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Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Wednesday, June 22, 2005

O Barco vai de saída



(a pintura é da nossa Betty Branco Martins do Fragmentos)

Não sou uma pessoa que valoriza sempre o seu bairro ou a sua terra natal sobre os outros.
Entendo que entre Iberos, Celtas, Romanos, Árabes, Judeus somos todos Lusitanos. Portugal é uno na sua diversidade cultural. Aliás, quem já me conhece sabe que promovo qualquer terra do meu país como se fosse minha de nascimento.

Não sou bairrista. Mas, provavelmente, sou chauvinista. É só uma questão de mudar a raiz da palavra, deixando o mesmo sufixo.

Diferentes significantes, diria Saussure. Diferentes significados, diria Wittgenstein. E todos têm razão.



(ainda da Betty)

O barco vai de saída
Adeus ao cais de Alfama
Se agora ou de partida
Levo-te comigo ó cana verde
Lembra-te de mim ó meu amor
Lembra-te de mim nesta aventura
P'ra lá da loucura
P'ra lá do Equador

Ah mas que ingrata ventura
Bem me posso queixar
da Pátria a pouca fartura
Cheia de mágoas ai quebra-mar
Com tantos perigos ai minha vida
Com tantos medos e sobressaltos
Que eu já vou aos saltos
Que eu vou de fugida

Sem contar essa história escondida
Por servir de criado essa senhora
Serviu-se ela também tão sedutora
Foi pecado
Foi pecado
E foi pecado sim senhor
Que vida boa era a de Lisboa

Gingão de roda batida
corsário sem cruzado
ao som do baile mandado
em terra de pimenta e maravilha
com sonhos de prata e fantasia
com sonhos da cor do arco-íris
desvaira se os vires
desvairas magias

Já tenho a vela enfunada
marrano sem vergonha
judeu sem coisa nem fronha
vou de viagem ai que largada
só vejo cores ai que alegria
só vejo piratas e tesouros
são pratas, são ouros,
são noites, são dias

Vou no espantoso trono das águas
vou no tremendo assopro dos ventos
vou por cima dos meus pensamentos
arrepia
arrepia
e arrepia sim senhor
que vida boa era a de Lisboa

O mar das águas ardendo
o delírio do céu
a fúria do barlavento
arreia a vela e vai marujo ao leme
vira o barco e cai marujo ao mar
vira o barco na curva da morte
e olha a minha sorte
e olha o meu azar

e depois do barco virado
grandes urros e gritos
na salvação dos aflitoses
tala, mata, agarra, ai quem me ajuda
reza, implora, escapa, ai que pagode
rezam tremem heróis e eunucos
são mouros são turcos
são mouros acode!

Aquilo é uma tempestade medonha
aquilo vai p'ra lá do que é eterno
aquilo era o retrato do inferno
vai ao fundovai ao fundo
e vai ao fundo sim senhor
que vida boa era a de Lisboa.


Letra e Música de Fausto

13 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Todos terão razão, certamente, mas uns têm mais do que outros. As palavras podem ser bem escritas e bem proferidas, mas serão algumas vezes sentidas? A razão nasce sempre do erro, e nós erramos tanto, mas tanto, que às vezes até dói. Não sou bairrista se calhar também sou chauvinista, mas sem agressividade, mas acima de tudo sou português e é o pais que eu verdadeiramente amo, por isso me dói tanto o que vejo... Gostei muito do teu texto e da letra de Fausto

Beijos fraternos

Ps:- visita este meu outro blog para veres o meu último post
http://nietzsche.blogs.sapo.pt/

5:00 AM  
Anonymous Anonymous said...

Com o teu título como mote, olha nasceu esta "puzia"...

Nasci lá bem longe,
produto duma viagem,
e na Capela do Monge,
rezei pelo teu bem,
Maria Mãe, minha flôr,
que Deus guarda em amor!
Agora, amigos tenho de partir,
vou ter mesmo de ir,
soa o apito da partida,
" o barco vai de saída".


Bjinhos Ricky

9:21 AM  
Anonymous Anonymous said...

O barco vai de partida
num dia de turbilhão
etapa de nova vida
lá longe, na imensidão

Pátria, pelas ondas me levaste
serenas, bravas e misteriosas
terras, gentes, peixes e céus me mostraste
coisas lindas, estranhas, maravilhosas

cresci, explodi, aprendi
na rubra terra florida
jamais serei sem ti
alguma coisa nesta vida

e o barco regressou
nau velha, ferida e inglória
nunca mais zarpou
jaz apenas na minha memória

10:18 AM  
Blogger Night said...

Muito bonita esta letra, Henrique e Vp estiveram bem ;)

12:58 PM  
Blogger Isabel Filipe said...

Oi...

Gostei do Poema... e....rsss...
adorei os do Ricky e o do Vi....

Bjs

2:41 PM  
Blogger Daniel Aladiah said...

Querida Leonor
Acho que Lisboa merece a promoção que tem. O resto do país é que não merece a pouca atenção que lhe é dado. Não sou bairrista, mas tenho que dizer que continuamos muito desequilibrados.
Um beijo
Daniel

2:41 PM  
Anonymous Anonymous said...

Gosto muito desta canção do Fausto e adoro Lisboa... Bjs.

4:58 PM  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

Querida Leonor

O meu obrigado, muito sentido.

Bairrista! Não sei se sou bairrista, ou nacionalista, não sei! Sei, que amo muito o meu país, talvez este sentimento seja mais profundo, pelo facto de eu ter vivido bastante tempo fora. Admiro de certa forma o sentimento bairrista, mas não ao extremo! Mas admiro muito mais, uma voz que defende uma nação.
Assim também se diz Portugal...

“Fado Varina”

De perna nua,
com provocante altivez,
descobrindo o mar da rua
que esse, sim, é português.

São as varinas
dos poemas do Cesário
a vender a ferramenta
de que o mar é o operário.

Minha varina,
chinelas por Lisboa.
Em cada esquina
é o mar que se apregoa.

Nas escadinhas
dás mais cor aos azulejos
quando apregoas sardinhas
que me sabem como beijos.

Os teus pregões
nunca mais ganham idade:
versos frescos de Camões
com salada de saudade.

(Ary dos Santos)

Como sempre ideias BOAS é contigo! :)

Beijocas Grandes

6:49 PM  
Blogger António said...

Chauvinista não será uma palavra demasiado forte?
Nacionalista?
Patriota?
Mas és incoerente:
devias citar autores nacionais e não uns esquisitíssimos nomes estrangeiros...eh eh eh
Jinhos

10:55 PM  
Blogger José Gomes said...

Leonor, vou ser desmancha prazeres.
Acho que os Lusitanos (povo que resultou da fusão dos Celtas e dos Iberos) são os genuinos antecessores dos portugueses.
Essa mistura de árabes, judeus, fenicios e quejandos deu a confusão em que estamos.
Gostei muito das pinturas da Betty, bem aproveitadas para ilustrar o teu texto. Gostei de relembrar Fausto...
Por falar em Lusitanos... ainda se dá em história que o Viriato foi apenas um simples pastor dos montes Hermínios?.......
Um abraço.

2:15 PM  
Blogger Leonor said...

Friedrich
...uns mais que outros... como no triunfo dos porcos, rs
obrigado por teres aparecido e comentado

Frog
a busca da inovação é assim uma coisa... dá trabalho.

ricky
que bonito

Vitor
surpreendes-me todos os dias. tantos anos juntos e desconhecia esta tua veia poética, muito bonita por acaso.

wolf
Fausto é de facto muito bom

Isa
obrigado pela tua presença

Daniel
A diferença perene do interior e litoral principalmente

Filipe
obrigado

Betty
Ary, outro grande poeta. Nós somos um país de grandes poetas.

antónio
não sou nada incoerente. Se deixo de citar estrangeiros mais de metade do conhecimento vai ao ar...

Carlos
ehhhhhhhhhhhh alfacinha!

José
sabes bem, ou deves saber, que Viriato não foi bem um simple pastor, ele também se dedicava nos seus tempos livres a assaltar quem passava na estrada e a história é o que é.

4:13 PM  
Blogger Leonor said...

abraço a todos os que me visitaram

4:13 PM  
Anonymous Anonymous said...

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4:46 PM  

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