Ex Improviso

Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

My Photo
Name:
Location: Lisboa, Portugal

Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Saturday, June 03, 2006

Sou uma moura

Minutos antes da última parte da aula começar Isabel entra na minha sala e diz-me que as listas definitivas da colocação de professores saem às seis horas. Ahhhhhh! A essa hora estou a fugir para casa de camioneta e lá não tenho acesso à Internet. Ana diria que “esperar é uma virtude” ao que eu retorquiria “quem espera desespera”.

Telefono ao VP e dou-lhe o endereço do site do ministério e o código que dá acesso à abertura do documento. Seis horas da tarde… agora viaja-se de dia devido aos dias serem mais compridos. Viaja-se com mais calor também. Mas a luminosidade diurna distrai o olhar nas árvores presas ao chão, trazendo da memória o texto que dou aos miúdos :

“No Meio da Floresta
havia uma adivinha.
Quem a adivinhava voltava para casa,
quem não a adivinhava nunca mais vinha.
A Sara gostava muito da casa
mas ainda gostava mais de adivinhas.
Meteu-se pela Floresta sem nenhum receio
e só parou mesmo no Meio.
Vê se és capaz de adivinhar esta
disse o Homem Mau Dono da Floresta
adivinha se vais voltar para casa ou se não,
se vais ficar aqui para sempre presa ao chão”
... e o poema continua.


Cinco minutos depois das seis
Dez minutos depois das seis

Deixo de pensar na Sara e no homem mau e desvio o meu olhar para as letras pequeníssimas da Ilha do Tesouro.

Quinze minutos depois das seis
Vinte minutos depois das seis

O VP telefona. Abriu o documento. Tem o meu nome à frente. O meu número de colocação e… o QZP de colocação.
Demasiado bom. Demasiado fácil. A primeira zona que escolhi. Vou voltar à minha Lisboa. Sentir o cheiro de óleo no pontão de embarque, olhar as cordas sujas que prendem o barco ao cais, aguentar-me direita em cima da plataforma enquanto ela oscila para um lado e para o outro ao sabor da ondulação.
No barco, ocupar o meu lugar de sempre. À mesma hora encontramos quase sempre os mesmos rostos nos mesmos lugares. Enfiamos as caras nos livros, nos jornais… na janela, reconhecendo os edifícios, o Castelo, as Amoreiras, o Terreiro do Paço, a Sé…
O rio tem várias tonalidades e várias ondulações consoante as horas do dia. às vezes é verde, às vezes é azul, às vezes é malhoco, às vezes é flat...
A fúria de ser o primeiro a sair do barco para ser o primeiro a chegar ao metro. Dão-se encontrões, ninguém liga, quando não perdemos os transportes que estão programados ao segundo.
Sou uma moura. Não tenho como negar.

“Quem espera sempre alcança” dirá a Ana



Da Leonor

21 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Parabens e, é verdade!! 'Quem espera sempre alcança'.
Agora mais perto de tudo (familia que é o mais importante) e de todos.
Vamos portanto ter uma nova etapa, mais perto, mais feliz e portanto mais produtiva, ora portanto mais descontração, mais consentração, logo mais escrita e portanto mais textos para nós podermos disfrutar, estou certo?

Bom fim de semana.

JMC

4:14 PM  
Blogger Caracolinha said...

Dirá a Ana ... e dírá muito bem, digo eu ... ;)

'jinho encaracolado ;)

4:51 PM  
Blogger augustoM said...

Parabens Leonor, vais voltar do exílio, mas não tanto, pelo menos tiveste a oportunidade de conhecer os nossos meninos lavradores do Norte. Será uma grata recordação para ti.
Nem sempre quem espera alcança, mas vale sempre a pena tentar.
Um beijo. Augusto

11:00 AM  
Blogger saltapocinhas said...

PARABÉNS!Vdesta vez puseste os números diteitinhos!! ;-)
Agora que sejas moura convicta, eu acredito, mas também acredito que ainda vais ter muitas saudades dos teus "celtinhas"!
Claro que estar perto da família compensa tudo, mas as turmas de crianças do campo (e tanto podem ser do minho, como das beiras, como do alentejo ou algarve) são mais "doces" qua as das crianças dos arrebaldes de Lisboa!

11:25 AM  
Blogger Alexandre de Sousa said...

Aguardo uma visita lá no pedaço

11:40 AM  
Blogger lena said...

fico muito feliz por ti doce Leonor, parabéns,
sei quanto se "sofre" nestes momentos, ou melhor a angústia que toma conta de cada um, até se ver o preto no branco,
ainda bem que estás colocada na tua primeira opção,
que Lisboa te receba como sempre,
vai ficar uma sabor a saudade da antiga escolinha, fica sempre, é normal, mas o importante é voltares a sorrir e isso acho que consegui sentir, o teu belo sorriso

mereces bela menina

o meu beijo, amiga e um abraço onde vai o me carinho

lena

1:03 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olá Leonoretta,

Costumo dizer que temos que ter cuidado com o que desejamos porque nos arriscamos a ter. Aliás, esta frase não é original minha, mas encaixa muito bem na minha estrutura rsss. Na tua tambem.

Beijinhos e bom regresso.

Ana Joana

2:35 PM  
Blogger Mocho Falante said...

querida Leonor...

fico feliz pelo teu desejado regresso às origens.

Um grande sorriso do tamanho do mundo

3:31 PM  
Blogger António said...

Querida Moura!
Ainda bem que se fez a tua vontade.
E a adivinha?
Afinal és uma moura com a mania que é a Agata Christie?
Bom texto, como de costume.

Beijinhos

4:24 PM  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Leonor
Quando conseguimos o que desejamos ficamos felizes, por momentos... quisera ver lá o meu nome, mas não sou desses concursos. Quem diria, haver quem quisesse ser...
Um beijo
Daniel

7:07 PM  
Blogger Astri* said...

;) Que saudades de vir aqui ao teu cantinho. adorei o texto.

beijos ***

7:45 PM  
Blogger GNM said...

Certamente que contarei tudo!
Com direito a fotos...

Mas ainda faltam 11 dias!

Continua a sorrir!

12:57 AM  
Blogger Alexandre de Sousa said...

O CUMPLICIDADES já está à venda no meu blog.

2:08 PM  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Querida Leonor

Vais ser colocada em Lisboa?

Desejo de todo o coração que sim.

Beijinhos

10:23 PM  
Blogger Barão da Tróia II said...

Parabéns, não é coisa que aconteça do pé para a mão. E dá alguma esperança aos 60 mil que ficaram a apanhar papeis.

10:04 AM  
Blogger Leonor said...

para JMC

vamos ver JMC se a concentração e a produtividade voltam. cientificamente tudo indica que sim. mas o meu desgaste foi grande. neste momento estou sem rum e espero que seja a minha casa a devolver-mo.

abraçp da leonoretta

9:36 PM  
Blogger Leonor said...

para ANA JOANA

o que eu digo +e mais ou menos parecido.
na mente temos o pensamento em energia pura. mas neutra. se a lançar,os para fora ela materializa-se em má ou boa.

beijinhos da leonoretta

9:38 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olá Leonor.
P A R A B E N S
Bem vinda a Lisboa e aos teus mais queridos.
Beijinhos
Luisinha

12:05 AM  
Anonymous Anonymous said...

Que bom :) Parabéns, fico contente por ti.
Tb eu sou moura.....
Beijos

10:29 AM  
Blogger M.P. said...

Ainda bem! Os meus parabéns pelo teu regresso às tuas cercanias!! :) Que tudo corra bem melhor!! Beijinho

4:57 PM  
Blogger APC said...

Que bem contado...
Tão "bem sentido"...
E por vezes assim é, quando cai em nós a notícia tão ansiada. Num movimento quiça de antagonismo catártico, ou apenas de imediato alívio pelo fim da espera, quedamo-nos, simplesmente, a vaguear por nós e em imagens; sem energia, sequer, para pensamentos contrafactuais: "e se não tivesse sido?...".
Não. Tudo se resolveu e resolvido está; e facto é que nem bem o tínhamos preparado, e a coisa ainda não tem imagem própria... Essa vai-se fazendo, à medida que se vive o ganho. Que tanto se desejou.
Irei tarde para te dar os parabéns por tal (de vez em vez venho cá espreitar as tuas pérolas, e sobre esta já se passou o tempo), mas pela narrativa creio bem que não!
E deixo também um abraço.

PS - Bem-vinda, de novo, à capital!

1:44 AM  

Post a Comment

<< Home