijinhos para as "duas" e ..... bons resultados.
Ana Joana
PARA ANA JOANA
ola ana joana.
depois do caos nada fica igual. tambem na ordem, no cosmos ha mudanças. provavelmente, sem querer entrar em filosofias porque nao domino o assunto, o caos é uma entropia do cosmos.
mas nao é isso que eu quero dizer
depois do caos nada melhora, nem piora. tudo fica diferente. mais distante ou mais proximo.
beijinhos da leonoreta
PARA JMC
a perfeição nao existe. mas ha sempre a tentação da aproximaçao ao divino...
abraço da leonoreta
Querida Leonor, não resisto em deixar-te aqui um poema de António Cabral de uma Antologia de Poemas Durienses
I
Descalça vai para a fonte
Leonor pela verdura:
Vai formosa e não segura.
II
Se tivesse umas chinelas
iria melhor...; mas não:
com dinheiro das chinelas
compra um pouco mais de pão.
Virá o dia em que os pés
não sintam a terra dura?
Leonor sonha de mais:
vai formosa e não segura.
Formosa! Não vale a pena
ter nos olhos uma aurora
quando na vida – que vida! –
o sol se foi embora.
Se os filhos se alimentassem
com a sua formosura...
Leonor pensa de mais:
vai formosa e não segura.
Há verduras pelos prados,
há verduras no caminho;
no olmo de ao pé da fonte
canta, livre, um passarinho,
Mas ela não canta, não,
que a voz perdeu a doçura.
Leonor sofre de mais:
vai formosa e não segura.
Porque sofre? Nunca soube
nem saberá a razão.
Vai encher a talha de água,
só não enche o coração.
Virá um dia... virá...
Os olhos voam na altura
Leonor não anda: sonha.
Vai formosa e não segura.
Para ti... com um beijo...:)))
Olá, Leonor!
Excelente texto, onde a qualidade é notória!
Escrever nem sempre é fácil, o que por vezes dificulta a tarefa de quem o faz, mas o que se faz por gosto...
Bjs
Querida Leonoretta,
Tenho um novo blog. Não sei se chegaste a receber um email...
És uma das pessoas mais honradas para ler o meu novo blog.
Bom fim de semana!
Beijinhos
Olá temos zanga com a amiga? Experimenta por uma a ditar e a outra a escrever, num dia, e o inverso no outro, e assim sucessivamente. Quem dita inventa, quem escreve corrige.
Desta forma as dificuldades são partilhadas, pela mesma mão.
Se escrever não é fácil, a escolha do tema não se fica atrás.
Um beijo. Augusto
Já reenviei o convite para o outro endereço que me indicaste... recebeste?
e ela tinha razão em mandar-te escrever...está bom, muito bom mesmo
Boa Primavera, Leonor!
Até sempre
Querida Leonor!
Venho só agradecer o teu comentário à minha história "Um encontro inoportuno".
Habitualmente deixo as histórias (mais ou menos) abertas.
A maior parte delas permitiria uma continuação.
Gosto de as escrever assim e não acabar com o "casaram, tiveram muito filhinhos e foram felizes para sempre".
Beijinhos
Sim e não,preto e branco, quero e não apetece, a vida é mesmo assim, boa semana.
"Início da Primavera(...)Inverno do seu descontentamento duas grandes dualidades...
Boa semana
Bjs Zita
Olá Leonor.
Um bom Domingo e com uma semana em cheio.
Abraço.
Zé
Leonor, doce amiguinha
trabalho facilitado hoje, colocas a Ana a escrever, olha que ela também encanta com a sua escrita
dualidade de momento
a primavera chega na hora dela, eu pouco a senti
mas ela vem aí para te encantar e fazer esquecer por momentos o rigor do inverno, cinzento e gélido
hoje tenho que dar um beijo às duas, Leonor não te esqueças que um beijo é da Ana
a ti abraço-te com um grande carinho, doce menina
lena
Post a Comment
<< Home