Os quatro efes de defesa
Temos no cérebro uma estrutura subcortical situada no sistema límbico, no lobo temporal, chamada amígdala.
Por coincidência, esta estrutura tem o mesmo nome de outras estruturas, de forma arredondada, localizadas na garganta que, acredita-se, sirvam para ajudar a evitar infecções.
A outra amígdala, a do cérebro, tem uma função diferente. Ela analisa automaticamente os perigos de uma situação e alerta-nos para esses perigos a fim de darmos uma resposta airosa.
Vou dar um exemplo: entro no metro. Está apinhado de gente. Pessoas comprimidas umas contra as outras. Odores nojentos dos sovacos empestam o ar que se respira.
De repente, entra um leão fugido do jardim zoológico. A amígdala daquelas pessoas age rapidamente e numa corrida precipitada largam as carruagens em direcção à saída mais próxima. Atropelam-se pois! Mas isso que importa? Já se atropelavam antes de haver algum leão que as ameaçasse.
Porém, a minha amígdala, perante tal situação, quer alertar-me mas tem alguma dificuldade em fazer-me sair de um estado de apatia forçada devido ao congestionamento físico a que fui sujeita. Apesar de tudo lá consegue pôr-me a pensar nos quatro EFES teorizados pelos neurologistas ingleses.
Fujo? (Flight)
Não consigo. Estou petrificada (Freeze)
Luto? (Fight) Sim, claro. Se para fugir é demasiado tarde, então luto com o leão. Afinal eu tenho um curso de domadora de leões: calma, que o bicho é manso, penso eu.
Vejo o leão avançar na minha direcção. Arregalo os olhos. Um som fininho, contínuo, invade os meus ouvidos. Desmaio (Faint).
Acordo no hospital. Não tenho ferimentos. O leão não me quis pelo cheiro nauseabundo da minha roupa por andar em transportes públicos às cinco da tarde.
Leonoreta
Por coincidência, esta estrutura tem o mesmo nome de outras estruturas, de forma arredondada, localizadas na garganta que, acredita-se, sirvam para ajudar a evitar infecções.
A outra amígdala, a do cérebro, tem uma função diferente. Ela analisa automaticamente os perigos de uma situação e alerta-nos para esses perigos a fim de darmos uma resposta airosa.
Vou dar um exemplo: entro no metro. Está apinhado de gente. Pessoas comprimidas umas contra as outras. Odores nojentos dos sovacos empestam o ar que se respira.
De repente, entra um leão fugido do jardim zoológico. A amígdala daquelas pessoas age rapidamente e numa corrida precipitada largam as carruagens em direcção à saída mais próxima. Atropelam-se pois! Mas isso que importa? Já se atropelavam antes de haver algum leão que as ameaçasse.
Porém, a minha amígdala, perante tal situação, quer alertar-me mas tem alguma dificuldade em fazer-me sair de um estado de apatia forçada devido ao congestionamento físico a que fui sujeita. Apesar de tudo lá consegue pôr-me a pensar nos quatro EFES teorizados pelos neurologistas ingleses.
Fujo? (Flight)
Não consigo. Estou petrificada (Freeze)
Luto? (Fight) Sim, claro. Se para fugir é demasiado tarde, então luto com o leão. Afinal eu tenho um curso de domadora de leões: calma, que o bicho é manso, penso eu.
Vejo o leão avançar na minha direcção. Arregalo os olhos. Um som fininho, contínuo, invade os meus ouvidos. Desmaio (Faint).
Acordo no hospital. Não tenho ferimentos. O leão não me quis pelo cheiro nauseabundo da minha roupa por andar em transportes públicos às cinco da tarde.
Leonoreta
26 Comments:
Um post interessantíssimo. Como costumam ser os teus posts! E quanto aprendo neles! Desconhecia a existência desta amígdala mas penso que, perante um perigo iminente, a minha amígdala me deixaria ficar petrificada e seguiria o percurso dos quatro efes. Sabes, já lá vão muitos anos, menina de faculdade, entrei no metro a hora de ponta e saí de lá desmaiada pelos braços de uma santa alma que me conduziu para sítio seguro e me amparou até recuperar os sentidos. Ainda hoje estou para saber quem foi. Olha a recordação que este post me trouxe!Não mais gostei desse transporte.
Ontem postei a minha primeira fotografia na net. A aprendizagem prossegue pelo que, em breve, terás um presentinho. Tu e algumas amigas mais.
Beijinhos minha doce amiga.
Muito interessante, este post! E, ao mesmo tempo, muito cómico! Um leão no metro? lolol... Que bela imaginação! Acho que a minha amígdala me mandava a fugir, pondo-me a correr a sete pés, em vez de me paralisar e desmaiar... ;-)
beijinhos e bom fim de semana!
Sempre a aprender, os mistérios infindáveis do nosso cérbero,
Agora quanto à frase do seu texto, ‘O leão não me quis pelo cheiro nauseabundo da minha roupa por andar em transportes públicos às cinco da tarde.’, explicado
A luz da Psicologia à portuguesa, teria a seguinte conclusão, ‘há males que vêem por bem’.
Bom fim de semana
JMC
A sua naturalidade encanta-me. E também a sua postura sociável e comunicativa. Por isso a escolhi para um dos 10 da minha corrente da amizade.
brilhante. sem espinhas.
PARA JMC
ola JMC.´
é verdade, rss
nós portugueses, temos a habilidade de fundamentar a realidade com o senso comum, melhor que qualquer fundamentaçao cientifica.
abraço da leonoreta
PARA ANONIMO
olá, olá!
obrigado pela sua presença. senti-lhe a falta.
abraço da leonoreta
Muito diferente...lol :)
amígdalas no cérebro??
essa é boa!!
santa ignorância, a nossa...
por isso quando fomos operados a elas tínhamos tantas dores de cabeça e depois insistiam que comessemos gelados!! e nós só gostávamos de "perna de pau", que estava esgotado...
(somos um bocadinho para o parvo, mas bem intencionados... ah, e somos mais para as humanidades)
São sonhos , simples sonhos ...
Serão nossos eternos companheiros .
Aqui deixo o convite para passares pelo meu humilde albergue .
então é em consequência dessa outra amígdala que desconhecia que muitas vezes já saí dos transportes públicos antes de chegar ao destino antes que o último F me dominasse ou o outro "fight" mas implicaria correr certas pessoas dos transportes...
Há uma anedota que mete uma multidão e um leão. nessa multidão há um côxo. Começa tudo ao fugir, mas uma alma
atenta e generosa, com pena do côxo grita um aviso: "Olhem o cõxo, olhem o côxo..."
O côxo não entende o.."cuidado" e introduz, à portuguesa, um outro "F"...
Fraterno abraço e bom fim-de-semana
Boa dica! Quando quisermos afastar indesejáveis, toca a andar em transportes públicos, porque o mau cheiro não é exclusivo do Metro.
Um beijo. Augusto
Olá Leonor
Com a dose certa de bom humor, misturado com a fantasia e o real, eis o resultado: um bom texto!
Gostei
Abraço
Um excelente texto!! Beijos.
Leonoreta,
És verdadeiramente fantástica! Esta tua crónica que lemos num ápice e se engrandece na mente é de um verdadeiro realismo surreal.
Parabéns pelo teu poder de captação e ao mesmo tempo pelo rigor no conceito da explanação.
Um beijinho
do Pepe.
Querida Leonor
A imaginação leonina não tem preço :) sonham em ganhar, mas falham (o 5º F). Bolas, não sei porque me deu para este comentário tão futeboleiro, deve ser do tempo... :)
Um beijo
Daniel
o corropio, as urbes , a vida e a resposta de cada um....aceitar, acatar, tolerar, lutar, revoltar...ou fugir. Cada umc om seus meios e armas e o juizo de cada tempo e espaço...
um abraço
Venho agradecer a visita e, deixo estas três linhas do novo poema , que dedico a todas as mulheres , e a nós homens que as amamos .
"Em fragrância na água cristalina
Gotículas salpicam-na maravilhadas
O sensual corpo de mulher menina"
Continuação de boa semana .
ahahahahahahahahaha
esta tua imaginação é de deixar de orgulho qualquer fissura de Silvius ou fissura de Rolando
beijocas
Aproveito para dizer que publiquei um novo post e deixar um fraterno abraço.
Gosto da tua imaginação =) e achei interessante a história!
beijinho e bom fim de semana*
Leonor,amiguinha linda
os efes, como os soubeste bem usar, neste texto tão interessante, numa mistura do real onde a fantasia lhe deu um toque especial
bem conseguído minha amiga linda, o que escreves tem sempre o condão de me prender.
adoro ler-te, adoro-te por seres mesmo especial
abraço-te muito com carinho e ternura. abraço-te até te sentir
beijos doce amiga
lena
Depois de ler o artigo anterior não resisti a ler este... e estou de boca aberta! De amígdala só conhecia a da garganta e das cenas que fiz quando as tiraram!!!! A cena do cheiro pestilento dos sovacos não é só exclusivo do Metro... muitas vezes na rua é de cair para o lado!!!
Agora essa do leão e do final que deste para a história... só mesmo tu!!!
Um abraço,
José Gomes
Eheheheheh... To faint, ou como fazer-nos de mortos... Que também costuma ser uma boa defesa no reino animal. Quando o Verão ameaça, aparecem-me em cima da secretária, encostada à janela que, as mais das vezes, está entreaberta, uns insectozinhos minúsculos que não fazem mal a ninguém. De vez em quando aproximo, cuidadosamente, a ponta de uma caneta a um deles... E não é que aqueles dissimuladões paralizam de imediato, deixando-se rodar sobre si mesmos e acabando por ficar de patas para o ar? E chegam a permanecer nesse fingimento tempos a fio! Ora, se não é de quem não tem mais nada para fazer, hem? - agora acho que estou a falar de mim! :-S
Pois bem. Gostei muito de te ler (escreves com uma graça e uma graciosidade bem tuas!), e de saber que tudo correu bem no hospital. Sim, porque assim que li que acordaras num, pensei logo: - Ó, céus!... Ela que não me tenha ali entrado com uma amigdalite, ou poderá estar bem arranjada!...
... ... ...
Beijinhos!***
PS - Por acaso também sempre achei que aquela estação de metro do Jardim Zoológico um dia podia dar bronca! :-P
Pois mas nunca fiando. O leão enjoado com os cheiros nauseabundos pode interessar-se por quem, embora contaminada, tenha resquícios de outros odores mais voluptuosos e atractivos.
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