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Mínimo sou, mas quando ao Nada empresto a minha elementar realidade, o Nada é só o Resto. Reinaldo Ferreira

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Dizem que sou como o sol mas com nuvens como na Cornualha

Friday, April 18, 2008

E bom tomar café

Numa das muitas vezes em que o corpo docente toma café na sala dos professores, meti-me na conversa de duas colegas minhas como é defeito do meu à vontade.

Falava-se de história de Portugal.
- Inês de Castro é a minha personagem histórica preferida. A história dela é a parte mais bonita da nossa história – disse uma colega.
Arrematei à queima - roupa.
- Mas isso foi tudo inventado por Camões. De facto o amor de Dom Pedro e Dona Inês não foi assim tão romântico.

Vi o espanto no seu estado puro nos olhos da minha colega.
- Não acredito! – disse ela, esperançada que eu dissesse que eu estava a mentir.
- É verdade! Camões estudou em Coimbra. Namorou muito na Fonte das Lágrimas. Tinha imaginação, sabedoria, e deu um toque de ficção à história. Penso que foi muito bem conseguido. Depois o povo adoptou o romance dos dois como verdade e passou-o à realidade mas todo aquele enredo não passa de uma lenda.

- Não acredito! – continuava ela, ouvindo-me desconfiada.

- É verdade. Nas Lendas e Narrativas de Alexandre Herculano, um grande historiador, muito honesto...tão honesto que foi excomungado pela Igreja por dizer que João das Regras falseou a subida ao trono de João I na crise da sucessão de 1385, Dom João que era um dos bastardos nascido de uma outra relação de Dom Pedro com outra mulher ao mesmo tempo que namorava Dona Inês… não se encontra nada relativo à veracidade dos factos dos dois amantes. – eu falava depressa, olhando-a na sua incredulidade, divertindo-me a provocar o fanico.
Provoquei uma ruptura de conhecimento. É bom tomar café com as colegas.

Leonoreta

9 Comments:

Blogger Zé-Viajante said...

E eu que pensava que Inês e Pedro eram os " amantes perfeitos ".
Afinal a História de Portugal que nos ensinaram é muito diferente do que sucedeu.
Abraços, leonor.

9:38 PM  
Blogger Zé-Viajante said...

This comment has been removed by the author.

9:42 PM  
Blogger Manuel Veiga said...

pois. nada como subverter as ideias feitas...

gostei

9:52 PM  
Blogger Mocho Falante said...

e lá se foi o romance para o maneta...outra personagem da nossa história com os franceses

beijocas

8:19 PM  
Blogger Isamar said...

Querida Leonor!

Pois é amiga,é o nosso romantismo a funcionar. E logo com Camões para quem o amor era fogo que ardia sem se ver. D.Pedro tinha um coração grande e, que saibamos, teve vários amores dos quais nasceram outros filhos além de D. Fernando.

Beijinhossss

11:17 PM  
Blogger Fragmentos Betty Martins said...

querida _______Leonor






.nada melhor que acreditar nas "lendas" puramente. sem procurar explicações



grandes decepções se tem______à conta de querer saber______um pouquinho mais



foi um desgosto____IMENSO____quando

quando tive conhecimento_____deste facto. e ainda para agravar a coisa________foi um professor francês______que me lançou para a realidade________deste "grande amor" fazendo-o duma forma tão cruel


o meu pequeno.mundo.imenso de.imaginação_______caiu aos meus pés_______(também só tinha 15 anitos)



passei a odiar aquele professor_________por ter dito a verdade:)))





beijO______C______carinhO

8:31 PM  
Anonymous Anonymous said...

Olá, Leonor!
A vida tem sempre dois percursos, a realidade e a ficção.
Por vezes é preferível a ficção à realidade,uma das formas de tornar a vida mais bela e atractiva e de contornar imagens negativas que a realidade teimosamente nos apresenta.

Abraço

10:51 AM  
Blogger luis manuel said...

Ai Leonor, Leonor...

Que bonita a lenda que vivemos...!
Narrada por Camões. Interpretada tantas e tantas vezes, até no local.
Sim, porque ver (e participar) numa representação no sítio (verdadeiro) da história é empolgante - eu, já o fiz !

Que maldade, quebrar a emoção do romance mais importante da nossa história. :)

Hoje que polulam pelas revistas, jornais, bocas de quem não sabe nada da vida, outros romances que até envergonham.

Na próxima vez, que tal beber o café...

"Que deve ser negro como o diabo, quente como o inferno, puro como um anjo, doce como o amor"

e repescar a história e sorrindo dar uma nova visão à colega ...?
Beijinhos e um abraço, em dia especialmente solidário, de esperança e memória.

1:23 PM  
Blogger éme. said...

Este relato é melhor que qualquer história de amores perfeitos! :)
aliás... desses que floresçam os canteiros!

Que malandrice, Leonor!! :)

11:51 PM  

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