Melting Pot
O fenómeno da globalização desprendeu a humanidade de um determinado espaço geográfico. Hoje em dia, uma etnia não é específica de cada zona do planeta. Encontramo-la em qualquer parte convivendo com outras etnias. È o Melting Pot: uma mistura de cores, cheiros, formas, de valores éticos e condutas morais variadas.
Neste confronto de “nós com o outro”, temos de aprender a viver com ele, com a cultura dele. Neste confronto de ”nós com o outro”… não sabemos viver com ele, pois ainda existem presidentes de regiões autónomas que, numa atitude puramente etnocêntrica proferem publicamente “não queremos cá indianos nem chineses”.
Toda a história da humanidade se resume a uma história de etnocentrismo. Os casos são muitos, mas os que mais sobressaem pelas suas dimensões catastróficas, são as colonizações da América Latina e da América do Norte, o nazismo, e mais recentemente, as lutas étnicas na região dos Balcãs.
Aquando da colonização da América Latina, no século XVI, feita pelos portugueses e pelos espanhóis, os indígenas foram convertidos à religião dos potenciais colonizadores, desalojando os índios da sua cultura. Na colonização norte americana, feita pelos povos fugidos das perseguições religiosas, ora católicas, ora protestantes (Luteranos e Calvinistas) do norte da Europa, o índio não é convertido. Considerado inferior, por ser diferente, é exterminado na sua maioria, sendo o resto deportado para reservas.
Esta experiência da colonização pressupõe, sem dúvida, uma perspectiva etnocêntrica, na medida em que o autóctone é assimilado à imagem do conquistador, deixando de ser ele para passar a ser o outro. É assim que as diferenças sociais são abolidas a ferro e fogo. A Segunda guerra mundial traz-nos mais um exemplo de etnocentrismo.
Um facto curioso, é que a par de todos os comportamentos etnocêntricos, o homem, sempre se preocupou em perceber esta diferença cultural, embora, com métodos pouco ortodoxos. A comprová-lo, Lévi Strauss , na sua obra, Raça e História, conta um caso que é simultaneamente caricato e aterrador: "...alguns anos após a descoberta da américa, enquanto os espanhóis enviavam comissões de investigação para indagar se os indígenas possuíam ou não alma, estes últimos dedicavam-se a afogar os brancos feitos prisioneiros, para verificarem através de uma vigilância prolongada, se o cadáver daqueles estava ou não sujeito a putrefacção".
Para mudar a atitude etnocêntrica, que não reconhece a cultura dos outros, há que, admitir que a humanidade com a sua diversidade de culturas constitui um todo complexo e só é possível entendê-la, aceitando essa diversidade.
Para tal, é preciso criar uma nova filosofia que exija saber estar com o próximo, uma filosofia chamada relativismo cultural. O relativismo cultural significa que podemos ter a nossa cultura e estarmos inseridos na cultura dos outros e vice versa. Significa o direito e "o respeito às diferenças". Aceitar o outro como ele é sem tentar mudá-lo. Perceber que o outro é diferente no seu modo de estar na vida.
É necessário, então, dar o salto por cima através de um novo pensamento.
É necessário, então, dar o salto por cima através de um novo pensamento.
Mas uma nova forma de pensar significa mudar o "ethos" cultural, ou seja, mudar a tábua de valores das variadas sociedades, de modo a conseguir uma uniformização da tolerância e de respeito mútuo de uns pelos os outros. È, no entanto, uma tarefa difícil. E provavelmente, é por isso que o relativismo cultural não passa de uma utopia.
É uma tarefa difícil, sim, mas não impossível, no entender de Karl Popper. Pois apesar da dificuldade inerente a todo o processo de mudança e de aceitação, é possível mudar o estado actual das coisas, e quem poderá fazê-lo são os intelectuais, pois muitos massacres que se fazem em nome de uma ideia, são produção dos homens que pensam.
Para terminar, uma reflexão sobre as palavras deste grande pensador "bastaria que deixássemos de atiçar os homens uns contra os outros".
Leonor
19 Comments:
Eu acho que não podemos andar com mesquinhices neste mundo...
Que interessa se eu sou branco e tu preta?? Se eu acredito em Deus e tu não??
Temos que aprender a viver uns com os outros...
Dumb, parabéns. Nem mais. Só isso.
Acho que os nossos posts de hoje se completam.
Abordas filosoficamente os problemas, gostei dessa subtil incursão pelas terras da madeira...
O desaparecimento de grandes civilizações no continente americano deve-se mais à crença "que um dia seriam visitados por seres resplandescentes (brilho do sol nas armaduras) que continuariam com a missão iniciada nos promórdios...".
Gostei sobretudo do produto incluido na animação "Isto não é um anúncio...".
Ai, Leonor, como este produto faz falta no nosso dia a dia...
Um abraço.
Querida Leonor
Para variar, tive que amar o teu Post!!!
A "Animação" é SOBERBA!
Nada mais tenho a acrescentar.
Porque está PERFEITO!
Beijo grande
é isso. Cá para mim o mundo é de todos os que nele habitam e temos de nos respeitar uns aos outros. Também acho que ninguém tem o direito de impor as suas ideias. Foi a divisão em africa feita por europeus que nada sabiam dos seus costumes que misturou no mesmo país gente com culturas e crenças diferentes. E depois deu nas guerras que ainda hoje por lá grassam...
Não, minha querida!
Assim não vale!
Andas a dizer que és professora do básico e afinal és catedrática!
E é muito feio uma pessoa assim andar a mentir. Tira credibilidade à classe dos professores universitários.
Gostei muito!
Está soberbo!
Parabéns!
Jinhos
É...sonhamos com um mundo a cores e depois só admitimos que todos sejam da mesma...
Vamos lá entender isto.
Está fantástico este texto!!
Parabéns pelo texto!
bjokas ":o)
Querida Leonor
Realmente, a diferença étnica e cultural leva ao medo. Aliado às questões de posse e de território, temos depois reacções de defesa e de agressão defensiva e ofensiva, estabelecendo-se conflitos, que levam os homens para a guerra.
Assim, considerando estes pressupostos, poderemos trabalhar as causas e evitar as consequências.
Um beijo
Daniel
As diferenças, todas elas, não suplantam um facto inegável: é que nesta nau vagabunda pendurada no espaço partilhamos todos a mesma viagem, o que nos torna iguais na viagem, por sinal bem curta.
Tenhamos uma visão macrocósmica da nossa condição como seres humanos e então teremos uma noção da imbecilidade em que caímos quando nos entretemos com futilidades inventadas por mentes agrilhoadas.
Gostei do texto, acho que estaria bem publicado num livro escolar a condizer.
VP
Pois, queria estar à altura dos outros comentários, mas... as palavras fogem-me para o fundo da garganta, não saiem... Tentemos... É um texto lindo, por fora e por dentro, eu diria duma "lindeza tamanha" que "entra" bem fundo, dentro de nós, sem pedir licença e... faz pensar, pensar, sonhar... Como seria o mundo se...
Obrigada, Lianor camoniana, hoje mulher, universalmente HUMANA!
Bjinhos Ricky
Sempre existiu e vai continuar a existir... é pena pois todos nós merecemos ser felizes onde quisermos... quantos portugueses estão no estrangeiro? milhares, milhoes? A globalização tende a crescer e só temos que aceitar esta realidade
Beijocas*
SENSACIONAL, o anúncio, MARAVILHOSO, o produto!!! - um beijo, IO.
U texto que faz todo o sentido. Uma importante reflexão.
Beijinho Encaracolado ~:o)
Leonor,
Não dará para me explicares como consegues fazer essas coisas bonitas em power point e inseri-las no blog?
Espero que no sábado me dês umas dicas.
Tenho que ir com na minha pele original ou disfarçado de humano?
Espero que me reconheças...
Um abraço.
dumb
mas sabes? já que falas na cor da pele... tenho reparado que quem é descriminado pela cor da pele é mais racista entre os seus pares.
Zé
penso que a crença dos Incas e afins era pura manipulação das classes sacerdotais para dominar o sistema... em dominadores e dominados, como sempre aliás, sempre se fez a partir do Neolítico.
quanto à paz, é utopia.
no jantar de sábado leva papel e lápis para o caso de eu me esquecer que eu explico como se mete o pps no blog. é preciso fazer desenhos e apontar endereços.já vi algumas fotos no Movimentum mas em todo o caso podes colocar uma placa ao peito, rs.
e já agora diz-me como se mete músicas no blog.
Betty
habituas-me mal, rs
e boas férias. eu só vou em setembro. vou sentir a falta dos teus comentários.
saltapocinhas
ai este homosapiens sapiens que de sapiens... ou tem de mais ou tem de menos.
Antonio
juro que sou professora do básico. palavra de escuteiro. nunca fui, mas serve.rs
mocho
há que educar os miudos na escola para uma interculturalidade. nao se trata de abdicar da nossa cultura mas admitir que a do outro tambem existe e é tão valida quanto a nossa.
frog, anna e caracolinha
muito obrigado pela vossa leitura
daniel
posse e território. de repente abriste-me as ideias para outro post. rs
vitor
o teu comentário é sublime
Io
gosto que venhas até aqui.
ricky
tu estás sempre à altura de todos os comentários.
sergio
a globalização é uma realidade mais que segura hoje em dia. não como retroceder... o caminho é a tolerância.
abraço a todos da leonor
Achei um piadão ao teu comentário ao meu texto "Em Las Palmas".
Parecias uma crítica literária!
eh eh
Jinhos
Leonor, deixa-me fazer 2 ou 3 comentários:
1 - Finalmente vou, amanhã, conhecer uma pessoa que me intriga neste mundo da blogesfera; não consigo unir a tua foto, às tuas palavras e aos teus conhecimentos; e os óculos escondem sempre os olhos que, dizem, é o espelho da alma;
2 - Quanto aos Incas e outras civilizações dá pano para mangas... poderemos falar amanhã;
3 - Não te largo enquanto não me ensinares como se metem pps no blog.
4 - Folhas, lápis, canetas e demais acessórios andam sempre atrás de mim.
5 - Quanto à música levo os apontamentos da "madrinha"... pode ser que tu consigas ligar. Eu não consigo. Só mesmo através dela.
Até amanhã.
Será um prazer conhecer-te.
antonio
vicios de corrigir textos, não ligues, rsss
fernanda
obrigado pelo elogio, a sério.
josé
agora que me chamas a atenção é que eu reparo... é verdade sim senhor que apareço sempre de óculos.
mas olha, amanha vou com os mesmos oculos, por isso, torna-se fácil, o reconhecimento. rs
abraço da leonor
abraço da leonor
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