Entre o crer e o saber
Mundos Paralelos
de Pedro Miguel Correia in Mil Imagens
No verão, á hora que me sento na minha mesa para ler ou escrever não resisto a abrir a janela a fim de sentir os raios de sol a amornarem-me a pele. Tu já sabes. Já te falei do meu espaço, da minha janela. Do meu olhar distraído pelo verde das árvores. Tu leste. Já estiveste lá comigo.
Á altura do primeiro andar sei tudo o que se passa no bocado de rua que os meus olhos e ouvidos alcançam. Sei de coisas que quem está na rua não sabe por a sua visão estar direcionada num só sentido.
À altura do primeiro andar eu experimento os atributos de Deus. Sou omnipresente, sou omnisciente, sou omnipotente. Sei e posso. Se quiser interfiro, se quiser calo-me.
De um modo geral, o homem percebe deus como o único ser perfeito, aquele que tudo sabe, por oposição à sua imperfeição. Mas partindo do pressuposto que não há um saber em si pois todo o saber se faz a partir de situações cognitivas nas quais sabemos qualquer coisa e aprendemos a fazer alguma coisa a questao é a seguinte: o que é que deus sabe? ou o que é que deus aprendeu a fazer?
Não coloco em causa, aquí neste texto, a não existência de deus mas a maneira de falar dele.
Seja deus uma ilusão ou ele a realidade e o resto uma ilusão, penso que é possivel admitir um deus à imagem do homem, despojado de todos os seus atributos pois tais atributos não passam de projecções do homem, seja porque este inventou deus ou deus criou o homem à sua imagem.
Em baixo na rua enredei-me no Verbo, entre o crer e o saber e a angústia de não conhecer.
À altura do primeiro andar, eu, no meu papel de deus, prefiro a força daquilo que não se sabe totalmente à fraqueza do saber pouco, pois quem sabe, duvidará sempre e quem crê nunca terá dúvidas.
No verão, á hora que me sento na minha mesa para ler ou escrever não resisto a abrir a janela a fim de sentir os raios de sol a amornarem-me a pele. Tu já sabes. Já te falei do meu espaço, da minha janela. Do meu olhar distraído pelo verde das árvores. Tu leste. Já estiveste lá comigo.
Á altura do primeiro andar sei tudo o que se passa no bocado de rua que os meus olhos e ouvidos alcançam. Sei de coisas que quem está na rua não sabe por a sua visão estar direcionada num só sentido.
À altura do primeiro andar eu experimento os atributos de Deus. Sou omnipresente, sou omnisciente, sou omnipotente. Sei e posso. Se quiser interfiro, se quiser calo-me.
De um modo geral, o homem percebe deus como o único ser perfeito, aquele que tudo sabe, por oposição à sua imperfeição. Mas partindo do pressuposto que não há um saber em si pois todo o saber se faz a partir de situações cognitivas nas quais sabemos qualquer coisa e aprendemos a fazer alguma coisa a questao é a seguinte: o que é que deus sabe? ou o que é que deus aprendeu a fazer?
Não coloco em causa, aquí neste texto, a não existência de deus mas a maneira de falar dele.
Seja deus uma ilusão ou ele a realidade e o resto uma ilusão, penso que é possivel admitir um deus à imagem do homem, despojado de todos os seus atributos pois tais atributos não passam de projecções do homem, seja porque este inventou deus ou deus criou o homem à sua imagem.
Em baixo na rua enredei-me no Verbo, entre o crer e o saber e a angústia de não conhecer.
À altura do primeiro andar, eu, no meu papel de deus, prefiro a força daquilo que não se sabe totalmente à fraqueza do saber pouco, pois quem sabe, duvidará sempre e quem crê nunca terá dúvidas.
da Leonor
28 Comments:
Querida Leonor
It's really a trick of the tail...
Eu creio e tenho imensas dúvidas :)
As poucas certezas que julgo ter são construções mentais, que mais não servem do que dar algum equilíbrio a esta mente libertária, para que possa ser entendido pelos outros.
Omnisciente para lá da janela? E no interior, para além da porta que dá acesso à vassoura e ao ferro de engomar, onde descansas o teu intelecto e escondes a tua beleza? [continua...]
Um beijo
Daniel
Oi Leonor...
Sem comentários...
acho um assunto complicado demais para "opinar"... pelo menos para mim...
Beijoka grande
Cada vez tenho mais dúvidas...
É só olhar à minha volta!
Já reparaste que só há sangue, correria, dor, fogo...
Desapareceram a chuva, o arco-íris, os pássaros...
E como dói!
Uma dor interior e muito forte.
Leonor, hoje é mesmo um dia triste.
Como o foi na segunda, na quarta...
Ahhh, como espero que chegue rápido o outono!
Um abraço
Da janela do aposento onde estou a escrever (e está, toda aberta) vejo saltitar um pardal, a que o meu pachorrento Tareco já se habituou... Ele anda por ali em busca do grãozinhos, que coloco discretamente no chão, depois de lavado o terraço, já com a intenção de o chamar. Ele é habitual por aqui. Criámos uma certa "amizade". Eu não o aborreço, deixo-o andar à vontade e, ele canta para mim. Isto, se entretanto o meu Sting, não resolver acordar e saltar da caminha fofa onde está a dormir a sono solto e, lhe der aquela mania, que é o dono de tudo e desatar a correr atrás do melro, que, logicamente, levanta voo...
Porque será, que a tua escrita, sempre tão sensível, tão real, me faz desatar aqui a "conversar" contigo?
Tens esse dom e eu agradeço-te por ele... nem sabes o bem, que me fazem estas "conversas"...
Um abraço terno :)
A Menina Marota tem razão, os teus textos obrigam-nos a tamanha envolvência que quando damos por isso estamos a tentar dialogar contigo, e mais uma vez isso se nota neste texto.
Aproveito para desejar que este ano lectivo te traga tantas alegrias qt te deu o anterior.
beijokas
Deus foi criado à imagem do homem e não o contrário como querem afirmar, pois ninguém o viu para poder fazer tal afirmação. Tal afirmação só tem cabimento se o homem pretender ser o centro do Universo, como infelizmente acontece, ser a medida para tudo o que existe.
Mas segundo o que eu penso, Deus é uma invenção do homem (era demasiado longo fundamentar aqui, mas já o fiz em posts anteriores), e essa invenção só poderá ser concebida com todos as virtudes e defeitos do homem, daí darem-lhe só atributos de bondade e amor, esquecendo quando Deus se manifesta com comportamentos completamente contrários. Estou cada vez mais a gostar dos teus textos, estou a ver que vou ter parceira para plubicarmos uns textos metafisicamente mais ousados.
Um beijo. Augusto
Minha querida!
Escreveste mais um magnífico texto.
Desta vez entraste por um dos mais complexos temas filosóficos. A fé, o conhecimento, Deus!
Não vou discutir este assunto aqui.
Deixo que as tuas palavras escritas falem e eu limitar-me-ei a ouvi-las.
Gostei muito da imagem introdutória em que te assumes, figuradamente, como Deus.
Um único reparo: tu não podes ser Deus porque és uma deusa!
Beijinhos
Estás quase lá, isto é, falta muito pouco para chegares à conclusao que se deus existe ele está apenas dentro de nós (alguém que é sábio já disse isso há muito tempo).
Eu já me fartei de espreitar, mas nunca encontrei nada. Só outras coisas. Mas de deus nem um pequeno sinal. Sei que nao é tarde, mas...
Beijinhos
é pá este dá que pensar mesmo... realmente a forma como cada um encara e vê o Mundo é fantástica!
Tendo-te em boa conta, no domínio a língua portuguesa (e não só, claro!...) Desafio-te a visitares o meu Nietszche e a comentares um romance que estou a escrever, Suspeitos Ocultos, um romance sensual erótico. Serei apenas a via condutora da história, e todas as calinadas encontradas gramaticalmente, mas perdoa-me, não escrevo como tu tão o fazes… Está lá, só dois post’s. Quanto a este teu texto, palavras para quê? Se está escrito em bom português
Aqui http://nietzsche.blogs.sapo.pt/
Um beijo, não posso dar mais…
ressalva:)
não escrevo como tu tão bem o fazes…
Daniel
Quando o homem apareceu no planeta estava tudo feito. Não soube como aconteceram as coisas porque não viu. Precisou de inventar o começo. Inventou deus.
Isa
Passaste por aqui. É o que conta
Ze (chuviscos)
Há muita coisa má á nossa volta mas tambem há muita coisa boa. Não da maneira como sempre desejamos porque somos ansiosos, mas olha bem, que há coisas boas.
Marota
Que bom se a minha escrita te faz partilhar historias tão bonitas como as que contas. Eu adoro-as como adoro o teu estilo muito espontaneo.
Lina
O ano lectivo trará de certeza alegrias. Por acaso, e deixa-me cantar aos quatro ventos a minha sorte, tenho a mais linda profissão do mundo
Augusto
Obrigada pelo elogio mas não e tanto assim. O meu saber é muito parco, andando pelos sumários das cadeiras da escola, rsssssssssss
António
Pois de vez em quando ,no meio das ficções estapafúrdias la aparece uma tentativa de conversar a sério. Não passam de tentativas, rssssssssss, manias de intelectual, rsss
Nilson
Deus está no meio de nos, deus está dentro de nós. Quer dizer… confusão haverá sempre… a eterna duvida.
Mocho
São representações. Representações. Hei-de falar sobre isso um dia
Frog
Grandes perguntas que me fazes. No meu papel de deus não me lembrei desses pormenores. Sou um deus muito egocêntrico, rssssss
Fried
Escrevo bem? É tudo o que eu quero ouvir. Entendo a escrita como um exercício diário que se apura a cada palavra, a cada frase, a cada pensamento revelado e partilhado. Ouvir que escrevo bem deixa-me reconfortada no meu esforço.
abraço da leonor
Há um DEUS com D grande. Que não é bem, penso eu, o Deus das Igrejas convencionais- católicas, protestantes... - mas o Deus que está sempre presente.E que nunca me deixou.Nem me vai deixar, porque me AMA.
Eu prefiro não expor a minha opinião sobre Deus. ;) é daquele tipo de coisa que nao gosto mesmo de comentar.
Beijo Leonor -****** :)
PS; AH! Genesis :D nice choose :D
**
Querida Leonor, ;)
Obrigada pelo comment. Aquele relato é um puro desabafo, veio de cá de dentro, a estupidez das pessoas tornam-me cada vez mais sarcastica, LOLOL, mas como tenho dito, aquele post nao passa de uma provocação mesmo.
é verdade, tu podes chamar-me Raquelinha ;) Apesar de quase nng me chamar assim dou-te este privilégio (té parece LOLOL)
Beijo no coração ****
ai meu Deus!... esta menina...
sempre tão prodigiosa.
se até a razão tem razões que a própria razão desconhece...
Sabes, eu também acho que em certros momentos, nós, cada um de nós, somos deus, sim.
Não temos muito que inventar sobre a palavra, já sabemos o que quer dizer, acredite-se no que se quiser. Eu cá não entro nessa da criação, do barro, do sopro e da costela...
Deus, é quando experimentamos ou sentimos uma força interior além daquela que supomos ter.
Bjussssssssss
PS: entre o crer e o saber, eu fico entre querer e não querer saber.
A mim, ensinaram-me a perguntar os porquês desde miúda! Contudo... Há porquês que não têm uma resposta plausível por que não há porques que lhes sirvam de resposta. Eu acedito no crer mas também tenho dúvidas por sou ignorante! :)**
Ze (travessa)
Eu sei do que falas. Contudo, as vezes, aiiiiiiiiiiiiii, e tão difícil
Raquelinha
Génesis é bom não é? Obrigado pelo privilegio de chamar-te raquelinha.
Al
Prodigiosa, eu? Tento, tento, rsssssssssssssssss
Manuela
Não tenho notado pelas visitas que te faço que sejas ignorante. Desculpa discordar
abraço da leonor
Há várias formas de encarar o assunto, há muitas dúvidas. Creio que estás a ser como Tomé: ver parar crer... A fé é acreditar em coisas que nunca foram vistas...
Beijinhos
Leonor
Voltei para pedir-te que espreites DA MINHA JANELA EU VEJO... Desculpa, mas gostava que visses...
Obrigada
Leonor
Acho notável a ideia de alguém a colocar-se num ponto elevado, assim como quem está no céu,e deixar discorrer os sentimentos como se os acontecimentos a seus pés acontecessem por sua obra e graça.Bonitas conclusões enfeitadas por um belo naco de prosa.Gostei muito.
Bom fim de semana
Bj.
Entre o crer e o saber talvez, só talvez, haja espaço para "ser": simplesmente - com todas as imperfeições e contradições que isso traz em si.
Quando a dúvida me assola, revejo aquele que talvez considere o texto mais belo já escrito: sobre a Fé, a Esperança e o Amor, e ali percebo a melhor definição do “ser”:
“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine.” (Cor I, 13)
Ausente mas vim pôr a leitura em dia. E encantada fiquei. Beijinho por isso!
Como já fiz o meu comentário, venho aqui só para te agradecer a paciência que tiveste em ler o meu mais longo post.
Beijinhos
Acho que a minha inspiração está de férias, já estou a ficar impaciente com a sua ausência e preocupado ao mesmo tempo, porque não tinha nenhuns euros com ela, nunca mais regressa e estou precisando tanto dela, para continuar e concluir o romance!
Beijos
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