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Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Friday, January 12, 2007

Fragmentos dela, dele e às vezes dos outros (1)


Quem ele esperava não tinha aparecido. Ao fim de duas horas decidiu que não esperaria mais. Abriu o porta bagagens, olhou para a cesta de verga e pensou em deitá-la fora com tudo o que estava no seu interior: uma garrafa de bom champanhe (que provavelmente ela não apreciaria a diferença por lhe ser pueril), dois flutes e umas tostas minúsculas próprias para acompanhar o caviar. Ele tinha comprado mesmo caviar.

Subitamente, alguém, ofegante se colocava ao seu lado, perguntando à queima roupa se ele sabia onde ficava uma determinada rua. Ele olhou para o papel e depois para ela.

- Está com muita pressa? – perguntou ele. Ela não respondeu. Não percebeu a pergunta.

- Está com muita pressa? – repetiu ele.

- Porque pergunta? – Ela continuava sem entender. Só pretendia a informação. Se ele não sabia procurava noutro lado.

- Tenho champanhe e caviar nesta cesta. Não quer fazer um pic nic naquele banco ali? – E apontou para um banco em frente a um chafariz no meio de uma praça muito pequena, ajardinada, que despontava no meio da cidade como se fosse um oásis no meio do deserto. Ela hesitava. Estaria a sonhar? Aquilo era mais um truque do seu imaginário. Decidiu aceitar a constância da surpresa na diversidade dos dias. Afinal não estava com pressa.
da Leonor

25 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Olá Leonoretta!

Que sorte ela teve rsssss!
E se calhar ele tambem rsss!

Até fiquei com uma invejita dela - acho que apreciaria uma cena destas.

Ao fim e ao cabo, acho que a maioria de nós apreciaria. (será que estou a ser mto reducionista, ao avaliar a maioria por mim???)

Beijinhos e bom fim de semana

Ana Joana

7:18 PM  
Anonymous Anonymous said...

O sindroma do medo.
Quando alguém nos faz uma proposta gentil o primeiro pensamento é o da possível maldade.
Felizmente para "Ela" que teve coragem.
Muito bonito, como é teu apanágio.

A propósito...o champanhe e o caviar estavam bons?
;-)

Beijinhos

9:04 PM  
Blogger António said...

Querida Leonor!
Um mergulho, pequenito, no campo da ficção.
Em relação à história, devo dizer-te que acho que é esta uma das melhores forma de um homem conquistar uma mulher. Surpreendendo-a!
(no melhor dos sentidos, claro!)
E tu, que és mulher, me dirás se tenho ou não razão.
Gostei do conto.
Tens de fazer mais e maiores...eh eh.

Beijinhos

10:58 PM  
Anonymous Anonymous said...

Ótimo conto, que bom que pudessemos nos entregar assim de uma maneira tão doce e ingênua às surpresas da vida!
Bom seria fugir um pouco do roteiro monótono que às vezes a vida pode se tornar.
Beijos, bom fim de semana pra ti.

12:45 AM  
Blogger Leonor said...

PARA ANA JOANA

perguntas se não estarás a ser reducionista julgando a maioria por ti.

bom...

a lingua falada reflecte as vivencias de uma cultura. o facto de nós usarmos o vocábulo "gente" quando queremos generalizar uma situação vivida significa que temos a certeza , por acumularmos representações, que outros sentem como nós.

daí que a tua invejita seja igual á minha e á do outro.


beijinhos da leonoreta

9:22 AM  
Blogger António said...

Querida Leonor-etta!
eh eh
Quero agradecer a tua presença comentadora no meu post do Jaquim da GNR (não foi o Rui Reininho).

Beijinhos

10:24 AM  
Blogger Flor de Tília said...

Um conto muito agradável e bem escrito para começar este sábado soalheiro que anuncia mais um bom fim de semana.Este cavalheiro tinha todos os ingredientes( sim porque de um cavalheiro se tratava)para cativar uma mulher. Eu pertenço ao grupo daquelas que gosta de ser surpreendida. Sou mais feliz assim? Creio que sim!
Aceitaria o convite? De um desconhecido, não sei afirmar. Ficaria renitente mas com caviar e champanhe não sei até onde iria a minha resistência. rssss
Beijinhos, Leonor.

10:28 AM  
Blogger . said...

Olá, só passei para te desejar um bom ano!! ;) bjs

12:49 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olá, Leonor!
Não é todos os dias que surge semelhante proposta!

Bjs

6:43 PM  
Blogger A Professorinha said...

Muita coisa pode começar de encontros destes... não seria bonito uma história de amor?

BEijos

10:35 PM  
Blogger augustoM said...

Se a dica pega, é ver os galãs de garrafa de champanhe debaixo do braço e tuper wear com bolinhos.
Um beijo. Augusto

10:52 PM  
Anonymous Anonymous said...

O mundo é muito maior, que a representação que dele fazem, os que o pintam no dia a dia. Mesmo quando o rio ou o mar se fazem fontes, e o azul se faz verde.
Talvez por isso, a criatividade é sempre um exercicio limitado à expressão do horizonte de cada um. Parabens! Felizmente o seu horizonte, viaja com a expansão do universo. O que não faz de si crédula. Só merecedora.

Nota:(Se rescrever o texto (um dia) pode meter na história, uns frigorificos minorcas, que agora existem, e se metem na mala do carro, que de tão modernos serem, até têm uma ligação de isqueiro a 12 v por ali. É que o caviar, vai bem, quando é servido bem fresco)

12:39 AM  
Blogger Mocho Falante said...

sabes uma coisa....eu adoro as histórias que contas...bom já para não falar da forma como as escreves

beijocas

12:59 AM  
Blogger Daniel Aladiah said...

champanhe no parque? Why not?
Um beijo
Daniel

10:54 PM  
Blogger mixtu said...

fragmentos de quem procura a sorte...

os flutes... a praça central ajardinada com uma... (capela)... como gosto das praças com uma capela...

Também não estou com pressa...

(pelo teu bom gosto e dom de escrita estava para convidar-te para tertúlia sobre poesia... queda para a próxima...

besitos

11:11 PM  
Blogger Maria Carvalho said...

Gostei de ler! Quem não gosta de ser surpreendido com coisas agradáveis?!! Beijos.

12:25 PM  
Blogger Astri* said...

Leonor minha linda :D volteiiiiiii!
E adorei.. Adorei o que li. Hum.. acho que se fosse comigo com o mau feitio que tenho mandava-o comer sozinho :X Lol
Mas aprecio estas cenas. Fazem-me sempre corar e sorrir envergonhada.. :P
Bem só para dizer.te que volte..
Beijiho ****

8:30 PM  
Anonymous Anonymous said...

Leonor, menina linda!
um excelente momento este, perfeita a tua maneira de escrever, mas isso em ti já é habitual

eu como sempre entrei na ficção, deixei-me seduzir e pensei que até podia ser eu...

como era bom que assim fosse, sem desconfianças,

ser surpreendida é o meu ponto fraco, ou será forte? sei que adoro e adorei ler-te


beijinhos muitos e como sempre um abraço meu cheio de ternura

lena

8:54 PM  
Anonymous Anonymous said...

Não me perguntes porquê, não consigo explicar.
Não consigo tirar da ideia, depois de te ler, que, realmente, o percurso mais curto, simples acrescento eu, entre dois pontos é a recta que os une.

Abraço:)

9:25 PM  
Anonymous Anonymous said...

A pressa é um túnel onde por vezes mal se vislumbra a luz que é a única saída, talvez por isso os sábios sejam donos do Tempo e navegadores do SER.
VP

9:30 AM  
Blogger Luna said...

Talvez se na verdade soubessemos partilhar, o que vai na cesta e na alma, a vida fosse bem mais leve
beijinhos

11:33 AM  
Blogger Leonor said...

PARA VP

gostei que tivesses passado por cá. já havia muito tempo que não o fazias.

beijinhos

9:03 AM  
Blogger António said...

Querida Leonor!
Visita breve para agradecer o teu comentário ao meu post das meninas à boleia.
Quando o comecei a escrever sabia que tinha pano para mangas.
Agora apetecia basear-me nesta "short story" e escrever o guião para um filme.
Mas não para ser realizado pelo Manoel (com O) de Oliveira.

Beijinhos

1:55 PM  
Blogger Zé-Viajante said...

" Vive o Momento. NOW "

Um abraço, Leonor

9:37 PM  
Blogger Aldina Duarte said...

O imaginário romântico pode ser vertiginoso, ou simplesmente natural, depende da verdadeira natureza dos acontecimentos!

Até sempre!

12:02 AM  

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