O nosso galo
No 1º ano, ao mesmo tempo que dou uma letra nova, procuro no meu património cultural adquirido na escola primária o meu reportório musical a fim de arranjar uma canção que possa alegrar a aprendizagem dessa letra.
Não sei porquê mas os miúdos adoram a canção do galo. Pela cadência musical?
- Ok, vamos lá saber o que estas palavras querem dizer. – digo eu.
O nosso galo é bom cantor
É bom cantor
Tem boa voz
(O nosso galo é bom cantor porque tem boa voz.)
Mas veio um dia e não cantou
Outro e mais outro e não cantou
(o que é que aconteceu?
- Perdeu a voz. – diz um.
- Não quis mais cantar. – diz outro
O mais malandro, o David, sentado lá atrás passa o indicador esticado pela ao longo do pescoço em jeito de faca.
- Pois é. – digo eu - O dono matou-o e comeu-o. Esta canção é uma canção que fala de morte.
- iiiii, professora, morte não. – diz a Filipa, que anda no psicólogo desde os três anos de idade porque encontrou o avô morto no chão da sala.
- Filipa, eu também não gosto mas a morte faz parte da vida. As plantas, os animais nascem, vivem e morrem.
A Filipa conta o trágico acontecimento que a traumatizou. Momento difícil para uma miúda de seis anos que relembra aquele dia como se fosse ontem.
Cantamos a canção em vários andamentos. Mais depressa na primeira parte e em passadas lentas na segunda como se fossemos num funeral. Alguns só fazem de galo. Cantamos várias vezes.
Não creio ter banalizado a tristeza ou a dor de perder alguém mas apenas falar e pensar nela porque ela existe.
Leonoreta
Não sei porquê mas os miúdos adoram a canção do galo. Pela cadência musical?
- Ok, vamos lá saber o que estas palavras querem dizer. – digo eu.
O nosso galo é bom cantor
É bom cantor
Tem boa voz
(O nosso galo é bom cantor porque tem boa voz.)
Mas veio um dia e não cantou
Outro e mais outro e não cantou
(o que é que aconteceu?
- Perdeu a voz. – diz um.
- Não quis mais cantar. – diz outro
O mais malandro, o David, sentado lá atrás passa o indicador esticado pela ao longo do pescoço em jeito de faca.
- Pois é. – digo eu - O dono matou-o e comeu-o. Esta canção é uma canção que fala de morte.
- iiiii, professora, morte não. – diz a Filipa, que anda no psicólogo desde os três anos de idade porque encontrou o avô morto no chão da sala.
- Filipa, eu também não gosto mas a morte faz parte da vida. As plantas, os animais nascem, vivem e morrem.
A Filipa conta o trágico acontecimento que a traumatizou. Momento difícil para uma miúda de seis anos que relembra aquele dia como se fosse ontem.
Cantamos a canção em vários andamentos. Mais depressa na primeira parte e em passadas lentas na segunda como se fossemos num funeral. Alguns só fazem de galo. Cantamos várias vezes.
Não creio ter banalizado a tristeza ou a dor de perder alguém mas apenas falar e pensar nela porque ela existe.
Leonoreta
8 Comments:
É um tema muito delicado, principalmente por causa dessa menina com vivências traumáticas mas falar das coisas abertamente faz bem.
Bom fds!
Um bom-fim de semana
beijinho
vitor
E que bem que sabes dar a volta a uma situação delicada.
Boa semana
Falar da morte nem sempre é fácil, mas cantar de galo, todos gostam.
Um beijo. Augusto
pedagógico. sem dúvida
querida__________Leonor
como era de esperar________desta a "volta" e muito bem
.pois_______a morte_______faz parte.tão.concreta.real__________e certa______na nossa vida
mas
aceitá-la_________é uma outra história. nada fácil
de transpor_______...
beijO_______C_____carinhO
E assim deves fazê-lo minha querida amiga. Pior seria se fizesses que a não ouvias como alguns adultos, em idêntica situação, costumam fazer.
E quanto ao galo, sempre adorei esta canção. Ah, minha professora querida. Se estivesses cá terias de ensinar a Maria.
Mil beijinhos
Integrando tudo. Sempre. Porque o que nos faz mal à psique é o que não conseguimos integrar. É isso!
:-)
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