Sai um bitoque
Hoje venho falar de colocações administrativas. E de QZP’s. Amanhã, provavelmente, falarei da primeira vez que estrelei um ovo, e tal variante de assunto justifica o título do meu blog, pensado demoradamente (durante duas horas mais ou menos) tendo em conta o fio orientador a que me propunha passear na blogosfera.
Mas para explicar o que é uma colocação administrativa deixem-me dizer primeiro o que é um QZP. O ministério da educação dividiu o território português em várias zonas pedagógicas (QZP). Cada zona pedagógica abrange quatro ou cinco concelhos circundantes. Cada zona pedagógica tem um número. Lisboa é o 11. Este ano vinculei no QZP 11. Enquanto não me arranjam uma escola para eu exercer as minhas funções atribuíram-me uma escola, suponho que ao calhas, mas agora também estou a especular, só para eu diariamente ir lá, assinar o livro de ponto e cumprir o horário normal de cinco horas para justificar o meu ordenado mensal. Ou seja, fui colocada administrativamente.
Mas para explicar o que é uma colocação administrativa deixem-me dizer primeiro o que é um QZP. O ministério da educação dividiu o território português em várias zonas pedagógicas (QZP). Cada zona pedagógica abrange quatro ou cinco concelhos circundantes. Cada zona pedagógica tem um número. Lisboa é o 11. Este ano vinculei no QZP 11. Enquanto não me arranjam uma escola para eu exercer as minhas funções atribuíram-me uma escola, suponho que ao calhas, mas agora também estou a especular, só para eu diariamente ir lá, assinar o livro de ponto e cumprir o horário normal de cinco horas para justificar o meu ordenado mensal. Ou seja, fui colocada administrativamente.
Pertenço à escola administritativa mas não faço lá nada. Brevemente, espero, irei para outra. Contudo, assisto a reuniões dessa escola, assino as actas, digo que sim com a cabeça e às vezes, quando apanho as minhas colegas mais caladas, que independentemente das circunstâncias são colegas para todos os efeitos, intervenho com algo da minha experiência de docente que julgo ser útil, com o intuito bem profundo de apenas passar bem o tempo.
Entretanto, estou a perder reuniões onde, obrigatoriamente, eu devia estar presente na “tal” escola que não chega. E quando chegar, não vou saber de nada porque não estava lá. A senhora ministra, Dra. Lurdes, quer o “mais fazer” em vez do “mais mostrar”. Concordo, mas não é assim, colocada administrativamente, que eu produzo.
Estou danada. Estou furiosa até à ponta dos cabelos. Nestas alturas sinto que não sou eu. Alguém (Calígula, Gengis Khan, Torquemada?) sopra-me nos ouvidos acções individualistas e anti democráticas para um resolver um assunto que me faz de palhaça.
O que me deixa furiosa realmente não é bem a ineficácia do sistema mas a minha impotência para resolver as contrariedades que surgem. Esbracejo, abano negativamente a cabeça que imediatamente seguro com as mãos para se manter no sítio, quase que bato com os pés no chão. Mas as coisas estão de pedra e cal escarrapachadas em despachos com números pomposos (inventados por vipes minesteriais que nunca puseram os pés numa escola um dia inteiro) como o 910 ou o 83 que eu não sei se existem, mas quase que estou certa que existem e que se destinam a atrapalhar-me.
Um dia destes matriculo-me em gestão hoteleira e abro um tasco onde só eu sou a manda chuva e não me venham cá dizer como devo estrelar ovos.
da Leonor
29 Comments:
Bem verdade. É que sem ovos também não se fazem omoletes!! Beijinhos para ti, bom fim de semana.
Olá Leonor, ainda bem que explicaste, que eu já estava a pensar o quanto burra e desenformada eu era com esta sigla...vai tudo correr bem, tens é que ter calma, pelo menos vais ficar perto de casa e da família, embora eu pense que a experiência no Norte foi positiva.
Beijoka, theo
Querida,
Sua indignação é mais do que justa. Fico a me colocar no seu lugar e sinto o quanto essa situação é desconfortável. Só posso desejar que as coisas se desenrolem bem e que tudo termine de forma favorável a ti.
Tente manter a calma e se manter inteira. Acima de tudo, pense que tudo vai dar certo. Fico daqui na torcida.
Beijão pra ti.
Posso fazer uma pergunta inocente? Onde estudam os filhos dos senhores Ministros, Deputados e a fins? Na Suissa? Porque todos os anos se repetem essa incapacidade de organização que deve refletir nos alunos,ou não? Devem faltar professores numa escola e sobrar em outra.
beijos
Nunca percebi bem o processo de colocação de professores. Também não admira, pois tive o azar de não ter optado pelo ensino.
Azar? Sim, eu disse azar, pois já estaria reformado.
Mas, por outro lado, tive imensa sorte, pois iria desgastar-me inutilmente como tu. A impotência é o pior das situações, pois só afecta os melhores... Claro que não sei se seria dos melhores, mas sei (porque sinto) que tu pertences ao grupo (20%?) de professores que gostaria de dar o mais possível ao sistema e aos alunos.
Se te serve de consolação, informo-te que eu não sei se sei estrelar um ovo. Nunca me atrevi. Mas a tua ideia do restaurante não parece má. Ficarias rica em pouco tempo e, se calhar, com menos esforço. Com menos impotência é de caras... o sistema era teu, serias tu a Lurdes que dizia como seria a colocação dos ovos na frigideira...
Beijinhos e bfs.
É tão triste o que se passa no nosso pais, as pessoas não passam de um simples numero, cada vez menos importa a parte humana, até para as crianças seria bem melhor se não houvesse tamto desgaste psicologico dos professores.
beijinhos
upssssssssss!! encontrei este blogue mesmo em "braza"...!!!!
Há muitas injustiças...!
A verdade é que o Ministério "pensa" no interesse de todos os professores...(no grupo) e, quando assim é, há sempre vozes descordantes...
Bjs
Paulo
E depois admiram-se que um tipo se passe e saia de casa com a caçadeira em riste!... ;-)
Podes lá tu empenhar-te seja no que for, sabendo que estás longe do local e das pessoas com quem é suposto vires a trabalhar, e que os "teus meninos" estão a ser acompanhados por outrém que não a sua professora, que és tu?
Bem... Para além de continuar na maior torcida para que tudo se resolva o mais rapidamente possível, queria ainda pedir-te que, se acaso abraçares a carreira alternativa mo digas. Porque um bitoque "perfeito", com um bife saboroso e passado na conta certa, a batatinha cortada à antiga, não muito escura e mais macia que estaladiça (à tasca), o ovo estrelado direitinho sem a clara crua, de preferência com a gema um pouquinho esbranquiçada pela passagem do óleo, e com aquele molhinho bem condimentado onde molhar o pão, é coisa que já raramente se encontra.
Estou certa de que farias os melhores bitoques da região e arredores e depois ensinavas a arte e o mundo ficaria muito melhor! :-)
Bom, mas por enquanto, torcemos é para que te dêm o fogão certo e as panelinhas que te pertencem, porque é impossível fazer-se bons cozinhados sem condições.
Um abraço!
Querida Leonor!
Que bem convertes o estado de irritação num post carregado de boa disposição e humor (mordaz, como sempre).
É sempre um prazer ler o que escreves.
Obrigado pela tua visita e por não seres impertinente.
Beijinhos
Olá, Leonor!
Espero que este teu problema em concreto se resolva o mais rápido possivel.
Bjs
Não esqueças...
Quando abrires o "tasco" avisa que mando a malta toda cá do norte provar os teus petiscos...
Parece-me que voltas a ser, de novo, a Leonor, a Mafaldinha do Quino que tanto admirei em ti: a contestatária.
Passa pelo Movimentum...
Uma bom domingo e uma boa semana.
Um abraço
Um abraço, Leonor. Não há dúvida que professora sofre...
sempre quis perceber melhor como funcionava o processo da colocação de professores por isso li atentamente as tuas palavras.
ainda bem que existem pessoas como tu que escrevem assim e mostram a sua revolta perante este tipo de situaçoes que so podem ser inadmissiveis!
boa sorte!
um beijinho*
Essa ministra já me dificultou a vida e agora a dos professores...não gosto nada dela!
Olá Leonor,
Tu sem alunos e eu com dois tão bons para ti! É que os meus gemeos entraram para o 1º ano e eu adoraria que fossem teus alunos! Posso subscrever uma lista a solicitar à Lurdinhas que venhas para a Portela? Podes crer que arranjava quorum (a minha capacidade manipulativa para levar os restantes pais a assinarem não falharia). Há de facto desperdicios que dão uma raiiiiva!
Votos de colocação breve (já agora, aqui rsss).
Beijinhos
Ana Joana
para Ana Joana
ola. por fim matas o silêncio, rsss e que é bom é ouvir-te novamente.
por acaso já estive perto da portela e gostei. a turma era excelente.
mas nao te preocupes. já tenho alunos. afinal, embora atrasada ainda cheguei a tempo. (isto é um paradoxo não é?)
beijinhos da leonoreta
Honrosa Leoa...
Sempre que oiço o tema que "embala" sonoramente o teu blog, não evito divagar um pouco pela imágem do "grande" D. Quixote. Esse mesmo, o que combatia valentemente gigantes imaginários, em defesa de valores de cavalaria, de forma a ser merecedor do coração de Dulcineia. Sempre, sempre e incondicionalmente acompanhado pelo seu fiel Sancho. No tempo em que D. Quixote andou pelo mundo conecia-se uma bitola, chamava-se lei, moral, regra, conceito, procedimento ou bom senso, qualquer uma delas valia para regular o que não se regulava por si. Todos chegamos um dia á famigerada encruzilhada, onde uma atitude é necessário que se tome. A opção de ires estrelar ovo para um tasco, não me parece adequada á tua capacidade de observação e denuncia do errado. Imagino que muito cedo estarias a espetar com a frigideira nas fuças de um cliente que só por embirração desfeiteasse o teu menu. Como não possuo as qualidades de vidência, tb não vou cometer a inconveniencia de te apontar qualquer solução. Os acomodados dirião... o que não tem remédio, remediado está. Os esperançosos... amnhã, um novo dia será. Os plácidos... quem não se sente, não é filho de boa gente. Os crentes... Atrás de mim virá, quem bom de mim fará. O Paulo Coelho... Segue o teu coração e age de acordo com os seus conselhos. Eu acrescento... e vai jogando no euromilhões, pode ser que te saia e entretanto vendem o ministério da educação em hasta pública, com alunos e tudo.
hehehehe
Olá,
Parece que, foi mais uma vez apanhada por uma variante da chamada doença de colocação de professores, só que desta vez mais perto de casa e portanto, com pelos menos apoio moral, mas, este Ano não perdeu o sentido de humor, que diga-se de passagem está bem afiado.
Boa semana.
JMC
Pois é cara Leonor, a triste sina do ensino nesta terra de lorpas. Boa semana
Podes crer.
Solidarizo-me contigo e se quiseres, vou para lá fazer saladas de fruta e sangria :)
porque isto só com muita sangria é que se consegue fazer qualquer coisa! :)
Van
Querida Leonor
Mas já atingiste o estatuto de QZP... parabéns! Pior seria estar desempregada. As coisas são complicadas e o Estado nunca foi bom patrão, mas confere segurança no emprego (para quem for funcionário público) e na reforma.
Um beijo
Daniel
Efectivamente os meus finais são insólitos...julgo que aprendi com a vida, que sempre me conseguiu premiar com finais muito, muito, "insólitos" :))
beijinhos
Van
Gostei imenso do texto...realmente é verdade que as directrizes ministeriais nada tem a ver com a realidade quotidiana das escolas.
Gosto da ideia de abrir um tasco, penso um dia conseguir abrir um meu, daqui a muito tempo, algo para me entreter quando chegar a altura da reforma :)
Beijinhos
Eu sinto uma vergonha e uma indignação tão grandes por estar num país que não se esforça, politicamente, para fazer entender minimamente a toda a gente o que é a nobreza, pela utilidade determinante para o futuro da Humanidade, inclusivé, da profissão/missão dum Professor!?
Até sempre
Oi Leonor!
Difícil ter paciência quando se trata de querer trabalhar direito e depender de outros...
Aqui no Brasil tb temos muitos entraves na educação...
Hoje me vejo frustrada pois em minha escola os portões ficam abertos no período da tarde - que vai das 13 as 18:20hs, e no último período, depois do intervalo quase não ficam alunos...
A direção acha que "os bons ficam" mas o que vemos, não é bem isso... Me entristece e aborrece e fico a pensar, o que eu posso fazer para mudar esta situação?
Nosso períod da tarde já tem poucos alunos, somente 7 das doze salas são ocupadas, e ainda por cima, agora isto...
Compreendo o que é trabalhar sem fazer nada, um paraiso para os calões e um inferno para os trabalhadores. É o país qe temos, e não nos vamos livrar deles tão cedo.
Um beijo. Augusto
Leonoreta, vai ao Pitanga. Há flores para ti.
beijos
Querida Leonor!
Venho aqui agradecer o teu comentário ao post d'"A tropa".
E dizer-te que me dá sempre um grande gozo a ironia e mordacidade com que escreves.
Deliro!
Beijinhos
Só amanhá é que há nova edição?
Paciência, volto depois...
Bom fim-de-semana.
Um beijo.
Post a Comment
<< Home