Entre Parêntesis
Foto de Ricardo Macedo in Mil Imagens
Ana varre o chão do corredor e enquanto varre acha no meio da poeira, não cinco réis como a Carochinha, aquele insecto cleóptero de grande porte, da história popular do João Ratão cozido e assado no caldeirão que eu, só de pensar neste último a afogar-se dentro da sopa, supostamente de feijão encarnado, as entranhas revolvem-se-me de tal modo que me contenho, obstinadamente, para suster a expulsão repentina pela boca das substâncias do estômago.
Mas… voltando atrás!
… Ana acha no meio da poeira, não a tal moeda, a qual ela gastaria num ápice em bugigangas da Parfois, a fim de se enfeitar e arranjar um noivo falsamente desatento às novidades de livros e discos nas prateleiras da FNAC…
Ah! Os tais parêntesis, as frases que se metem de permeio num período portadoras de um sentido à parte e que eu abro indefinidamente…
Dizia eu…
…ideias, Ana acha ideias no meio daquela poeira, para arremessar no teclado do seu computador dispostas em composições poéticas formadas por quadras, tercetos, dísticos ao sabor da sua faculdade criadora.
Porém, entre um e outro varriscar, e não tendo um bloco de notas pregado no cabo da vassoura onde possa ir apontando o ajuste de palavras surgido na metáfora perfeita, Ana perde quase todo o poema.
Varre todo o corredor. Ainda corre para o PC. Liga-o numa pressa arrebatada de querer pregar na folha branca as palavras que lhe restam na memória inspiradas pelo “fru fru” da vassoura… frufru ou vrr vrr? Frufru penso eu, afinal a onomatopeia não é exclusiva dos vestidos de seda, do rumor das folhas das árvores ou do bater de asas dos pássaros durante o voo.. não, eu não me perco no raciocínio…
A ideia poética da Ana, perdeu-se mesmo. Ela sai para a rua frustrada na sua insuflação divina.
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Caro leitor, empaquei. Empaquei como os burros. Acontece a muito bom escritor. Não consigo dar um desfecho aqui ao drama da Ana… tenho pena mas não consigo. Perdi a inspiração. Diga-me lá que culpa é que eu tenho?
Olhe… ó caro leitor… porque é que não me ajuda? Hein?
Desde já lhe digo que vou ficar-lhe muito grata por me ter auxiliado.
Da Leonor
35 Comments:
Se eu tivesse a tua inspiração tentava ajudar. Mas agora, numa fase menos boa, não consigo. Vou voltar e aí ...talvez
Leonor se empancaste ou não, não é grave, acontece-me muitas vezes, sobretudo quando a escrita não está a traduzir o pensamento.
Mas escrita à parte, esta tua nova fotografia está o máximo.
Um beijo. Augusto
Ana chega à rua. Senta-se no muro do jardim e fecha-se no seu mundo, tentando recordar o fru fru da vassoura... desliga os sentidos mas insistentemente, o restolhar de algumas folhas caídas das árvores ecoa sem fim... é parecido com o som da vassoura... fru fru... fru fru... aos poucos, as ideias varridas regressam com insinuações de poesia, palavras soltas que se ligam e se cruzam, rimas que se constroem...
Ana não quer regressar à realidade, presa fácil dos sons, das emoções e do sussurro das folhas!
Memoriza tudo o que lhe vem à mente e de súbito, tomada pelo instinto, regressa apressadamente a casa e na primeira folha de papel, com o lápis que não é afiado há tempos, transborda os seus sentimentos...
Ana... estamos à espera da transcrição...
Quem é Ana?
Eurico
OLA.
NAO TENHO INSPIRACAO,MAS SE A ANA VOLTAR AO INICIO DO CORREDOR SEM VASSOURA CERTAMENTE VAI ENCONTRAR O NAMORADO CHEIO DE INSPIRACAO PARA A AJUDAR HAHAHA
BEIJINHOS DA
LUISINHA
ze
volta lá. um finalzinho...
augusto
também te acontece? que maravilha! desculpa lá mas fico contente de pensar que não sou só eu...(que mentalidade a minha, meu deus, rssss. obrigado pelo elogio à foto.
eurico
final lindissimo. muito bem escrito. obrigado pela tua dedicação ao meu pedido.
quem é ana? o meu alberto caeiro, o meu ricardo reis, o alvaro de campos, o meu bernardo soares e á vezes eu, leonoreta ortónima, rsssssss
luisinha
nao digas que nao tens inspiraçao. o teu final é uma hipotese que eu gostei muito.
abraço da leonor
Leonor, por acaso já experimentaste trocar a vassoura por um aspirador?
Uma sugestão:
Gravador no avental (será que a Ana usa este utensílio doméstico?), microfone acopolado ao auricular e, no momento da inspiração, despeja para o dito o que lhe vem à cabeça.
Depois na calma poética da tua marquise, diante do teclado do computador, constróis as coisas lindas como só tu sabes fazer.
Posso dar-te mais uma sugestão? Porque não tiras uma tarde e deixas o teu espírito espraiar por esse belo Tejo, onde Camões foi descobrir as suas musas?
Posso deixar-te um beijo?
Ai querida quem me dera a mim ter a tua inspiração :)
De regresso vim cá deixar-te um beijo grande
Buda
Até que enfim de volta, rsssss
Frog
Que maravilha! Um comentário destes deixa-me vaidosa.
Ze (chuviscos)
A tua sugestão do gravador foi o máximo. Adorei. Achas mesmo que o camões tinha tempo de olhar o Tejo bonito como era? Que eu saiba ele foi desterrado para o norte de africa e não foi por olhar o Tejo, rssssssss
Lina
A minha inspiração? Tomara eu ter a tua…………
abraço da leonor
Entre parêntesis tenho a dizer-te que a tua foto está o máximo! Quanto à música, nem se fala... E eu a roer-me todinha por não saber fazer destas "avarias"...
Embora a sopa de feijão encarnado seja a mimha favorita, acho que a do João Ratão era de cozido à portuguesa. Acontece que o pobre se engasgou com uma lasquinha de osso da carne do dito cujo que também tinha entrecosto, batatas, feijão, tchouriço, farinheira, couve portuguesa e etcs. Já provaste etcs.? É baom....... especialmente com pão!
Vai daí, a Carochinha, ao ver o seu Ratão engasgado caquele osso na graganta encheu-se de corage e ah, mulher! prega-lhe uma pancada nas costas e lá o livra da aflição!
O João, que já estava a ficar roxo, bota o intruso cá para fora, respira fundo e diz-lhe: "querida Carochinha, devo-te a vida!" E se já estava apaixonado ainda ficou mais. E assim acaba a história (versão 2005 do Ratão e da Carocha)
que se amaram por toda a vida e nunca mais fizeram cozido à portuguesa!
Por hoje já basta de palermices!!!
Beijinhos
Leonor
LEONORETA
FIN ROSETA
BELA ENTRE TODA A FROR~
LEONORETA
FIN ROSETA
NÃO META
EM TAL COITA
VOSSO AMOR.
Keridos Amigos
As férias terminaram...
...assim como um muro de areia
se desfaz... frente a uma onda... mais ousada.
o tempo passou
sem horários...
livre...
repousante...
um pouco dorido...
e
guloso.
não foram as melhores férias
...pois a saúde falhou um pouco
e
não ajudou
como deveria,
porém foi tão bom
estar junto dos meus deuses
que até o tratamento me pareceu mais leve.
devo dizer-vos
que senti saudades
das palavras
dos desenhos
das músicas
das imagens
a que todos vocês me habituaram
(principalmente
quando era castigada
pela imobilidade da medicação)
...mas...
para o ano
levarei comigo um portátil
que irei ganhar no euro-milhões...
... por esse motivo vou desde já começar
a lançar a sorte
e escolher os números.
Keridos
tudo isto para vos dizer
que não vos esqueci
e
para avisar
que a partir de hoje
vou perder
muitas horas gulosas...
a “fazer visitas”.
Beijux létinha.
Ps. desculpem ter usado a mesma
mensagem para todos...
mas não foi possível “personalizar”
.....................................
obrigada pelo “perdão”
.....................................
sois uns amores.
quem perdeu as palavras agora fui eu de tanto que me deu para rir a ler os comentários todos, tão bons como tu a escrever. Fico a imaginar se tivesses acabado de outra maneira a história da Ana. Na verdade o que mais gostei foi mesmo do final da história.
Muito criativa. Parabéns!
Querida Leonor
I'm back... depois de ler a tua busca de olhar perdido, encontro a Ana que se perde de ideias poéticas que não consegue expressar, mas algo ela agora sabe, varrer o corredor é mais do que isso, é como o desenrolar duma tantra, em que a mente fica livre para descobrir o belo...
Um beijo
Daniel
Ora cá estou eu de volta depois de umas férias merecidas...e que saudades tinha eu deste local
Beijocas
uhm.. estas coisas costumam-me acontecer quando quero por força n falar do k sinto. Por isso é que só no meu blog se lê coisas doidas e completamente suicidas LOOL tou a brinkar.. ainda kem lê isso acha que sou completamente louka, n k n seja louka que por acaso até sou mt, mas prontos tou aki a enrolar e tal, e o que se vai fazer? esse calor aqui em são miguel tá a fazer-me isso.. lOl .. tb n é só isso.. é k são 2 e 30 já e tou para aki a vasculhar isso tudo. enfim, hoje é esse o meu comment querida Leonor, eu preciso mesmo de tratamento urgente LOOL .. esta loukura.. tss tss...
:D
beijo no coraçao *****
Andorinha
Bom, se dizes que a sopa era de cozido eu acredito, rssssss
Gostei muito da tua versão 2005 do joão ratão
Henrique
Obrigado pela tua visita. Já tenho visitado o odisseus tambem
Letinha
E embora a tua mensagem seja dirigida a muitos fico contente por nela me teres incluído
Al
Sou uma peneirenta com os comentarios que os meus amigos me deixam. São de ouro.
Fernanda
Partir a vassoura, rssssssss e nada que uns jeans para nos sentirmos inspirados, rsssssss
Daniel
Vou-te contar uma coisa. Sempre que eu estudo durante umas quatro horas seguidas preciso de passar a roupa a ferro logo a seguir. Rssssssssssssss
Mocho
Ora até que enfim!
Raquelinha
Apareças como apareceres aparece sempre que eu gosto.
abraço da leonor
Oi Leonor...
Bom dia...
Já aqui tens vários fins possíveis...e agora??? qual escolhes???...rssss....
Beijinho grande
Diz-te alguém que vive das letras: a inspiração jamais foge. Faz um ligeiro interregno. Quando volta fá-lo em força. prefiro aguardar pelo teu final.
Concordo com o Augusto. A foto mostra uma mulher belissima e sensual.
Beijos
P.S.Tenho outro blog:
letrasaoacaso.weblog.com.pt
Oh Leonor, não foste tu que empancaste!
Simplesmente… a Ana foi ali ao estabelecimento do fundo da rua, que está em promoções, comprar aquele vestidinho que estava na montra e ela andava a namorar há que tempos!
Voltou a casa, foi preparando o jantar com aquela calma que lhe é habitual, tomou uma banhoca refrescante, vestiu o vestidinho e colocou aquela musiquinha para momentos especiais e, enquanto esperava, sonhava… que para além da existência da vassoura na sua vida, existia tantas outras coisas… e, na memória rebuscou este pensamento…
A minha boca só irá abrir-se, se for para sorrir...
Chega de cavar buracos no caminho.
Chega!
Hoje, descobri que posso acalmar meu coração,
mesmo estando próxima de uma erupção.
Velhos hábitos já esquecidos.
Coisas tão pequenas
e tão importantes,
que tinham ficado para trás.
A minha música preferida,
aquele filme que tardava em ver,
sentar-me naquele banco do jardim
e, ficar a olhar o mar...
conversas agradáveis e coloridas,
o mimo dos amigos...um abraço apertado...
Ah, como pude esquecer-me disso?
Como?
Sorriu feliz… porque a Vida é composta de pequenos nadas, que se transformam em grandes coisas…
Um abraço terno ;)
O texto ficou sem arestas: belezinha!
Quanto ao teu pedido, isso foi bom pra "esticar o papo", pra nos envolver ainda mais... e os comentários estão aí, nessa linha.
Um abraço.
lol lol lol
(continuação) agora desconsolada olha as plantas que quase murchas e tristonhas lhe da ainda um maior desalento. olha uma ultima vez a vassoura, lembra-se que o varrer não é eterno, algum dia terá de repetir! assim volta ao seu computador, abre a pagina onde tinha deixado o pouco que ainda se lembrava, liga a impressoara e imprime numa folha de A4. de seguida dobra e redobra até que fica já somente um quadrado bem pequenino. pega num lapis e escreve com letras bem pequeninas... quando te encontrar saberei o resto. Assinado, Ana.
agora com uma borrachinha emleado foi colocar dentro dos sapatos que menos usa, para depois por na zona mais escondida da sapateira e esquecer.
prontos esta seria a minha sugestão com um beijo do Alex
Minha querida!
Tu andas mesmo criativa.
Fazer um post como este não lembra a qualquer um.
Está muito bom!
E conseguiste criar uma empatia enorme.
Estás de parabéns, mais uma vez!
...e quero que a Ana se encavalite na vassoura e voe para onde lhe der na real gana!
Beijinhos
Isa
São todos bons, todos bons……..todos lindos.
Cidadão
Vais ver que são parentes, rsssssss
Zezinho
Ok. Já tomei nota do teu outro blog. Obrigado pelo elogio.
Marota
Ai como eu gosto do que me escreves…..
Batista
Temos que pôr a malta a mexer, rsssssss
Carlos
Que bom ver-te por aqui
Alex
Mais outro final soberbo
António
Bom final tambem, bom final
Dizes coisas muito bonitas para o meu ego. Um dia ninguém me atura.
Cokas
empaquei, a serio.rs
Gostas da foto? Obrigado.
abraço da leonor
Pois... eu acho o teu fim um fim adequado a esta história! Quantas vezes não acontecem momentos destes?? E mesmo... hoje... as coisas são tão volatilmente rápidas que uma ideia que o foi deixa de o ser num ápice! **
Ainda não consigo. E quanto ao finalzinho, isto está por um fio, sabias ?
Bj
deixo-te 1 beijinho de Bom Dia...
Parabéns pelo lindo blog que tens
Nao, nao te vou ajudar porque tenho mais que fazer, principalmente porque, sendo a primeira vez que cá venho, é essencial conhecer um pouco mais do que tens escrito, muito embora reconheca que os bons hábitos, apesar de que, em certos meios, seja um pouco démodé, me aconselham a que primeiro, ou seja, antes de vasculhar a tua casa, me deva apresentar condignamente, de modo a que aquilo que eu diga, se é que vou dizer-te alguma coisa, seja por ti interpretado correctamente, tendo em conta, nomeadamente, que o sentido das coisas nao se mede apenas pelas palavras, mas também, quicá principalmente, pela proveniencia das ditas, já que este mísero meio de comunicacao é desprovido de tons, entoacoes e outros predicados, levando a que muito ruído se instale na comunicacao respectiva, fundamental para que o verdadeiro diálogo se instale capaz e satisfatoriamente.
Só te queria dizer, se o nao percebeste ainda, que acho piada aos parentesis, aos parentesis dentro dos parentesis e por aí fora. Havia até um mestre nessas andancas, o Vitorino Nemésio que tu muito bem deves conhecer.
Refiro ainda que a ausencia dedo til e do acento circunflexo se deve a um arreliador teclado alemao a que tive de recorrer.
Voltarei.
Beijinhos
O auxilio auxiliado que te posso dar é, ou pegares na vassoura com um bloco de notas agarrado ao cabo dela para no caso de a inspiração voltar, ou então vai à estante onde tens os teus acarinhados livros, alguns se calhar ainda não lidos, pela força dos afazeres da lida da casa, e procura algo do género do Almada Negreiros e inspira-te nas loucuras dele que são bastante saudáveis e sarcasticamente bem conseguidas e apropriadas à falta de inspiração que este pais atravessa. Se mesmo assim ela não chegar, sugiro que vás visitar os meu blogs ( http://ababushka.blogs.sapo.pt/ , http://babushka.blogs.sapo.pt/ , http://nietzsche.blogs.sapo.pt/ ) que são muitos e assim pode ser que te inspires a mandares-me passear macacos… Agora mais ao sério, achei o texto deveras interessante, ficando até com pena de não ficar a saber o final da história da Ana
Deixo-te aqui agarrado este meu comentário alguns beijos de caris inspiradora
Esqueci-me de uma coisa imperdoável, estás linda nessa foto estás muito sensual, mas tu és sensual, até nas palavras que escreves...
Como eu também não tenho inspiração para fazer a continuação do artigo, quero assinalar e aprovar a nova fotografia !
Um Abraço.
Ana, desapontada, pousou a vassoura e foi passar a ferro. Logo na primeira camisa encontrou o "Mote": SERENIDADE...ficou a pensar mas nada mais lhe ocorreu. Ao fim da tarefa ainda pensava. Arrumou o ferro e a tábua e na prateleira lá estava: o 1º verso: NO ONDULAR DO VENTO A BRISA SE ENAMORA... Já mais animada foi fazer o jantar e no cantar da sopa, que fervia ouviu distintamente o 2º verso: COMO LIBELINHA POR CLARO TREMELUZIR!
Ana continua hoje à procura do resto do poema e assim vai continuando a varrer, a passar e a cozinhar...
beijoka para ti, Leonor, da th
Fiz uma coisa "gira" na Sebenta, vai lá dar olhada...lol
1º: gostei, gostei mesmo!!!
2º: esta tua nova foto ta excelente!
3º: deu-me a branca!
4º: por isso não te posso ajudar...
5º: tens aqui muitos bons desfechos!!
6º: beijitos da guevarita
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